Grupo teatral especializado em temas científicos inicia temporada em SP

Neste mês, o grupo teatral Arte Ciência no Palco apresenta, no auditório da PUC-SP, três peças que têm como tema os conflitos éticos, dramas e questões relacionadas com a ciência. O grupo comemora dez anos de existência reencenando as peças “E agora Sr. Feynman?”, “After Darwin” e “A dança do universo”.

Durante o mês agosto o grupo teatral Arte e Ciência no Palco (ACP)apresenta no auditório da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo três peças que têm como tema os conflitos éticos, dramas e questões relacionadas com a ciência. O grupo, formado em 1998 por Carlos Palma e Adriana Carui, comemora dez anos de existência reencenando as peças “E agora Sr. Feynman?”, “After Darwin” e “A dança do universo”.

“O teatro discute sobre o ser humano; quando olhamos para as estrelas ou para um átomo, estamos procurando nosso lugar no universo como seres humanos” afirma Oswaldo Mendes, integrante do grupo (e autor de “Dança do Universo”). Para ele, a ciência é visivelmente um elo de união entre as pessoas “O ser humano se reconhece, entre outras coisas, pelo conhecimento e a ciência é uma língua praticamente universal”.

Em “E agora Sr. Feynman?”, o físico e ganhador do Prêmio Nobel Richard Feynman está à espera de uma iminente cirurgia de emergência para tentar conter o avanço de um câncer que o consome, quando recebe a visita de uma aluna de física e passa a refletir sobre sua vida e seu amor à ciência. “After Darwin” retrata um diálogo imaginário que poderia ocorrer entre o jovem Charles Darwin e o capitão do navio Beagle, Robert Fitzroy. O naturalista, na peça, é posto em choque com as visões criacionistas personificadas por Fitzroy. Já em a “Dança do Universo”, inspirado no livro do físico Marcelo Gleiser, Isaac Newton, Johannes Kepler, Galileu, Santo Agostinho, Lucrécio, Einstein e Mário Schenberg dividem, além do palco, as preocupações e conflitos internos pelas quais todas as pessoas (cientistas ou não) se deparam pela vida.

Atualmente, o Arte e Ciência no Palco conseguiu uma parceria com o Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da PUC (campus Consolação, onde ocorrem os espetáculos). “Até então, ao contrário de outros grupos, éramos um grupo de teatro independente. Agora somos vinculados a uma instituição de pesquisa e uma nova fase se inicia”, finaliza Mendes.

O grupo também promove palestras e faz apresentações especiais para grupos e escolas. Em uma década de atuação, o ACP contabiliza um público de cerca de 30 mil estudantes nas redes públicas de São Paulo e do Rio de Janeiro, somados aos quase 700 mil espectadores que assistiram às nove montagens já encenadas.

Softwares ajudam deficientes visuais a navegar na Internet

São vários os programas de computadores desenvolvidos para que os deficientes visuais também façam parte do mundo digital. O mais recente deles é o serviço online WebAnywhere, desenvolvido na Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

Inclusão digital é a democratização do acesso às tecnologias da informação, de modo a permitir a inserção de todos na sociedade de informação – até mesmo deficientes visuais. São vários os programas de computadores desenvolvidos para que os deficientes visuais também façam parte do mundo digital. O mais recente deles é o serviço online WebAnywhere, desenvolvido na Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

Um dos maiores empecilhos encontrados por deficientes visuais é a falta de mobilidade. Geralmente, os programas especiais de leitura de tela voltados para esse tipo de usuário são instalados apenas em seus computadores pessoais, o que dificulta a utilização de computadores em bibliotecas, universidades ou cyber cafés, por exemplo. O WebAnywhere permite que deficientes visuais naveguem pela internet com total mobilidade, utilizando qualquer computador em qualquer lugar – como aponta o próprio nome da ferramenta, cuja tradução literal é “web em qualquer lugar”.

O programa não precisa ser instalado no computador antes de ser usado, como os leitores de tela existentes hoje. A ferramenta é baseada na web, não precisando ser baixada ou instalada: o WebAnywhere acessa o texto em um servidor externo e envia o arquivo de audio para tocar no navegador do usuário. Desta forma, a leitura do texto em voz alta pode ser feita em qualquer computador dotado de alto-falantes ou de fone de ouvidos. Assim, onde quer que o deficiente visual esteja, basta acessar a página da internet, ouvir as instruções de uso, e então navegar pela web, e o programa fará a leitura dos outros sites acessados. A ferramenta, que ainda está sendo testada em versão alpha, é gratuita e pode ser utilizada através do endereço http://webanywhere.cs.washington.edu/wa.php.

“A importância de ferramentas deste tipo é levar educação, cultura, socialização e trabalho a essa fatia da população. Afinal, quem vive sem computador hoje em dia?”, aponta Neno Albernaz, pesquisador do Centro de Apoio Educacional ao Cego, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Albernaz é deficiente visual e um dos desenvolvedores do programa DOSVOX, dedicado aos deficientes visuais. Além da leitura de tela, o DOSVOX, desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ, permite que os deficientes visuais realizem sem esforço tarefas no computador como copiar, mover ou renomear arquivos, entre outras operações. O DOSVOX é um sistema gratuito e também está disponível na internet em http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/download.htm.

