Como a produção de grãos brasileira saltou de 1,5 toneladas/hectare, em 1991, para 2, 7 toneladas/hectare em 2003? Tecnologia é a resposta para essa elevação considerável de produtividade. Sementes melhoradas, manejo de culturas e maquinários adequados são alguns dos agentes geradores desse aumento nas safras. Porém, o trabalho para alavancar a produtividade, gerar mais renda e incrementar a qualidade dos produtos do campo ainda não parou. O desafio atual encabeçado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecueária (Embrapa), em parceria com várias instituições ligadas ao setor, é criar uma Rede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o Agronegócio (Ripa).
Paulo Cruvinel, coordenador executivo da Ripa, explica que o objetivo da criação da rede é levantar as potencialidades no setor de agronegócios, levando em consideração as especificidades de cada uma das macroregião do Brasil (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte). As primeiras ações realizadas para o surgimento dessa rede foram reuniões envolvendo produtores rurais, governos, instituições de pesquisa e terceiro setor em cada região. Desses encontros surgiram listas de demandas, vulnerabilidades e uma agenda de oportunidades com alcance de 10 anos para cada local.
No momento, o trabalho está voltado para a instalação de comitês gestores regionais compostos por representantes de cada setor da sociedade que participou das reuniões. Neste ano, as equipes das regiões Sul, Sudeste e Nordeste já começaram a trabalhar. “Os comitês gestores do Norte e Centro-Oeste devem ser formalizados ainda neste ano”, afirma Cruvinel. Ainda fazem parte do projeto a criação de redes regionais de multiplicadores e um portal para a transferência de informações sobre agronegócio. A rede já dispõe de um portal, mas ele serve apenas como meio de divulgação das atividades já desenvolvidas.
O coordenador executivo da Ripa argumenta que entre os maiores benefícios da rede está a aproximação dos setores ligados ao agronegócio (setor produtivo, governantes, insitutos de pesquisa e terceiro setor), além do levantamento de oportunidades para cada região. Ele acredita que, com base nessas informações, cada grupo poderá trabalhar para a concretização das oportunidades que surgirem no campo em negócios de sucesso.
Além da Embrapa, fazem parte da coordenação da Ripa a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Listen Local Informatio Systems,a Fundação para o Incrementeo da Pesquisa e do Aperfeiçoamento Industrial (Fipai), o Instituto de Estudos Avançados da Usp e o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital).
Campo adota rapidamente as inovações tecnológicas
Para o chefe-geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária, Landislau Marin Neto, as melhorias tecnológicas desenvolvidas por institutos de pesquisa com o intuito de incrementar as atividades no campo são rapidamente adotas pelo produtores. Na opinião dele, esse fato pode ser comprovado pelo aumento na produtividade do campo.
Mais produtividade no campo tem impacto direto em números como do Produto Interno Bruto (PIB) ou das exportações brasileiras. As exportações do agronegócio brasileiro cresceram 7,3% no primeiro quadrimeste desse ano com relação a 2005, segundo levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA) do governo do estado de São Paulo. O volume exportado soma US$14,04 bilhões.
Na opinião do diretor da Parques Tecnológicos e Programas de Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica da Agência de Inovação da Unicamp, Eduardo Grizendi, o agronegócio está profissionalizado no país. Para ele, existe no setor um ambiente favorável para o desenvolvimento de negócios e para o incremento tecnológico, motivado pela visibilidade do retorno do investimento. Grizendi avalia ainda que no agronegócio o ciclo de inovação se completa. “No Brasil, são desenvolvidas pesquisas, criadas de novas técnicas e produtos, por fim a inovação tecnológica é usado no campo”, afirma.