Análise simplista do turismo sexual deve ser revista

A análise do turismo sexual na maioria vezes é feita a partir da dicotomia entre vítima (a mulher) e vitimizador (o turista estrangeiro), ficando a mulher numa posição subalterna, sem nenhum controle sobre sua própria vida e destino. Porém, o estudo “Nossa Senhora da Help: sexo, turismo e deslocamento transnacional em Copacabana”, presente na última edição semestral da revista Cadernos Pagu, coloca em xeque essa dicotomia, que tem gerado políticas públicas no combate do turismo sexual, sinalizando que as garotas de programa de Copacabana agem racionalmente e vêem nessa prática uma chance de ascensão profissional e pessoal. Os pesquisadores procuram mostrar a complexidade de valores e sentimentos existentes no universo da prostituição, destacar a dificuldade em diferenciar o turista “sexual” do turista tido como “normal”, e apontar a incapacidade da legislação brasileira de lidar com o tema.

A análise do turismo sexual na maioria vezes é feita a partir da dicotomia entre vítima (a mulher) e vitimizador (o turista estrangeiro), ficando a mulher numa posição subalterna, sem nenhum controle sobre sua própria vida e destino. Porém, o estudo “Nossa Senhora da Help: sexo, turismo e deslocamento transnacional em Copacabana”, presente na última edição semestral da revista Cadernos Pagu, coloca em xeque essa dicotomia, que tem gerado políticas públicas no combate do turismo sexual, sinalizando que as garotas de programa de Copacabana agem racionalmente e vêem nessa prática uma chance de ascensão profissional e pessoal. Os pesquisadores procuram mostrar a complexidade de valores e sentimentos existentes no universo da prostituição, destacar a dificuldade em diferenciar o turista “sexual” do turista tido como “normal”, e apontar a incapacidade da legislação brasileira de lidar com o tema.

O estudo de Ana Paula da Silva e Thaddeus Blanchette, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), focalizou a praia de Copacabana, caracterizada pela presença de estrangeiros e prostitutas. Analisando depoimentos de estrangeiros, os pesquisadores notaram uma definição idealizada da cidade por parte dos turistas, na qual ela é vista como um “campo de diversões sexuais”, em que as mulheres se apresentam sexualmente disponíveis, bonitas e exóticas. A definição contextualiza a busca de relacionamentos sexuais e afetivos com as brasileiras, também vistas como mulheres totalmente diferentes daqueles de seus países de origem.

Blanchette fala da dificuldade de conseguir números referentes ao turismo sexual já que é impossível contar turistas sexuais sem fazer uma determinação a priori sobre quem é considerado ou não turista sexual. “Quase nenhum turista aceita esse rótulo de “turista sexual. Então deve-se ter muito cuidado com estatísticas referentes ao turismo sexual, principalmente dados que se referem a identificação de quem é ou não esse tipo de turista, a menos que seja demonstrada claramente a metodologia utilizada para informar os dados estatísticos”, alerta o pesquisador.

Ao comparar o comportamento dos turistas tidos como “normais” com o dos turistas sexuais, Blachette concluiu que mesmo os primeiros tinham geralmente um comportamento sexual acentuado. “A visão que os dois grupos têm da mulher brasileira é funcionalmente igual, e tanto turistas ’normais’, quanto supostos turistas sexuais esperavam ter uma vida sexualmente ativa no Brasil”, relata o pesquisador. A diferença, segundo Blanchette, é que o primeiro grupo tinha uma inserção social na vida carioca e familiaridade com o idioma português, enquanto o segundo grupo estava “perdido na cidade”, sem dispor de interlocutores nativos além do nível do guia turístico paga. “O comportamento do turista sexual no Rio de Janeiro não é uma função de um turismo moralmente distinto do suposto turismo normal, e sim uma função relacionada a uma falta de inserção nas rotas sociais e sexuais, não comerciais, da cidade”, diz.

