Com a falta de informações, são feitas apenas estimativas. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais (ABETRE), as indústrias produzem 2,9 toneladas de resíduos perigosos por ano e apenas 600 mil são dispostos de modo correto. Os resíduos podem ser destinados para aterros, incineradores e co-processadores em fornos de cimento. Há ainda tratamento para tipos específicos de resíduos, mas que são pouco utilizados. Apesar de existir tecnologia que diminua os danos causados ao meio ambiente e à população devido à incineração, há muita resistência a essa forma de tratamento em vários países e principalmente no Brasil. “A incineração é muito melhor aplicada em países desenvolvidos que têm conhecimento e fiscalização. Aqui, nós não temos uma estrutura de fiscalização dos órgãos ambientais. Essa é a grande desconfiança que a sociedade tem em relação à incineração. Do ponto de vista da tecnologia para resíduo perigoso, a melhor opção ainda é a incineração, desde que seja bem feita. Melhor do que a incineração, seria não produzir o resíduo”, afirma Waldir Bizzo, professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp.
Os aterros, por sua vez, custam menos para as indústrias do que a incineração. A preocupação é que os resíduos industriais, diferentemente dos orgânicos, não se decompõem. Por conta disso, há um momento em que a capacidade do aterro se esgota. “Se somarmos a capacidade dos aterros e a capacidade dos incineradores, você chega a conclusão de que a quantidade é muito menor do que a nossa estimativa da produção de resíduos perigosos. Não sabemos o que é feito com a outra parte dos resíduos”, alerta Bizzo. Muitas empresas que são fiscalizadas e não têm como destinar seus resíduos armazenam os mesmos na própria empresa.
Na Câmara dos Deputados, uma comissão analisa a Política Nacional de Resíduos que está em tramitação há mais de dez anos. A idéia é regulamentar a responsabilidade pós-consumo sobre os resíduos e estabelecer regras para destinação daqueles produzidos pelas indústrias.
Abismo
Enquanto 59% dos municípios brasileiros dispõem o lixo domiciliar em lixões (IBGE, 2000), com risco de contaminação do solo, da água e da população, o Brasil desponta na reciclagem de embalagens longa vida, com uma tecnologia de incineração a plasma que consegue separar o plástico do alumínio, vendidos posteriormente à indústria de transformação. A usina funciona em Piracicaba, interior de São Paulo. Essa tecnologia recebeu interesse de governos europeus (a Espanha importou o modelo) e do governo chinês. O país também é o que mais recicla latinhas de alumínio no mundo: em 2004, foram recicladas 95,7% das latas usadas.
Em relação à precariedade da destinação do lixo domiciliar, enfrentado por muitas cidades, Bizzo aponta que a dificuldade está na gestão de resíduos urbanos. “Em municípios que estão endividados ou que têm grandes carências sociais, o lixo não é a prioridade. O que preocupa é que uma má gestão de lixo e de saneamento vai ocasionar problemas de saúde pública imediatamente ou daqui a alguns ano.