A Délirus Entertainment Tempo Soluções em Informática), localizada em Campinas-SP, desenvolve projetos de alta tecnologia para produção de jogos eletrônicos no Brasil. Um deles refere-se à ferramenta denominada Game Engine que é utilizada para acelerar o desenvolvimento de jogos.
A Délirus Entertainment – Tempo Soluções em Informática, incubada na Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas-SP (Ciatec), desenvolve projetos de alta tecnologia para produção de jogos eletrônicos no Brasil. Um deles refere-se à ferramenta denominada Game Engine, que é um arcabouço de programação, acompanhado de um ambiente de desenvolvimento integrado, utilizado para acelerar o desenvolvimento de jogos, fornecendo, entre outras coisas, facilidades para programação de inteligência artificial e acesso à rede.
O objetivo principal desta Game Engine é possibilitar a convergência de diferentes plataformas através de rede sem fio, o que possibilitará maior flexibilidade e conforto para o jogador. Ou seja, o usuário, por exemplo, um estudante, poderá iniciar o jogo educativo na escola e continuar a estudar enquanto chega até a sua casa, através do celular. Ou ainda, o jogador poderá começar o jogo no console enquanto estiver em casa e continuar a pontuar e enfrentar missões enquanto vai para o trabalho, jogando no palm – computador de mão – durante a viagem de táxi.
Partindo do princípio de que os dispositivos são diferentes e podem oferecer jogabilidades diferentes, diversas fases do mesmo jogo poderão ser criadas através da Game Engine para um PC e outras para um celular, por exemplo. “Há também os jogos multiplayer híbridos, ou seja, o mesmo jogo roda no PC e no dispositivo móvel e estes aparelhos se comunicam permitindo uma partida multiplayer – com vários jogadores”, afirma Sérgio Jábali, gerente de desenvolvimento de Sistemas Distribuídos da Délirus.
A Game Engine também será responsável pela produção dos gráficos, efeitos de luz, movimentação e ambientação 3D do jogo eletrônico. A ferramenta é considerada fundamental para a produção de jogos em alta escala. Além do seu aspecto de inovação tecnológica, permitirá a redução no custo de produção dos games, que serão adaptados para cada plataforma alvo através de um processo mais barato e, conseqüentemente, mais competitivo. Segundo Rafael Nanya, responsável pelo desenvolvimento de aplicações móveis da Délirus, “hoje as melhores games-engines no mercado são importadas, e além do alto custo, nenhuma ainda foca a convergência PC-Celular”.
O projeto da Game Engine já tem sua funcionalidade demonstrada através da versão demo de um jogo multiplayer com gráficos 3D, jogado por diferentes usuários em um palm e um notebook ao mesmo tempo. Segundo projeções do ARC Group, agência americana especializada em pesquisas e análises sobre o mercado de tecnologia, o número de smartphones – celulares com mais qualidades – no mercado deverá ultrapassar os 100 milhões até 2009, sendo que grandes empresas como Intel e Microsoft já apostam na convergência de PCs e plataformas móveis. De olho no crescimento da importância dos jogos móveis enquanto serviço de valor agregado para a telefonia, a Délirus investe na convergência PC-Celular como estratégia de crescimento: “Hoje, desenvolver esta Game Engine é desenvolver tecnologia de base para a construção de games”, afirma Nanya.
Parceria entre universidade e empresa
A Game Engine é desenvolvida em parceria com a Intel Latin América e o Instituto de Computação da Unicamp (IC), cujos interesses estão no desenvolvimento de ferramentas e tecnologias para redes sem fio. De acordo com Ricardo Dahab, livre-docente do IC e coordenador do laboratório de mobilidade WCN (Wireless Competence Network) da Intel na Unicamp, onde está sendo desenvolvida a Game Engine, este projeto destaca-se por estar relacionado ao desenvolvendo de competência nacional e de infra-estrutura de software para a produção de jogos. “Essa Game Engine será importante para a comunidade desenvolvedora de jogos mais sofisticados”, diz Dahab.
O Laboratório da Intel na Unicamp possibilita pesquisa e desenvolvimento na área de mobilidade e estreita o relacionamento entre universidade e empresa. A parceria entre o IC e a Intel possibilitou a implantação do laboratório WCN, onde hoje são desenvolvidos projetos de alta tecnologia com o objetivo de acelerar a adoção de soluções móveis no Brasil. As linhas de pesquisa e desenvolvimento com projetos em andamento no laboratório são redes de acesso sem fio, otimização de códigos e aplicações de segurança.
Um dos objetivos do laboratório, de acordo com Dahab, é dar suporte ao ensino e à pesquisa. O IC ainda não possui disciplinas voltadas especificamente para essas áreas, mas devido às pesquisas desenvolvidas no laboratório e visando criar profissionais aptos a trabalhar com as mais novas tecnologias, os professores têm a intenção de incluir algumas matérias no currículo escolar. “Muitas vezes, conhecendo os laboratórios e as ferramentas ali disponibilizadas, os alunos despertam para pesquisas”, afirma Dahab.
A segunda vertente trabalhada pelo WCN visa o desenvolvimento de novos negócios. Neste caso, a Intel procura por empresas que tenham interesse em desenvolver soluções e produtos otimizados para a sua arquitetura, como a Délirus. Assim, além da infra-estrutura e da vantagem da criação de mão de obra qualificada, a parceria da Intel com a Unicamp possibilita que pequenas empresas locais utilizem os laboratórios na universidade e tenham total acesso à tecnologia de ponta desenvolvida pela empresa, tudo sem custo e antes mesmo dos produtos estarem no mercado.
Outras iniciativas são os projetos desenvolvidos nesse laboratório que são financiados por entidades de fomento à pesquisa, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que co-patrocina a produção da Game Engine. Mas mesmo nesses casos, a Intel colabora com financiamentos, recursos humanos, equipamentos, informação e infra-estrutura. “Com a excelência das instituições envolvidas nos projetos no laboratório, teremos uma pesquisa acadêmica em mobilidade ligada às necessidades do mercado, o que vai gerar retorno para o país e para os desenvolvedores locais”, afirma Américo Tomé, gerente do laboratório da Intel WCN. As tecnologias desenvolvidas no WCN são baseadas em padrões internacionais, aumentando as chances de crescimento das empresas e as possibilidades de inovação.