Professores da rede pública aprendem a usar robôs em práticas de ensino

Os professores da rede municipal de Hortolândia (SP) participaram nos dias 02 e 03 de fevereiro de uma jornada pedagógica cultural em busca de novas práticas de ensino. Pesquisadores da Unicamp levaram aos professores cursos nos quais era possível aprender desde a montagem de jogos educativos para o ensino de matemática até a montar e programar pequenos robôs a partir de blocos de montagem Lego e linguagens de programação especiais para o aplicação pedagógica.

Os professores da rede municipal de ensino de Hortolândia (SP) participaram nos dias 02 e 03 de fevereiro de uma jornada pedagógica cultural em busca de novas práticas de ensino. Pesquisadores da Unicamp levaram aos professores cursos, nos quais era possível aprender desde a montagem de jogos educativos para o ensino de matemática até a montar e programar pequenos robôs a partir de blocos de montagem Lego e linguagens de programação especiais para aplicação pedagógica.

João Vilhete, coordenador do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED) da Unicamp, ofereceu uma oficina de montagem de dispositivos robóticos, onde apresentou aos professores a linguagem de programação Logo, criada pelo Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), e o LogoLab, um programa que interage com os tijolos Lego.

João Vilhete, da Unicamp, apresenta aos professores tecnologia aplicada ao ensino
Foto: Vanessa Sensato

 

A linguagem de programação Logo permite que alunos desenhem e escrevam através de comandos para um cursor gráfico, que é representado por uma tartaruga no monitor do computador. Ou seja, para se fazer desenhos basta movimentar a tartaruga na tela acionando quatro comandos básicos: para frente (PF), para trás (PT), para direita (PD) e para a esquerda (PE). O diferencial de sua aplicação pedagógica é, segundo o pesquisador, a construção do conhecimento pelo aluno. “A partir do uso da linguagem Logo, o aluno tem a chance de construir seu conhecimento traçando, por exemplo, figuras geométricas através de comandos”, explica Vilhete.

Na oficina voltada para os professores, o pesquisador usou um computador com o programa Logo e um kit Lego, com blocos de montagem um pouco diferenciados do Lego convencional, que os tornam passíveis de controle, além de haver a possibilidade de se conectar a eles um motor, luzes e sensores. “Para o aluno, a brincadeira é a mesma, mas o comportamento do robô depende do programa e dos comandos escolhidos por ele”, avalia o pesquisador.

Os professores de Hortolândia aprenderam a programar os comandos e, em seguida, tiveram a possibilidade de montar seu próprio robô e verificar sua programação, que é feita não em linhas de comandos, mas em objetos, uma vez que os componentes do Robolab (motor, snsor,luz) podem ser controlados via computador. Na programação no Robolab esses objetos são selecionados e conectados seguindo uma determinada lógica, em função do comportamento desejado para o funcionamento do robô. “A lógica é a mesma”, afirma Vilhete. “A importância é fazer os alunos pensarem no contexto de solucionar o problema”.

Mãos acostumadas com o giz experimentam a montagem de robô. Foto: Vanessa Sensato

Segundo o pesquisador, o uso da automação no contexto educativo pode ser uma forma de aprender conceitos em diferentes áreas do conhecimento. “A montagem de um robô em Lego inclui a apresentação de princípios mecânicos básicos que fazem parte do nosso dia a dia, e envolve conceitos científicos de física, matemática, eletrônica história e geografia”, afirma Vilhete. O pesquisador destaca que no caso da história, por exemplo, é possível se pensar na história do próprio motor ou na do mecanismo que está sendo montado, se esse mecanismo já foi utilizado em algum outro lugar geográfico, e que conceitos científicos estão presentes nesse mecanismo, ou envolvem o seu funcionamento. Isso tudo levando a um aprendizado contextualizado. “Fazendo o aluno entender o porquê das coisas”, completa Vilhete.

Robô montado e o aparato para controlá-lo
Foto: Vanessa Sensato

As dificuldades da aplicação do curso, entretanto, estão não só na falta de intimidade dos professores com a programação, mas também com o desconhecimento de possibilidades gráficas e do uso do computador. Mas segundo Cíntia de Oliveira, coordenadora da escola Jardim Santa Emília, e participante do curso, a jornada é muito importante para a troca de informações com outros professores. “A jornada acrescenta muito, você aprende o tempo todo”, avalia.

Para Vilhete, a informática aplicada à educação pode trazer muitos benefícios. “Para se tornar esse uso possível, só é preciso que as escolas tenham os kits e profissionais formados, que saibam operar o programa, além de vontade política, é claro”, resume o pesquisador. O kit custa a partir de dois mil reais e pode ser usado no aprendizado de crianças acima de quatro anos de idade.