As diferentes definições sobre turismo sexual, como a apresentada pelo campo legal-jurídico ou pelo senso-comum, e até pela Organização Mundial do Trabalho, também foram observadas pelos pesquisadores, que encontraram um traço comum entre elas. De acordo com Blanchette e Silva é comum a crença de que o problema está centrado unicamente no comportamento sexual dos “gringos” em suas interações com as “nativas”. O estudo propõe o fim dessa visão simplista do turismo sexual em que a mulher é vista como personagem distante de qualquer decisão sobre sua própria vida, mostrando como elas são “ativas na construção de seus destinos”. Ao mesmo tempo, procura dar visibilidade e a ampliar a relação entre turismo internacional, migração e prostituição, que muitas vezes se faz desapercebida, mas que detém importância fundamental para se compreender e poder combater o turismo sexual. “Essa visão simplista reduz as mulheres envolvidas a bens que são potencialmente traficados – ressaltam – e não descreve, muitos menos explica, a gama de relacionamentos que nascem no contexto do turismo sexual e que pode resultar no deslocamento internacional dessas mulheres”.

Na análise de Silva e Blanchette as atividades das garotas de programa não podem ser entendidas como resultado de uma “lavagem cerebral colonialista”, ou fruto de uma “baixa auto-estima”, mas devem ser compreendidas por meio do que representam para as próprias mulheres: uma forma de ascensão social e possibilidade de ir para o exterior. Eles observam que a escolha por clientes estrangeiros não é um simples acaso. “Longe de serem simples vítimas, elas detêm um controle notável sobre as suas ações e representações, lançando mão de vários artifícios para conseguirem a ascensão social através do forjamento de ligações com estrangeiros”, explicam os pesquisadores. Essas mulheres vêem no casamento a possibilidade de poder morar na Europa ou nos EUA, lugares que consideram como tendo “mais oportunidades”.

Questionadas sobre a duração do casamento, as garotas que deram depoimentos para a pesquisa mostram-se despreocupadas, pois a união apenas representa uma oportunidade de trabalhar nos países de primeiro mundo. O estudo conclui que as ações dessas mulheres devem ser encaradas “como estratégias racionais e não como manifestações ideológicas de uma falsa consciência”. Os pesquisadores acreditam que dessa forma o turismo sexual será melhor compreendido.

O estudo procura ainda demonstrar a complexidade de valores que orienta as ações da maioria dos chamados turistas sexuais, as sutilezas dos relacionamentos entre eles e as prostitutas que podem ser confundidas ou até vir a ser manifestações afetivas. Confirmando que no contexto da prostituição “o amor e o sexo comercializado são duas faces da mesma moeda”, os pesquisadores remetem a uma crítica ao Código Penal, já que este define “o crime de traficar mulheres como ajudar qualquer mulher que vá exercer a prostituição no exterior a sair do território nacional”. Segundo Silva e Blanchette, o código simplesmente ignora o habitus da prostituição na praia do Rio de Janeiro, já que não engloba a complexidade das relações existentes entre os turistas e as mulheres de programa.

Nesse imenso universo, a prostituta pode transformar-se em namorada ou até em esposa. “A natureza deslizante, complexa e bilateral dos diversos relacionamentos observados na relação entre turismo, sexo e imigração demonstra a necessidade de se abandonar a categoria de turista sexual como algo explicável através de grandes categorizações maniqueístas”. Eles também concluem que é provável que a atual legislação possa prevenir o tráfico de mulheres, em especial se a questão continuar a ser tratada como simples viagem internacional de prostitutas.

Os pesquisadores ressaltam que suas análises não necessariamente cabem ao Brasil como um todo, mas deixam claro que, pelo menos na cidade do Rio de Janeiro as interações sexuais entre as mulheres de programa brasileiras e os estrangeiros são mais complexas do que se possa imaginar.

