Museu Exploratório de Ciências oficializa parceria para garantir visitas gratuitas à NanoAventura

Na última sexta-feira, dia 14 de dezembro, o Museu Exploratório de Ciências da Unicamp oficializou uma parceria com a Pfizer Brasil para o financiamento de 90 sessões gratuitas para sua exposição interativa sobre nanociência e nanotecnologia, voltada para instituições públicas e sem fins lucrativos da região metropolitana de Campinas (SP).

Na última sexta-feira, dia 14 de dezembro, o Museu Exploratório de Ciências da Unicamp oficializou uma parceria com a Pfizer Brasil, empresa multinacional do ramo farmacêutico, para o financiamento de sessões gratuitas da NanoAventura para instituições públicas e sem fins lucrativos da região metropolitana de Campinas (SP). A solenidade contou com a presença do reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, e de Eurico Correia, gerente médico da linha de medicamentos cardiovasculares da Pfizer Brasil, além de dirigentes do museu e outras autoridades da universidade.

Para Eurico Correia, a parceria da Pfizer com o museu é a concretização de valores e missões da empresa. “Faz parte das missões da Pfizer implementar projetos de parceria na divulgação de ciência e tecnologia”, explica. Correia salientou que a empresa tem intenções de organizar a ida dos funcionários e filhos de funcionários à NanoAventura para conhecer a iniciativa. “É fundamental que a própria empresa conheça e entenda a importância dos projetos que financia”, avalia. Marcelo Knobel, um dos diretores do museu, aproveitou a oportunidade para ressaltar a abrangência e o alcance do projeto. “A NanoAventura é um projeto que já está consolidado. Já atendemos mais de 40 mil alunos”, contabilizou. “Esta parceria certamente nos fará avançar ainda mais na consolidação do museu de ciências”, completou o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge. Ele frisou também a importância do museu no resgate da área em que hoje está instalado, que estava abandonada e degradada.

Antes da solenidade, uma sessão especial da NanoAventura contou com a participação de alunos da quarta série do ensino fundamental da Escola Estadual Professor João Fiorello Reginato, de Campinas. Elizângela Ferreira Santana, de 11 anos, já conhecia o projeto, mas quis aproveitar a oportunidade para retornar ao museu. “Vim de novo porque gostei dos jogos e dos monitores”, explica.

Firmada em agosto, a parceria do museu com a Pfizer já possibilitou 35 sessões da NanoAventura, totalizando mais de 1200 visitantes. Ao todo, 90 sessões serão financiadas pela Pfizer. Cada sessão tem capacidade para até 48 pessoas e dura cerca de uma hora. Além da sessão, a escola recebe também transporte gratuito até o museu. As visitas acontecem sempre entre as 8h30 às 17h30 e precisam ser agendadas através do telefone (19) 3521-1810 ou pelo email nanoaventura@reitoria.unicamp.br. Novo portal, nova logomarca

O final de ano trouxe ainda outras novidades ao museu. Também na sexta-feira, foi inaugurado o novo portal virtual do museu. Hospedado no endereço http://www.mc.unicamp.br/, o portal reúne material sobre os dois projetos do museu, a NanoAventura e a Oficina Desafio, além de imagens, vídeos, um fórum para discussão dos internautas e um clipping com tudo que sai na mídia sobre a instituição. Novas funcionalidades e mais material para consulta devem ser incorporados ao site nos próximos meses.

O museu também ganhou neste mês uma nova logomarca. (Abaixo)

Nova logomarca do museu foi apresentada na sexta-feira

Perspectivas para 2008

Desde o dia 16 de outubro, a sede administrativa do Museu Exploratório de Ciências ocupa um prédio recém-concluído de 115 m2 construído no espaço onde antes se localizava o Observatório a Olho Nu da Unicamp, desativado há doze anos. Com a centralização das atividades do museu, o contato com os visitantes e o acompanhamento das obras da sede definitiva ficou mais fácil. A sede, bem como a exposição permanente “O tempo e a construção do espaço”, devem ser inauguradas por ocasião da 60ª reunião da SBPC, que acontece na Unicamp em Julho de 2008.

Outra atividade que deve continuar em 2008 são os seminários mensais sobre temas relacionados à museologia, educação e disseminação da cultura científica. Realizados sempre nos finais de tarde de quinta-feira, os seminários proporcionam aos participantes, além de debates e troca de experiências, a possibilidade de apreciar o pôr-do-sol de um local privilegiado.

A última edição dos seminários mensais deste ano aconteceu dia 8 de novembro e contou com a participação de Mário Donizeti Domingos, coordenador da Sabina, Escola Parque do Conhecimento. O museu de ciências de Santo André, inaugurado em fevereiro de 2007, é um espaço interativo e lúdico criado pela Secretaria de Educação e Formação Profissional do município. Entre suas atrações, conta com um túnel que mostra a evolução do universo, a sala da vida, com serpentário, aquário e tanque de contato, além de simuladores e mais de 100 experimentos de física. Para Domingos, falta visibilidade ao projeto. “O nosso problema na Sabina é aparecer. Tem gente que mora na frente e não sabe o que é”, revela. Até novembro, já haviam sido investidos mais de 36 milhões de reais no projeto, que deve ganhar em 2008 um planetário e uma casa sustentável.

