A Finep e o governo do estado de São Paulo estão investindo cerca de cinco milhões de reais em um projeto para fortalecer os sistemas de ciência, tecnologia e inovação. A iniciativa é coordenada pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico e pela Fapesp.
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o governo do Estado estão investindo cerca de cinco milhões de reais no projeto “Estratégia para Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo: Universidades, Institutos de Pesquisa e Empresas”, coordenado pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico e pela Fapesp. O projeto foi aprovado no edital “Projetos Estruturantes” da Finep, cujo objetivo é fortalecer os sistemas de ciência, tecnologia e inovação.
O projeto, iniciado em março deste ano, é dividido em quatro subprojetos e possui caráter “estruturante”. “Os temas são importantes para pensarmos o desenvolvimento do sistema paulista de inovação”, explica Sérgio Queiroz do Instituto de Geociências da Unicamp e um dos coordenadores do projeto.
O primeiro subprojeto é o Plano Diretor para o Ensino Público Superior no Estado, que pretende estabelecer metas e meios para que o sistema público possa ampliar sua participação no conjunto das vagas disponíveis no estado, estudando também sua diversificação. “O desafio é fazer essa expansão com qualidade. É necessário planejamento eficiente. Temos metas voltadas para o ano de 2020”, avalia Queiroz.
Outro subprojeto trata do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, visando coordenar a implantação de cinco parques no estado, para alavancar regiões que já são centros de inovação: Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos, São José dos Campos e São Paulo. Cada um dos parques terá sua área específica de atuação, determinada a partir da vocação local e articulada dentro do conjunto do sistema.
O terceiro subprojeto, sob coordenação de Roberto Lotufo, diretor da Agência de Inovação da Unicamp (Inova), trata da definição de estratégia para cooperação público-privada em licenciamento de tecnologia em universidades e institutos de pesquisa. “O objetivo é desenvolver a capacidade de lidar com as questões relacionadas à propriedade intelectual e transferência de tecnologia”, afirma Queiroz.
Por fim, há o subprojeto que trata da promoção dos investimentos diretos estrangeiros em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), sob coordenação de Queiroz. Um dos propósitos é buscar estratégias para atrair centros de P&D de empresas estrangeiras para o estado. O subprojeto ainda desenvolve uma metodologia de prospecção, que orienta o setor público sobre a atração de atividades científicas e tecnológicas para São Paulo.
Atrair investimentos deve ser política de estado
O subprojeto de atração de IDE (Investimentos Diretos Estrangeiros) é uma grande oportunidade no cenário internacional. Empresas internacionais e que investem fortemente em tecnologia, estão estruturando suas atividades no sentido de criar redes internacionais de P&D, “Essa rede vai se concentrar em alguns países, hoje está na China e na Índia. Por que o Brasil não pode ter uma posição nessa situação, a partir de políticas apropriadas?”, argumenta Sérgio Queiroz, coordenador do projeto.
Por outro lado, as empresas multinacionais estão solidamente consolidadas no Brasil, então convencê-las a criar ou ampliar seus departamentos de P&D é mais fácil para o Brasil. Este é um foco natural no cenário brasileiro. “Algumas empresas não fazem tecnologia, mas devem fazer. O projeto é estímulo às atividades tecnológicas, de modo geral. Além disso, o projeto também quer desenvolver uma metodologia para trazer empresas que ainda não estão no Brasil. Para as empresas, é preciso mão-de-obra qualificada e aí entra o Plano Diretor”, afirma Queiroz.
O IDE resulta numa atividade permanente do estado. Há um conselho técnico científico, formado por representantes de universidades, para garantir que a política não seja apenas de governo, isto é, que haja continuidade institucional.
O projeto desenvolve e aplica metodologia para atração de investimentos, explicitando como o governo pode atuar junto às empresas. Sua atuação é ampla, estudando políticas públicas que favoreçam investimentos. Há um conjunto de ações de políticas públicas mais gerais, como o Plano Diretor. E também ações mais específicas, voltadas para empresas que já são alvos precisos. “Por isso é que eu chamo de política de ação de atacado e varejo”, explica Queiroz.
O projeto trabalha com três frentes de ação: políticas, isto é, entender o que os concorrentes do Brasil estão fazendo, por meio de análise comparativa, empresas, buscando a lógica de localização e investimento das empresas, ou seja, quais são os fatores motivadores, e indicadores,metodologia para atração de investimentos, que será aplicada e sinalizará como o governo deve atuar para atrair as empresas. Haverá trabalho de campo em algumas empresas selecionadas por meio de questionário eletrônico, a fim de trazer estatísticas para um trabalho mais qualitativo. Todos os dados são sigilosos e serão divulgados estatisticamente.
Já há resultados iniciais: países bem sucedidos têm políticas seletivas, contínuas, infra-estrutura de C&T, investimentos em RH, ambiente regulatório amigável e adequado, estrutura governamental e continuidade institucional. O Brasil está no caminho certo, mas precisa articular agentes e ações, para a eficiência do Sistema Paulista de Inovação.