Fungo que causa extinções de anfíbios na América Central é menos letal no Brasil

A quitridiomicose, que vem causando uma mortalidade desenfreada em anfíbios em alguns lugares do mundo, está também no Brasil. O segundo registro brasileiro de infecção foi publicada esta semana em artigo de Ana Carnaval, pesquisadora brasileira na Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), e colaboradores. A doença já havia sido detectada em Minas gerais, mas o novo artigo amplia a extensão da doença tanto em termos de espécies afetadas como de distribuição geográfica.

Não há indícios de declínio para a perereca-do-brejo, que ocorre somente em Itatiaia (RJ).
Foto: Célio Haddad

 

A quitridiomicose, que vem causando uma mortalidade desenfreada em anfíbios em alguns lugares do mundo, está também no Brasil. O segundo registro brasileiro de infecção pelo fungo quitrídio Batrachochytrium dendrobatidis foi publicada esta semana na edição online do periódico EcoHealth, em artigo de Ana Carnaval, pesquisadora brasileira na Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), e colaboradores. A doença já havia sido detectada em Minas Gerais (ver notícia na ComCiência), mas o novo artigo amplia a extensão da doença tanto em termos de espécies afetadas como de distribuição geográfica.

Carnaval e colegas examinaram espécimes depositados em coleções zoológicas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A quitridiomicose foi encontrada em seis indivíduos representantes de cinco espécies nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco. As novas espécies afetadas são todas representantes de anuros (grupo que inclui sapos, rãs e pererecas) que ocorrem na Mata Atlântica. Os espécimes mais antigos nos quais foi detectado o quitrídio foram coletados em 1981, e os mais recentes em 2005. Isto mostra que a doença existe no Brasil há mais de duas décadas.

A presença da quitridiomicose na Mata Atlântica causa alarme entre os que se preocupam com a preservação do ambiente. Em muitos países a doença tem sido identificada como a causa de extinções ou declínios populacionais. Na Costa Rica foi recentemente documentada uma extinção em massa de rãs, publicada na revista científica Nature. Pesquisadores que presenciaram a epidemia na América Central relatam um cenário de horror: o fungo avança ao longo da cadeia montanhosa centro-americana e deixa o chão da floresta salpicado de sapos mortos, com populações inteiras extintas ou dizimadas. Para o caso costa-riquenho, os pesquisadores acreditam que a explosão da doença é conseqüência de aquecimento global.

A rã-de-corredeira, abundante apesar de alto índice de infecção.
Foto: Célio Haddad

 

Felizmente, no Brasil a situação é outra. Embora o artigo de Ana Carnaval afirme que algumas populações infectadas pelo fungo apresentam sinais de declínio, Célio Haddad, do Laboratório de Herpetologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, diz que outras parecem não ter perdido vigor. A rã-de-corredeira, em que foi feito o primeiro registro do quitrídio no Brasil, é um bom exemplo. Haddad conta que a população está abundante apesar de, por muito tempo, ele não ter sido capaz de capturar girinos sem as lesões na boca características da doença. Em expedições recentes, porém, o pesquisador capturou tanto girinos doentes como normais. Segundo suas observações, mesmo os indivíduos com lesões são capazes de alimentar-se e de atingir a idade adulta, de forma que não se sabe que dificuldades o fungo pode estar causando aos animais.

O caso brasileiro gera, portanto, muitos questionamentos. Ainda não se sabe por que aqui não se observa a letalidade vista em outros países. Haddad especula que as condições climáticas podem não ter chegado ao ponto em que causam explosão da doença, ou o quitrídio pode ter causado extinções que não foram detectadas pelos especialistas brasileiros. Ana Carnaval lembra que algumas espécies de altitude na Mata Atlântica não são encontradas há muito tempo, e ninguém sabe as causas de seu desaparecimento.

Rumo a seguir

Por enquanto, não há possibilidade de tratamento para a quitridiomicose. Uma nota na última edição online da EcoHealth propõe o uso de bactérias existentes na pele de algumas salamandras, que inibem o crescimento dos quitrídios, para imunizar anfíbios suscetíveis. No entanto os estudos nessa linha são ainda incipientes e na prática é difícil imaginar como seria possível utilizar esse recurso em ecossistemas naturais. Haddad desconhece outras menções a tentativas de combate à doença, mas acredita que pode ser um caminho promissor.

