Homens também são alvo do câncer de mama

Quando o assunto é câncer de mama, pouca gente imagina que ele se manifeste também na população masculina. Por ser uma doença rara e ainda pouco estudada, existe desconhecimento até mesmo entre a classe médica. Uma pesquisa desenvolvida no departamento de Tocoginecologia da Unicamp aponta que na maioria dos casos o vilão é o diagnóstico tardio, devido a essa falta de informação. De acordo com o especialista em câncer ginecológico Luis Henrique da Silva Leme, os homens não dão atenção à essa parte do corpo, como as mulheres, e resistem em procurar um especialista, sendo atendidos por médicos que nem sempre atentam para a possibilidade de câncer de mama. Seu estudo descreve aspectos desse câncer com base em 25 pacientes atendidos entre 1992 e 2005 no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher, (CAISM), do Hospital Maternidade de Campinas e do Hospital da PUC de Campinas.

Em mais da metade dos casos analisados, o câncer foi identificado em média 20 meses depois do início da lesão. Esse dado é preocupante, pois quanto mais tarde o diagnóstico, maiores podem ser as complicações. O câncer de mama se desenvolve mais rápido nos homens, já que a menor quantidade de tecido mamário facilita a proximidade do tumor com a musculatura e conseqüentemente a disseminação das células nocivas tende a ser mais rápida. O sintoma mais comum é a presença de nódulos. Outros sintomas são a secreção sanguínea pelo mamilo, retração da pele, úlcera ou espessamento na região mamária.

Fatores De Risco

O câncer de mama atinge em sua maioria homens com mais de 60 anos – dez anos mais tarde que a média de idade feminina. Isso não significa que os mais novos não tenham que estar atentos já que um dos casos estudados pelo pesquisador na Unicamp ocorreu em um adolescente de 13 anos. Homens com antecedentes de câncer de mama na família, obesidade, e histórico de câncer de testículos e próstata são mais propensos à doença. A ginecomastia (excesso de tecido glandular mamário no homem) e tratamentos hormonais prolongados (como nos casos dos travestis, que fazem uso de estrogênio) também são vistos pelos especialistas como fatores de predisposição.

Quando diagnosticado, o paciente se submete ao tratamento e cirurgia de retirada da mama, seguida de procedimentos complementares como radioterapia, quimioterapia e terapia com hormônios, em alguns casos. As cirurgias de reconstrução da mama não são comuns. “a probabilidade de um homem querer colocar silicone para reconstrução é pequena” diz o especialista, que recomenda o auto exame da mama pelos homens acima de 40 anos. Notando qualquer alteração, deve procurar um mastologista para exames clínicos e mamografia. Quanto mais cedo é o diagnóstico, maiores as chances de recuperação e tratamento.

Se toca, homem!

O auto exame é uma maneira simples para o diagnóstico de alterações que podem desencadear um câncer. Realizado em cinco minutos, essa técnica bem conhecida entre as mulheres é similar para os homens. Deitado, ele deve apalpar a mama e observar se há nódulos (caroços) e dores. Alterações no formato das mamas (tamanho, se há pregas, depressões ou alterações na pele) podem ser observadas em frente ao espelho. Com toques em movimentos circulares, o homem deveobservar a presença de secreções. As axilas também devem ser apalpadas. Esse exame é complementado no banho, quando o homem, com a ponta dos dedos, deve procurar por espessamentos e caroços. Esse auto exame é recomendável para os homens com mais de 40 anos e que apresentem algum dos fatores de risco.

O câncer de mama atinge um homem a cada 100 mulheres. Porém, no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, mais de 500 homens morreram no período de 1996 a 2002 vítimas desse tipo de câncer. Nos Estados Unidos, a mortalidade chega a 400 casos por ano, e de acordo com estudo publicado ano passado na revista Cancer, a incidência nesse país aumentou em 25% nos últimos 25 anos.

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