Pesquisador cria “Enade” sobre percepção ambiental

Criar um banco de dados que ajude a desenvolver programas específicos em educação ambiental. Esse é o objetivo do “Enade” Ambiental – uma alusão ao Exame Nacional de Desempenho Estudantil – idealizado pelo professor e pesquisador Roosevelt Fernandes, do Núcleo de Percepção Ambiental de uma faculdade particular de Vitória (ES).

Criar um banco de dados que ajude a desenvolver programas específicos em educação ambiental. Esse é o objetivo do “Enade” Ambiental – uma alusão ao Exame Nacional de Desempenho Estudantil – idealizado pelo professor e pesquisador Roosevelt Fernandes, do Núcleo de Percepção Ambiental (Nepa) da Faculdade Brasileira Univix, instituição particular de ensino de Vitória (ES). O trabalho de percepção, que começou nos cursos de administração e engenharia da própria faculdade e já conta com a adesão de outras instituições da capital capixaba, foi aplicado também com alunos do ensino médio de escolas públicas e privadas do Espírito Santo e no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) do Rio de Janeiro.

“A pesquisa é uma forma de identificar as dicotomias existentes nos discursos de professores e alunos do ensino médio, regular e técnico, além do ensino superior, e assim, poder avaliar e adequar o currículo das atividades relacionadas à educação ambiental nessas instituições”, afirma Fernandes. Para o pesquisador, a importância de se criar um método de avaliação padronizado, inserido em uma plataforma de banco de dados acessível a todos os interessados, é validar (ou não) as ações na área ambiental e criar soluções e adaptações para melhorar esse desempenho. Apesar de ser um projeto que começou em um âmbito bastante restrito, sua ampliação, a princípio, para a rede de escolas públicas, depois, para os alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), e na seqüência, para uma instituição federal de outro estado, aumentaram o escopo da pesquisa. A longo prazo, a idéia é ampliar a área de cobertura do estudo até chegar ao âmbito nacional.

Apesar de a avaliação do conhecimento ambiental já estar incorporada ao Enade do governo federal, Fernandes salienta que a avaliação desenvolvida pelo Nepa é mais ampla. “São 25 pontos que vislumbram questões desde os assuntos abordados em classe, através da educação formal, educação informal, leitura e acompanhamento de questões ambientais na mídia, até o envolvimento pessoal dos alunos com ações efetivas ou ONGs”, explica. A aproximação das instituições de ensino com questões no seu entorno, com iniciativas para identificar e agir para resolver problemas relacionados com o meio ambiente no bairro, cidade ou região onde estão localizadas, é outro foco abordado na pesquisa.

Fernandes, que foi durante anos responsável por financiar e contratar programas de educação ambiental desenvolvidos por ONGs parceiras para empresas como Aracruz e Vale, diz que durante sua carreira na iniciativa privada, notou um excesso de projetos na área que careciam de metodologias de avaliação. Quando montou o Nepa junto ao curso de engenharia de produção da Univix, em 2002, seu objetivo era sensibilizar os alunos para desenvolver projetos que, desde o início, levassem em conta a questão ambiental. “No caso de engenharia de produção, a idéia era formar gestores sensíveis a uma cadeia mais ecológica no desenvolvimento de projetos”, conta. Entretanto, afirma, alunos de todos os cursos têm que desenvolver essa sensibilidade, por uma questão de cidadania e para poder levar adiante, em suas vivências profissionais, uma visão ampla de meio ambiente. “Temos que pensar que uma ‘economia verde’ é possível”, completa. Para acompanhar esse desenvolvimento, Fernandes sugere a aplicação do questionário junto aos alunos ingressantes e do último ano dos cursos inscritos para participar do projeto – metodologia similar à do Enade, para avaliação do ensino.

Além das escolas e universidades já envolvidas, o “Enade” Ambiental também aplicou o questionário, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), junto aos delegados presentes na II Conferência Nacional Infanto-Juvenil, ocorrida em maio de 2008 em Brasília, e também promove um estudo comparativo com estudantes e professores portugueses, através de convênio com a Associação Portuguesa de Educação Ambiental (Aspea). A aplicação da pesquisa não é compulsória e as escolas interessadas devem se cadastrar. “Estamos tentando desenvolver um instrumento que possa avaliar e comparar as ações na área ambiental e indicar, de alguma maneira, o rumo que essas ações vão tomar nos próximos anos para melhorar a qualidade de vida da sociedade”, finaliza Fernandes.