Artemisinina, que é uma matéria-prima para fabricar medicamentos contra a malária, poderá ser obtida por processos similares aos de produção do álcool, isto é, através de bioreatores de fermentação. A idéia é produzí-la em larga escala para ajudar a resolver o problema da malária que aflige milhões de pessoas em todo mundo.
A novidade é o uso de bioreatores gigantes que produzirão um precursor, o ácido artemísico, que é depois transformado em artemisinina, em escala industrial. O processo de fabricação dessa matéria-prima, que é análogo ao descrito em um artigo da Nature de 2006,usa um fermento geneticamente modificado, isto é, com uma inserção de genes.
Segundo a química do CPQBA da Unicamp, Mary Ann Foglio, o uso desse processo de fermentação, que usa o microorganismo Sacaromises serevises genéticamente modificado, “pode ser uma ótima idéia”, mas ainda não está bem estabelecido. O pulo-do-gato seria a obtenção de um medicamento à base dos derivados da artemisinina, numa dose única via oral. Isso porque a maior porcentagem de indivíduos infectados pelo agente causador da malária, o protozoário Plasmodium vivax ou P. falciparum, encontra-se em regiões tropicais de difícil acesso, o que exige que o medicamento, por muitas vezes, leve dias para chegar ao destino.
Foglio destaca que a artemisinina hoje já pode ser produzida, no Brasil, com 98% de pureza, a um custo de aproximadamente um dólar por grama. Nessa avaliação de custo, segundo a pesquisadora, já estão incluídos os gastos que se iniciam com o cultivo da planta, uma vez que o processo se baseia na extração dessa substância a partir das folhas (as flores não contem artemisinina) de uma planta de origem chinesa chamada Artemesia annua L. ”A idéia de se usar esse processo fermentativo é ótima, desde que realmente se consiga que o custo global seja inferior aos preços observados para o isolamento do composto diretamente da planta, que é de dois dólares o grama do produto final”.
O procedimento brasileiro, segundo Foglio, é um processo barato e ecologicamente viável. A equipe, por exemplo, já comprovou que o resíduo da extração da artemisinina apresenta inibição de lesões ulcerativas quando avaliado em modelos experimentais em animais. A cada 100 quilos de planta seca é produzido um quilo de artemisinina, uma quantidade suficiente para os casos de malária mais graves causados pelo Plasmodium falciparum do Brasil, sem levar em conta os outros produtos que também apresentem atividade medicinal. Além disso, os projetos que se desenvolvem dentro da universidade permitem capacitar recursos humanos em todos os níveis para trabalhar nessa área.
Tecnicamente, medicamento é diferente de remédio. Um remédio não tem parâmetros confirmados, mas um medicamento precisa de um controle de qualidade capaz de assegurar ao consumidor que o produto tem eficácia, isto é, tem o efeito desejado, é seguro e que todas as unidades são rigorosamente iguais.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 99,9% dos casos de malária se concentram na Amazônica legal e as ações desenvolvidas em todas as esferas governamentais têm conseguido que os [casos >http://189.28.128.100/portal/aplicacoes/noticias/noticias_detalhe.cfm?co_seq_noticia=51337]sejam reduzidos.
A prevenção da doença começa com o uso de telas nas portas e nas janelas das casas. No período noturno, o mosquiteiro é indicado, ou ainda, o uso dos repelentes de insetos, porque, durante o sono, o mosquito transmissor do protozoário ataca sem ser afastado pelo homem. Já no dia-a-dia, recomenda-se o uso de roupas que protejam pernas e braços. Assim como no caso da dengue, para a malária também existem medidas de prevenção coletiva. Estas medidas visam à eliminação dos criadouros do vetor através de saneamento e gestão do lixo.
Saiba mais: http://www.independent.co.uk/life-style/health-and-wellbeing/health-news/malaria-a-miracle-in-the-making-offers-hope-to-millions-worldwide-839604.html http://discovermagazine.com/2006/dec/cover