Exposição propõe novas sensibilidades para desmistificar ciências

Intocáveis? Nem a ciência, nem a arte. Este é o recado do grupo de cientistas e jornalistas que se uniu para montar a instalação artística “Bem me quer, mal me quer – ciência e contemporaneidade”, aberta ao público no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas até o final de fevereiro.

Intocáveis? Nem a ciência, nem a arte. Este é o recado do grupo de cientistas e jornalistas que se uniu para montar a instalação artística “Bem me quer, mal me quer – ciência e contemporaneidade”, exposta ao público no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas e aberta ao público até o final de janeiro. Eles literalmente puseram mãos à obra para colocar o projeto de pé e experimentaram a própria idéia que pretendiam passar: de que tanto arte quanto ciência não se fazem só de mentes brilhantes. E nem estão acima de qualquer suspeita, ou do bem e do mal. Na equipe estão alunos, professores e pesquisadores do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) e da Faculdade de Educação da Unicamp. A exposição faz parte do projeto “Biotecnologias de Rua”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

“Bem me quer, mal me quer”: abertura e construção da exposição.
Fotos: Carolina Justo e Murilo Alves Pereira

 

Empunhando serrotes e furadeiras, em meio a pregos, parafusos, latas de tinta. E com muita negociação para chegar às formas finais. Foi assim que a equipe ergueu as cinco peças que compõem a instalação. A novidade é que os visitantes têm a oportunidade de “dar o seu toque” e interagir com as peças e trazer à tona dúvidas, polêmicas e controvérsias.

Experimentando sensações

Num passeio pela exposição, o som é inquietante: trilhas de filme de suspense se misturam com choro de criança, gritos de bodes e ovelhas. Conforme se sucedem, as cinco instalações, “Luz na escuridão”, “o grande irmão”, “caixas-pretas”, “auto-retrato” e “ciência ou ficção”, nos levam da angústia ao riso, das trevas aos refletores.

Luz na escuridão.
Fotos: Carolina Justo

 

Num túnel escuro. A cada foco de luz que a ciência joga sobre a escuridão do desconhecido, o ser humano que vive a experiência de vida na Terra acredita ter encontrado a luz no fim do túnel para alguma(s) de suas eternas incertezas. A sucessão de focos de luz não é suficiente, entretanto, para clarear o túnel e mostrar a saída para as inquietações do homem. A sensação é a de que a cada novo feixe, a cada novo achado, ele fica mais perdido, de um lado para o outro, sem saber para onde se virar e em quê acreditar, imerso na imensidão do universo, onde as descobertas científicas são como estrelas: fragmentos que piscam ao longe, tão longe que ele não consegue apreender em sua totalidade.

Interação e reflexão

A exposição proporciona aos visitantes possibilidades de reflexão, a partir da interação com as obras. Para Antônio Carlos Amorim é importante destacar o uso da linguagem artística e da subjetividade para a divulgação científica. Amorim é pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um dos coordenadores do projeto “Biotecnologias de rua”. “Pensamos em conceitos para as peças, mas em nenhum momento pensamos em produzir nas pessoas reações fechadas. O nosso objetivo é só fazê-las pensar”, acrescenta Flávia Dourado, jornalista e uma das produtoras da exposição.

Um dos objetivos da exposição é desmistificar simultaneamente os estigmas de que em obra de arte não se encosta e de que ciência não se entende. “Diferentemente de outras exposições artísticas, em que a pessoa vem, olha, contempla, inerte, parada, aqui o visitante está o tempo todo interagindo com a peça, experimentando, tendo uma troca com o material exposto e ao mesmo tempo contato com o conteúdo sobre biotecnologias”, explica Luiz Paulo Juttel, também jornalista e membro do grupo.

Na avaliação de Juttel, a primeira reação do público diante das peças é de estranhamento. Mas, “conforme as pessoas entram na brincadeira e vêem como funciona a instalação, vira uma grande festa!”, completa. Romper com o afastamento que as pessoas costumam ter em relação ao mundo da arte e da ciência é uma das iniciativas da exposição. “Pretendemos passar a idéia de que é possível uma aproximação da sociedade com o mundo do laboratório”, afirma Flávia Dourado. A idéia parece que dá certo. Diante do “auto-retrato”, houve quem definisse o cientista como “trabalhador, proletário, alguém como quase todo mundo”.

Caixa-preta da biotecnologia, além da mídia

Apesar de contar com jornalistas em sua composição, o grupo que montou a exposição não poupou críticas à mídia. Ela é considerada uma das grandes responsáveis pela distorção de sentidos atribuídos às ciências. O tema das biotecnologias é um bom exemplo disso. Para a equipe, a ciência não é detentora da verdade ou de um conhecimento hermeticamente fechado. “Quando você começa a ver de perto, percebe que é um processo humano como muitos outros”, observa Juttel. A mídia, porém, há tempos que colabora para consolidar a áurea de incrível e de espetacular da ciência.

