A psicóloga Arlete Portella Fontes investigou o comportamento de líderes de equipes de manutenção de rede elétrica e concluiu que os profissionais mais velhos são mais eficazes na hora de enfrentar situações de estresse no trabalho. Na opinião dela, tanto profissionais como a empresa tem responsabilidade para diminuir a carga de estresse no âmbito do trabalho.
Como as pessoas enfrentam situações de estresse no campo profissional? Como os profissionais podem “envelhecer bem” dentro do ambiente de trabalho? Uma pesquisa concluída em maio pela psicóloga clínica e organizacional Arlete Portella Fontes tenta responder a essas perguntas. Os estudos dela apontam que as pessoas mais maduras são mais eficazes na hora de resolver situações de estresse no trabalho. Porém, a empresa tem papel relevante para diminuir os fatores que causam estresse (ou estressores).
Conforme as conclusões de Fontes, quanto mais velho o líder de uma equipe, mais capacidade para resolver os problemas, mesmo quando a situação mostrava-se estressante. A essa capacidade de lidar bem com situações de estresse a pesquisadora denominou auto-eficácia. Ela alerta, todavia, que a constatação de que as pessoas mais velhas pesquisadas têm se mostrado mais eficientes em situações de estresse não deve ser generalizada para a afirmação de que todas as pessoas maduras são mais eficazes que as demais.
Para realizar a pesquisa, Fontes analisou questionários respondidos por 71 líderes de equipes de serviço de rede de uma empresa de energia elétrica. Ela explica que escolheu esse tipo de profissional para entrevistar, porque a função exercida oferece risco de vida constante, o que acarreta em um inerente estresse de trabalho. A idade dos profissionais entrevistados variou entre 29 e 50 anos.
Fontes identificou ainda os três maiores causadores de estresse na amostra: fatores ligados à execução das tarefas, fatores de gerenciamento e organizacionais. O primeiro refere-se à rotina de exposição ao risco de vida enfrentado por esses profissionais que trabalham em cima de postes e próximos à fiação elétrica. O problema do gerenciamento refere-se à necessidade de os líderes de equipe contornarem problemas de relacionamento dentro do grupo de trabalho. Já os fatores organizacionais referem-se a aspectos como a política da empresa.
A pesquisadora explica que o estresse no trabalho surge quando há um desequilíbrio entre as exigências feitas ao trabalhador e as suas recompensas. Dessa forma, as empresas devem tomar providências no sentido de diminuir as situações de estresse. Para Fontes, é necessário adotar políticas que incentivem o profissional. “O trabalhador precisa ter estímulo e reconhecimento. São necessárias ações concretas que valorizem o esforço do profissional”, orienta.
Autoconfiança e habilidades técnicas para evitar estresse
Fontes acredita que pessoas confiantes na própria competência para resolver problemas, lidam melhor com situações estressantes. A capacidade técnica do profissional é outro fator que ajuda a enfrentar o causador do estresse. “Crença aliada ao conhecimento são aspectos importantes contra os estressores. De que adianta a vontade de resolver um problema se eu não tenho conhecimento técnico para isso?” questiona ela.
Ainda no que se refere ao papel do profissional, cada induvíduo tem habilidades auto-reguladoras, como automotivação, capacidade de estabelecer objetivos e tomar decisões que auxiliam no enfrentamento do estresse no trabalho. Dessa forma, o profissional precisa aprender a lidar com as próprias habilidades e, assim, encarar melhor as situações de estresse. A pesquisa concluída por Fontes faz parte da dissertação de mestrado apresentada por ela, em maio, à Faculdade de Educação da Unicamp. O título do trabalho é: “O enfrentamento do estresse no trabalho na idade adulta”.