Os leitores de tela para deficientes visuais, anteriores ao WebAnywhere, fazem a leitura das informações de um site através do código que o produziu (ou seja, as informações lidas não são exatamente as que aparecem na tela). Se o código da página for aberto e dentro dos padrões web, o máximo possível de informações poderá ser sonorizado e as funções existentes na página poderão ser executadas pelo teclado. Assim, tarefas como enviar um e-mail, visitar um link, pesquisar uma palavra ou preencher um formulário podem ser executadas através desses softwares, e com a navegação via teclado.

Segundo Albernaz, programas deste tipo contribuem não apenas para a inclusão digital, mas especialmente para a inclusão social dos deficientes visuais. “O material em Braille é escasso, além de que poucos não deficientes sabem ler Braille”, aponta o pesquisador. E continua: “Com o auxílio do computador, o deficiente visual pode ler e ser lido, pesquisar na internet, socializar-se através de listas de discussão, MSN, Skype… Enfim, tirar proveito de todos os recursos, benefícios e serviços que o computador possibilita”.

Novo processo de produção é arma contra a malária

Artemisinina, que é uma matéria-prima para fabricar medicamentos contra a malária, poderá ser obtida por processos similares aos de produção do álcool, isto é, através de bioreatores de fermentação. A idéia é produzí-la em larga escala para ajudar a resolver o problema da malária que aflige milhões de pessoas em todo mundo.

A novidade é o uso de bioreatores gigantes que produzirão um precursor, o ácido artemísico, que é depois transformado em artemisinina, em escala industrial. O processo de fabricação dessa matéria-prima, que é análogo ao descrito em um artigo da Nature de 2006,usa um fermento geneticamente modificado, isto é, com uma inserção de genes.

Segundo a química do CPQBA da Unicamp, Mary Ann Foglio, o uso desse processo de fermentação, que usa o microorganismo Sacaromises serevises genéticamente modificado, “pode ser uma ótima idéia”, mas ainda não está bem estabelecido. O pulo-do-gato seria a obtenção de um medicamento à base dos derivados da artemisinina, numa dose única via oral. Isso porque a maior porcentagem de indivíduos infectados pelo agente causador da malária, o protozoário Plasmodium vivax ou P. falciparum, encontra-se em regiões tropicais de difícil acesso, o que exige que o medicamento, por muitas vezes, leve dias para chegar ao destino.

Foglio destaca que a artemisinina hoje já pode ser produzida, no Brasil, com 98% de pureza, a um custo de aproximadamente um dólar por grama. Nessa avaliação de custo, segundo a pesquisadora, já estão incluídos os gastos que se iniciam com o cultivo da planta, uma vez que o processo se baseia na extração dessa substância a partir das folhas (as flores não contem artemisinina) de uma planta de origem chinesa chamada Artemesia annua L. ”A idéia de se usar esse processo fermentativo é ótima, desde que realmente se consiga que o custo global seja inferior aos preços observados para o isolamento do composto diretamente da planta, que é de dois dólares o grama do produto final”.

O procedimento brasileiro, segundo Foglio, é um processo barato e ecologicamente viável. A equipe, por exemplo, já comprovou que o resíduo da extração da artemisinina apresenta inibição de lesões ulcerativas quando avaliado em modelos experimentais em animais. A cada 100 quilos de planta seca é produzido um quilo de artemisinina, uma quantidade suficiente para os casos de malária mais graves causados pelo Plasmodium falciparum do Brasil, sem levar em conta os outros produtos que também apresentem atividade medicinal. Além disso, os projetos que se desenvolvem dentro da universidade permitem capacitar recursos humanos em todos os níveis para trabalhar nessa área.

Tecnicamente, medicamento é diferente de remédio. Um remédio não tem parâmetros confirmados, mas um medicamento precisa de um controle de qualidade capaz de assegurar ao consumidor que o produto tem eficácia, isto é, tem o efeito desejado, é seguro e que todas as unidades são rigorosamente iguais.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 99,9% dos casos de malária se concentram na Amazônica legal e as ações desenvolvidas em todas as esferas governamentais têm conseguido que os [casos >http://189.28.128.100/portal/aplicacoes/noticias/noticias_detalhe.cfm?co_seq_noticia=51337]sejam reduzidos.

A prevenção da doença começa com o uso de telas nas portas e nas janelas das casas. No período noturno, o mosquiteiro é indicado, ou ainda, o uso dos repelentes de insetos, porque, durante o sono, o mosquito transmissor do protozoário ataca sem ser afastado pelo homem. Já no dia-a-dia, recomenda-se o uso de roupas que protejam pernas e braços. Assim como no caso da dengue, para a malária também existem medidas de prevenção coletiva. Estas medidas visam à eliminação dos criadouros do vetor através de saneamento e gestão do lixo.

Saiba mais: http://www.independent.co.uk/life-style/health-and-wellbeing/health-news/malaria-a-miracle-in-the-making-offers-hope-to-millions-worldwide-839604.html http://discovermagazine.com/2006/dec/cover