Acontece no dia 16 de setembro, o Dia Mundial da Limpeza, um evento simultâneo em 125 países que pretende conscientizar as pessoas para o problema da poluição. Atuando em praias e lagoas, mais de 35 milhões de pessoas retiram toneladas de lixo em todo o mundo. No Brasil, o evento abrange diversas cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Vitória e Natal entre outras.
O Dia Mundial da Limpeza procura reforçar a educação ambiental coletando o lixo visível, mas também faz um alerta para a poluição “invisível”. De acordo com o professor da UERJ e assessor de meio ambiente do CREA-RJ (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro), Adacto Ottoni, a principal causa da poluição das praias e águas no Brasil é o esgoto doméstico, um tipo de poluição “invisível”. Para Ottoni a questão não se restringe às praias, “os rios e seus afluentes recebem esgoto muito antes de chegarem ao litoral. O problema da poluição só terá uma solução quando for aplicada uma gestão sustentável considerando toda a bacia hidrográfica”, diz. Ottoni ainda afirma que mesmo que o esgoto produzido pelas cidades praianas seja tratado, ainda assim as praias continuarão sujas, devido aos rios poluídos que desembocam no mar.
O presidente da Fundespa (Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas), Luiz Roberto Tommasi, considera ainda outros tipos de poluição e degradação que têm impacto ambiental como a captura de organismos que vivem em galerias nas praias, inclusive para iscas em pescarias, e a captura de moluscos vivos para alimentação. “Em muitas praias no fim das tarde tratores removem a sujeira lançada no dia, mas esse procedimento contribui para dizimar a fauna e a microflora que vive nas areias”, complementa. Tommasi alerta ainda que além do impacto ambiental, o lançamento de esgoto doméstico causa diversas doenças como cólera, dermatoses, disinterias e verminoses.
O primeiro passo para combater o lançamento de esgoto, de acordo com Ottoni, é fazer um monitoramento dos corpos hídricos, “assim é possível saber qual a origem e o tipo de poluição que está sendo jogada na bacia hidrográfica”, diz. “A legislação ambiental prevê a fiscalização, mas os órgãos responsáveis não aplicam a lei”, argumenta. Tanto Ottoni, quanto Tommasi concordam que a legislação ambiental é boa, mas falta um cumprimento mais rigoroso.
Além disso, Ottoni aponta que as estações de tratamento de esgoto, principal método utilizado para combater esse tipo de poluição, são caros e de difícil implantação. “Existem métodos mais baratos e eficientes como as lagoas de estabilização”, diz. Essas lagoas são reservatórios escavados no solo, de pouca profundidade e grande área, onde os esgotos brutos sofrem uma autodepuração natural. “É a solução ideal para cidades pequenas, que não possuem verba para construir uma estação de tratamento”, completa.
Os emissários submarinos também oferecem soluções ecologicamente sustentáveis, eles são sistemas destinados a lançar os esgotos sanitários no meio marinho, visando a capacidade de depuração do oceano, em função de seu volume de água. De acordo com a Cetesb, hoje existem sete emissários em funcionamento no litoral paulista: dois em Praia Grande; um em Santos; um no Guarujá; dois em São Sebastião e um em Ilhabela.
Segundo Ottoni, o alto mar necessita de nutrientes e o esgoto doméstico pode suprir essa necessidade. “O principal problema desse método é enviar somente o esgoto doméstico. Geralmente os rios também estão contaminados com produtos industriais nocivos à fauna e a flora marinha”, afirma.
Para conferir a programação do Dia Mundial da Limpeza acesse www.institutoaqualung.com.br