O que tem na caixa-preta… depende do ângulo de visão.
Fotos: Carolina Justo

 

Na peça “ciência ou ficção”, o visitante se depara com capas de revista, notícias e manchetes absurdas, alardeando os “milagres” das biotecnologias: tratam de assuntos como clonagem, transgênicos, biocombustíveis. Mas para enxergar direito é preciso ajustar o foco. “O tema biotecnologia é hoje, dentro da mídia, um dos temas de ciência que mais trabalha com as questões que queríamos trazer à tona: a dicotomia de sentidos, a questão de bem ou mal, a controvérsia na ciência”, explica Juttel. Flávia Dourado arremata: “a única crítica direta que a gente faz é essa: preste um pouco mais de atenção no que a mídia está divulgando!”.

Obesidade e fumo impedem a queda na incidência do câncer

Meta de diminuição da incidência de câncer proposta em 1998 pela Sociedade Americana de Câncer dificilmente será atingida, de acordo com estudo publicado em novembro no periódico científico CA: A Cancer Journal for Clinicians.

Como uma das inúmeras frentes de ataque ao câncer, a Sociedade Americana de Câncer (ACS, sigla em inglês) lançou uma meta, em 1998: reduzir a incidência de câncer em 25% no período entre 1992 e 2015. Uma das estratégias propostas na ocasião foi a redução da prevalência de fatores de risco conhecidos, como o tabaco, obesidade e terapia hormonal, além de disponibilizar exames diagnósticos como mamografia e colonoscopia para um maior número de pessoas.

No entanto, um artigo publicado na edição de novembro/dezembro do periódico científico CA: A Cancer Journal for Clinicians mostrou que o objetivo dificilmente será atingido. Avaliando dados de novos casos de câncer maligno e estimativa populacional, em uma amostra que inclui aproximadamente 10% da população estadunidense, pesquisadores e representantes da ACS apontaram a epidemia da obesidade e o fumo como os grandes vilões que impedem a queda na incidência do câncer. Os resultados desta análise referem-se ao período de 1992 a 2004.

Passados 12 anos do período proposto pela ACS – com metade do caminho andado -, os pesquisadores relataram que a taxa de incidência de câncer vem diminuindo 0,6% ao ano. Este é um dado positivo, mas o ritmo de queda deveria ser mais rápido para se atingir a meta proposta, dizem os autores do estudo. Em 1992, a taxa de incidência era de 511 em cada cem mil pessoas. Em 2004, esta taxa caiu para 471.

As maiores quedas foram observadas entre homens, principalmente nos cânceres de próstata e pulmão, e entre pessoas com faixa etária de 65 a 84 anos, possivelmente devido a um efeito a longo prazo dos diagnósticos precoces e da diminuição do fumo.

“Se quisermos progredir ainda mais, precisaremos não apenas de novos conhecimentos sobre os fatores que podem diminuir a chance de desenvolvermos câncer, mas também esforços redobrados para agirmos em pontos que já sabemos sobre prevenção do câncer”, destaca Tim Byers, médico da Universidade do Colorado e co-autor do artigo. “Particularmente, precisamos continuar a reduzir o consumo de cigarro e começarmos a reverter a epidemia da obesidade”, aconselha Byers.

“Para solucionar definitivamente o problema precisaríamos compreender a gênese do câncer. Mas a resposta não é simples. Câncer não é uma doença causada por um agente como a AIDS ou a tuberculose. Câncer são várias doenças que aparecem em diversos órgãos e que têm origens diferentes”, explica Luiz Paulo Kowalski, do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo, ao comentar especificamente a contribuição brasileira na batalha contra o câncer.

Os pesquisadores americanos analisaram também a incidência dos diferentes tipos de câncer ao longo deste período. Câncer de próstata, pulmão (entre os homens), ovário e estômago estão entre os que reduziram suas taxas de incidência. Nenhuma mudança importante foi observada entre os cânceres de mama, pâncreas ou cérebro, entre outros. Um aumento significativo foi observado no número de casos novos de melanoma, câncer de rim, fígado, tireóide e esôfago. Com exceção de melanoma e tireóide, o aumento na incidência dos demais tipos de câncer foi atribuído principalmente à obesidade.

Os autores discutem que as quedas no uso de tabaco e restrições ao uso de certas terapias hormonais têm contribuído para a diminuição na incidência de diversos tipos de câncer e possivelmente irão afetar mais ainda essas quedas na próxima década. No entanto, essas mudanças favoráveis são de alguma maneira compensadas pelo aumento da prevalência da obesidade, que é fator de risco para inúmeros tipos de câncer.

Os números são assustadores. De acordo com a ACS, 1,5 milhão de pessoas serão diagnosticadas com câncer e cerca de 600 mil pessoas morrerão vítimas dessa doença, só no ano de 2007, nos Estados Unidos. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer, no último ano foram registrados 130 mil óbitos e estimados 470 mil casos novos de câncer.