Celso Furtado no cinema

Documentário ‘O Longo Amanhecer’ estréia em abril nos cinemas do eixo Rio-São Paulo. Lançado em Fortaleza, em novembro do ano passado, já passou por universidades e centros culturais e já foi assistido por cerca de 4 mil pessoas.

Se a ciência não é tema usual nas telas do cinema de produção nacional, a economia é menos ainda. Mas quando se trata de um economista, cientista, intelectual e militante como Celso Furtado, a história certamente dá um belo filme. É isso que o diretor José Mariani mostra em “O Longo Amanhecer – Cinebiografia de Celso Furtado”, documentário que estréia dia 04 de abril nos cinemas do eixo Rio-São Paulo. Na contramão dos caminhos de estréia percorridos pela indústria cinematográfica nacional, que tendem a começar pelo Sudeste, o documentário foi lançado em Fortaleza, em novembro do ano passado. Desde então passou por universidades e centros culturais e já foi assistido por cerca de 4 mil pessoas.

O filme, homônimo do último livro de Furtado, de 1999, traz 17 depoimentos de personalidades comentando a vida e a obra do economista, além de revelações do próprio Furtado, que, nessas gravações, cravou seus últimos depoimentos em vídeo antes de seu falecimento, em 2004. Dentre os entrevistados, destaca-se Maria Conceição Tavares, economista portuguesa naturalizada brasileira e professora-titular da Unicamp, que compartilhou com Furtado as teorias de desenvolvimento econômico: “Furtado não aceita o status-quo. Não se cansa de pensar na mudança. Isso é uma marca de pensador, de intelectual e de militante”, comenta.

A idéia para “O Longo Amanhecer” veio depois do trabalho anterior de Mariani, “Cientistas Brasileiros” (2002), documentário sobre o trabalho de dois físicos: César Lattes e José Leite Lopes. A mesma motivação fez Mariani entrar na vida de Furtado. “A minha matéria-prima é a reflexão. E é difícil filmar idéias com a densidade necessária de modo que todos compreendam. É preciso ter ritmo, emoção e empatia. O cinema documentário brasileiro deve enfrentar todos os temas”, revela Mariani. “A boa receptividade do filme prova que existe uma demanda para documentários informativos que estimulem reflexão e principalmente não subestimem a inteligência do espectador”, completa.

Vida e obra

Celso Furtado
Crédito: Divulgação

 

“Em nenhum momento de nossa história foi tão grande a distância entre o que somos e o que esperávamos ser”. A frase de Celso Furtado reflete a sua visão sobre a atual situação econômica do Brasil, em especial do Nordeste, onde ele nasceu (em Pombal, na Paraíba, em 1920) e onde manteve o foco de sua maior militância – foi o idealizador e superintendente da SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), em 1959, durante o governo JK, cargo que teve que abandonar em 1964, quando da ditadura militar no Brasil. O exílio de Celso Furtado seguiu até 1979, ano da lei de anistia.

Considerado o maior economista brasileiro do século XX, Furtado uniu suas idéias, reconhecidas internacionalmente, com a política: chegou a ser ministro duas vezes, em 1962, no Ministério do Planejamento de João Goulart, e em 1986, no Ministério da Cultura de José Sarney.

“O Longo Amanhecer” já passou em diversos festivais, como o “É Tudo Verdade”, onde ganhou menção honrosa, e outros como os baianos “Jornada de Cinema” e “Festival Sala de arte”. O filme também será lançado em DVD, com legendas em inglês, francês e espanhol – dado que Celso Furtado era conhecido internacionalmente.

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