Nova terapia pode acelerar regeneração muscular após picada de jararaca

A bióloga Doroty Mesquita Dourado defendeu tese de doutorado que propõe a utilização do laser de baixa potência para estimular o processo de regeneração muscular no local da picada da serpente Bothrops moojeni (nomes populares: jararacão e caiçaca). A irradiação do laser de baixa potência no músculo injetado pelo veneno bruto da serpente diminui a ação do veneno em romper a membrana da célula muscular e aumenta a proliferação de vasos sanguíneos, o que estimula a regeneração do músculo. No Brasil ocorrem entre 19 a 22 mil acidentes ofídicos por ano, sendo as serpentes do gênero Bothrops as responsáveis por cerca de 90 % dos casos.

No último dia 17, a bióloga Doroty Mesquita Dourado defendeu tese de doutorado que propõe a utilização do laser de baixa potência para estimular o processo de regeneração muscular no local da picada da serpente Bothrops moojeni (nomes populares: jararacão e caiçaca). De acordo com o modelo experimental utilizado pela pesquisadora, a irradiação do laser de baixa potência no músculo injetado pelo veneno bruto da serpente diminui a ação do veneno em romper a membrana da célula muscular e aumenta a proliferação de vasos sanguíneos, promovendo assim um estímulo na regeneração do músculo. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, ocorrem entre 19 a 22 mil acidentes ofídicos por ano, sendo as serpentes do gênero Bothrops as responsáveis por cerca de 90 % dos acidentes ofídicos.

O trabalho, desenvolvido no Instituto de Biologia, da Unicamp, utilizou dois tipos de laser, o composto pelos gases Helio-Neônio (632,8 nm) e o diodo de arsenieto e de gálio (904 nm), sendo que o comprimento de onda e os tempos de irradiação usados foram baseados em dados descritos na literatura. Segundo a pesquisadora, a melhora da regeneração muscular e do sistema imunológico promovida por esses lasers já foram comprovados em trabalhos anteriores. Entretanto, o uso do laser como terapia alternativa em acidente por serpentes peçonhentas é inovador.

Os soros anti-ofídicos são o tratamento mais eficaz atualmente em casos de acidentes por serpentes peçonhentas. Por ser de rápida evolução, os efeitos locais causados pelos venenos de serpentes do gênero Bothrops, tais como inflamação e necrose não são neutralizadas com a soroterapia convencional, e geralmente há perda permanente dos tecidos afetados. Assim, métodos alternativos para o tratamento de envenenamento botrópico têm sido propostos para reduzir esses efeitos locais.

A pesquisadora apresentou parte dos seus resultados no 23º Encontro Anual da Sociedade Americana de Laser em Medicina e Cirurgia, evento que ocorreu na Califórnia, EUA em 2003. A pesquisa foi premiada no evento na categoria de melhor trabalho na área de Fotomodulação.

Acidentes ofídicos

Os acidentes por serpentes peçonhentas representam um sério problema de saúde pública nos países tropicais pela freqüência com que ocorrem e pela mortalidade que ocasionam. No caso das serpentes pertencentes ao gênero Bothrops, a letalidade ocorre em 0,6% dos casos, segundo dados do Ministério da Saúde referentes a 1998. Esses animais habitam ambientes úmidos – como matas e áreas cultivadas – locais de proliferação de roedores, zonas rurais e periferia de centros urbanos. Possuem hábitos vespertinos, terrestres e arborícolas. A ocorrência de acidentes botrópicos é maior durante os meses de outubro a março, a faixa etária das vítimas varia de 15 a 49 anos, sendo o sexo masculino o prevalente. Quanto ao local da picada, os pés e as pernas são os mais atingidos.

Os efeitos clínicos apresentados após o acidente botrópico são edema, hemorragia e necrose no local da picada da serpente, e também alterações cardiovasculares, renais e na coagulação sanguínea. Tratamentos populares e inadequados como torniquete, sucção do veneno e uso tópico de querosene, fumo e álcool podem piorar o quadro inflamatório e infeccioso do local da picada, acarretando em casos extremos a amputação de parte do membro afetado.