A verdade é que se sabe muito pouco sobre o fungo e sua biologia, de forma que os cientistas estão ainda engatinhando e assistem de mãos atadas à mortandade em áreas de epidemia. De acordo com o herpetólogo da Unesp, será necessário monitorar algumas dessas espécies afetadas no Brasil para verificar se o fungo causará algum problema sério. “Se causar, não sei como proceder. Ninguém sabe”, afirma.

A equipe liderada por Haddad está examinando todos os girinos da coleção do Laboratório de Herpetologia da Unesp/Rio Claro, com ênfase em espécies que vivem em riacho (habitat do fungo). O trabalho está em andamento, mas dados preliminares já estendem a ocorrência de B. dendrobatidis para mais 9 espécies de anuros dentre as 20 examinadas, com distribuição geográfica até o Rio Grande do Sul. A equipe pretende ampliar a busca para outros biomas brasileiros além da Mata Atlântica, o que incluiria áreas de altitude da Amazônia, região Centro-Oeste e Caatinga.

Uma abordagem que poderá aumentar as chances de prever as áreas sob maior risco é a modelagem ecológica, em que se sobrepõe informações ecológicas de áreas geográficas às características dos organismos sob estudo. Projeção feita em 2005 previu que o fungo estaria disseminado pela Mata Atlântica brasileira, o que vem sendo confirmado pela pesquisa recente. Ana Carnaval sugere que o próximo passo será sobrepor a essas informações a previsões de mudança climática. Desta forma pesquisadores poderão ter uma idéia prévia de que áreas serão afetadas no futuro.

Mas o mais importante, segundo a especialista, é que se faça uma abordagem experimental. “Até agora tudo o que sabemos vem de correlações”, lamenta. Verificar que o fungo existe em áreas onde há declínio de anfíbios não prova que a doença é a causadora da mortandade dos animais. “Somente observações em laboratório, sob condições controladas, poderão ajudar os pesquisadores a desvendar o modo de ação do fungo, assim como prever áreas e espécies de risco”, afirma Carnaval.

Por enquanto, no que diz respeito ao Brasil, Célio Haddad acredita que a presença da doença é motivo de preocupação, mas não há indício de que cause declínio de populações de anfíbios.

Leia mais:
Calor Fatal (Agência Fapesp) http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=4911

Tamiflu poderá ser medida inapropriada para conter pandemia

Como medida preventiva de uma possível chegada da gripe aviária no Brasil, o governo anunciou no final do ano passado a compra do medicamento antiviral Tamiflu (oseltamivir) para o tratamento de nove milhões de pessoas em caso de epidemia. Mas segundo estudo publicado na revista The Lancet não há evidências de que o medicamento oseltamivir seja eficaz no tratamento de humanos contaminados pela gripe aviária em caso de pandemia. De acordo com o estudo, o oseltamivir controla as complicações respiratórias da influenza sazonal, tais como bronquite e pneumonia, mas não evitam uma infecção. Apenas em 2005 o medicamento gerou um volume de negócios de aproximadamente US$ 1 bilhão para a Roche, e deve superar este valor neste ano.

Como medida preventiva de uma possível chegada da gripe aviária no Brasil, o governo anunciou no final do ano passado a compra do medicamento antiviral Tamiflu (oseltamivir) para o tratamento de nove milhões de pessoas em caso de epidemia. Mas segundo estudo publicado na revista The Lancet (vol.367) no último dia 19, não há evidências de que o medicamento oseltamivir seja eficaz no tratamento de humanos contaminados pela gripe aviária em caso de pandemia. De acordo com o jornal Valor Econômico (05/01/06), apenas em 2005, o medicamento gerou um volume de negócios de aproximadamente US$ 1 bilhão para a Roche, indústria farmacêutica responsável pela fabricação do medicamento, e deve superar este valor neste ano.

