A própolis das abelhas Apis mellifera pode ter diferentes ações antimicrobianas dependendo do local onde é produzida. Essa foi a conclusão de um trabalho realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu (SP) que analisaram a substância coletada em três regiões brasileiras: Mossoró (RN), Botucatu (SP) e Urubici (SC). “Este trabalho tem como perspectiva a sugestão de uma espécie de mapeamento, ou algo que mostre a possibilidade de termos no Brasil própolis com ação antimicrobiana distintas”, afirma Ary Fernandes Junior, um dos pesquisadores envolvidos neste estudo.
A própolis das abelhas Apis mellifera pode ter diferentes ações antimicrobianas dependendo do local onde é produzida. Essa foi a conclusão de um trabalho realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu (SP) que analisaram a substância coletada em três regiões brasileiras: Mossoró (RN), Botucatu (SP) e Urubici (SC). “Este trabalho tem como perspectiva a sugestão de uma espécie de mapeamento, ou algo que mostre a possibilidade de termos no Brasil própolis com ação antimicrobiana distintas”, afirma Ary Fernandes Junior, um dos pesquisadores envolvidos neste estudo.
De acordo com Fernandes, procurou-se selecionar regiões para coleta das amostras de própolis que apresentassem vegetações bem diferentes: a de semi-árido no Nordeste, a flora peculiar das florestas de pinheiros no Sul do Brasil e o cerrado na região Sudeste.
Foi estudada a atividade da própolis sobre linhagens das bactérias Staphylococcus aureus, que causa furúnculos, infecção das vias respiratórias e infecção generalizada, Escherichia coli, que causa diarréia e infecção no trato urinário, Enterococcus sp, causadora de infecções urinárias e dor abdominal, Pseudomonas aeruginosa, que causa infecção generalizada e pneumonia, e Candida albicans, responsável por infecção vaginal e sapinho (aparecimento de microorganismo na mucosa da boca). A própolis de Botucatu, no Sudeste, se mostrou mais eficaz sobre S. aureus, Enterococcus sp e C. albicans. Já a de Urubici, no Sul, se mostrou mais eficiente em relação à E. coli, e a de Mossoró, no Nordeste, para a P. aeruginosa.
A própolis é elaborada pelas abelhas misturando cera e resina coletada das plantas. É utilizada para fechar frestas na colméia, para a limpeza da colônia e para mumificar cadáveres de insetos. Além disso, possui propriedades bactericidas e fungicidas e é utilizada nas indústrias de cosméticos e farmacêutica. “A literatura científica aponta inúmeras propriedades biológicas da própolis, em especial devido à presença dos flavonóides [compostos naturais com propriedades antioxidantes e antiinflamatórias]”, afirma Fernandes. “Esses estudos devem continuar, não esquecendo os testes in vivo, pois mesmos os compostos ditos naturais devem ser utilizados com critérios rígidos, para não colocar em risco a saúde da população”, completa.
O Brasil está entre os maiores produtores de própolis do mundo e cerca de 75% desta produção é exportada, sendo o Japão o principal comprador. Na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não consta o registro de nenhum medicamento contendo a própolis como princípio ativo, apesar da Agência ter uma norma técnica para registro de produtos com essa substância. “As empresas devem fazer análises físico-químicas visando a padronização da própolis como matéria-prima. Esta espécie de padronização poderia ser feita misturando amostras de própolis de regiões distintas”, sugere Fernandes.
A grande quantidade de produtos no mercado contendo própolis não compromete a eficácia da substância, segundo o pesquisador. Porém, ele alerta: “Os órgãos governamentais competentes devem estar atentos, pois a falta de conhecimento formal ou de cuidado na aquisição da própolis por parte dos empresários pode desencadear o fracasso, perante a população, de todo o trabalho realizado por pesquisadores que visam dar a este produto o devido valor de destaque na chamada medicina popular”.