Preocupado em atrair a atenção e o interesse do público adulto, o Science World British Columbia, centro de ciências em Vancouver (Canadá), acaba de inaugurar o “Science World After Dark: No Kids Allowed!” (Mundo da Ciência depois do anoitecer: nenhuma criança permitida!). A iniciativa, que consiste em uma noite mensal dedicada à visitação exclusiva de adultos, visa garantir um maior aproveitamento, por parte dos adultos, de tudo o que o museu tem a oferecer.
“Se há uma criança esperando para participar de uma atividade do museu, os adultos se afastam, porque não querem atrapalhar ou interferir na experiência”, explicou Pauline Finn, diretora de programas externos do Science World, durante palestra realizada no último dia 28 no Museu Exploratório de Ciências da Unicamp. “Oitenta por cento do nosso público é constituído de famílias. Porém, os adultos não freqüentam o museu, a não ser para acompanhar uma criança”, continua ela.
Procurando reverter esse quadro e atrair esse público em potencial, foi desenvolvido o programa noturno de visitas, realizado pela primeira vez no dia 21 de setembro. “Mesmo com pouca divulgação, atraímos 500 pessoas”, revela Pauline. O programa, ainda em fase de teste, já está agendado para mais duas datas: dias 19 de outubro e 16 de novembro.
Outro dos projetos do museu voltado à comunidade acaba de completar três anos. O “Community Science Celebration” é uma semana de eventos sobre ciência e tecnologia realizada anualmente em comunidades da província da Colúmbia Britânica. As atividades são baseadas na expertise local, contando com a participação de cientistas, empresários, escolas e universidades, além das crianças e seus parentes. Ao longo da semana, as escolas locais, com supervisão da equipe do museu, programam diversas exibições, visitas e palestras, que tem como desfecho um grande evento no sábado, quando todos os participantes se reúnem.
Pauline, que supervisiona todas as atividades realizadas com as escolas, aponta a importância do trabalho colaborativo e da participação efetiva da comunidade. “Trabalhar junto às escolas é a forma mais efetiva de chegarmos às crianças. Nós temos duas ou talvez três experiências com cada grupo de alunos, mas o professor vê as crianças todos os dias”, lembra ela. A diretora enfatiza também que, ao trabalhar com as lideranças locais, o museu passa seu know-how adiante, garantindo um impacto muito maior e permanente na formação das crianças.
Além do “Community Science Celebration”, Pauline coordena outros sete programas de extensão, seja junto à alunos da pré-escola à sétima série, aos professores ou aos cientistas da província. “Muitos cientistas de renome nos procuram porque querem trabalhar com crianças, mas têm medo”, comenta.
O Science World é uma organização sem fins lucrativos dedicada a promoção da ciência e tecnologia. O prédio do museu é uma das heranças da Feira Internacional Expo’86, realizada em Vancouver. Com arquitetura arrojada, em formato de bola, o museu recebeu no último ano 525 mil visitantes, dos quais 90 mil alunos em visita escolar. “A ciência é linda e divertida”, enfatiza Pauline. “No museu, queremos passar essa idéia e ajudar a formar crianças com pensamento crítico, que reflitam sobre suas vidas, seu meio, que pensem e questionem e que não sejam apenas robôs. Nós queremos que elas sejam criativas e questionadoras,” conclui.
Intercâmbio de experiências
Pauline Finn veio ao Brasil para conhecer o trabalho do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, em Campinas, e do Museu da Vida, da Fiocruz, no Rio de Janeiro, além de participar do seminário Ciência & criança: A divulgação científica para o público infanto-juvenil, realizado entre os dias 24 e 26 de setembro no auditório do Museu da Vida. O evento serviu de preparação para a Quarta Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que acontece de primeiro a 7 de outubro.
Para Marcelo Knobel, diretor executivo do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, a palestra de Pauline traduz um dos objetivos do museu, que é a realização de discussões e pesquisas acadêmicas a respeito da divulgação científica. “É muito importante realizar esse tipo de intercâmbio entre instituições, principalmente porque passamos a maior parte do tempo executando as atividades e nos sobra pouco tempo para refletir sobre as experiências”, completa Pauline.