Em virtude da histeria provocada por uma possibilidade de pandemia de influenza, cientistas do instituto de pesquisa anglo-italiano Cochrane Vaccines Field e da Universidade de Queensland, na Austrália, compararam a eficácia e segurança de quatro medicamentos anti-virais para o combate da influenza disponíveis no mercado em diversos estudos. O trabalho deixou claro que, “não há evidência de que haja efeitos de inibidores de neuraminidase1 – proteína utilizada pelo vírus da influenza para se replicar na célula hospedeira e causar infecções respiratórias -, como o oseltamivir, sobre a gripe aviária e, não surpreende o fato de não haver nenhuma evidência de seus efeitos sobre uma pandemia de vírus influenza”. De acordo com o estudo, o oseltamivir, assim como o zanamivir (outro inibidor de neuraminidase), controlam as complicações respiratórias da influenza sazonal, tais como bronquite e pneumonia, mas não evitam uma infecção.

Os autores, no entanto, não descartam a utilização do oseltamivir no combate à gripe aviária, mas alertam que ele só deve ser uma alternativa no caso de haver medidas preventivas concomitantes, como barreiras sanitárias e higiene pessoal.

Consultada, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde brasileiro preferiu reforçar que o governo tem investido em outras medidas para combater uma possível chegada da gripe aviária no país do que afirmar que as doses tenham sido compradas com este objetivo. Não há, no entanto, qualquer previsão para o recebimento da encomenda.

O Tamiflu tem sido considerado internacionalmente como o medicamento existente mais apropriado no combate da gripe aviária em humanos. O Brasil, por exemplo, encomendou no final do ano passado nove milhões de doses do medicamento, suficiente para atender 5% da população, a um custo aproximado de cerca de R$ 200 milhões. O próprio site brasileiro da Roche afirma que: “(…) a OMS orienta que os países desde já estoquem medicamento antiviral específico para o vírus influenza, para que esteja disponível para uso imediato nas primeiras semanas do início da pandemia. (…) O único medicamento antiviral para gripe comercializado atualmente no Brasil é o Fosfato de oseltamivir [Tamiflu]. (…) ele ataca diretamente o vírus influenza não permitindo que ele se espalhe por todo o organismo, amenizando os sintomas e diminuindo o tempo de duração da gripe e o número de complicações decorrentes complicações”. Embora a empresa fale em vírus de influenza contra o qual o Tamiflu é eficaz, fica sugerido que o medicamento é mesmo eficaz para combater possíveis casos de gripe aviária em humanos no país.

Além do Brasil, os governos da Europa e dos Estados Unidos armazenaram grandes reservas desse medicamento num possível caso de pandemia.

Desde a divulgação de que o Tamiflu poderia ser o único tratamento disponível para a gripe aviária em humanos, houve uma corrida às farmácias que esgotou os primeiros estoques do medicamento. Segundo o pesquisador e presidente do Instituto Butantan, Isaías Raw, o uso indiscriminado do Tamiflu induz seleção de cepas de vírus resistentes, como ocorre com as bactérias pelo uso de antibióticos. Motivo pelo qual se instituiu a proibição da venda do Tamiflu em farmácias, ficando permitida apenas ao governo. Raw afirma que a capacidade mundial de produção do Tamiflu é da ordem de 2% da população, e não existem mais matérias-primas disponíveis para a indústria farmacêutica que vive basicamente da manipulação de medicamentos importados, incluindo as indústrias dos países desenvolvidos.

Até o momento, a infecção da gripe aviária (vírus H5N1) só é transmitida de aves contaminadas pelo vírus para humanos. A preocupação dos pesquisadores e do governo é que este vírus sofra mutações e passe a ser transmitido entre humanos, provocando uma pandemia. Enquanto as incertezas dominam, a Roche fatura.