Livro discute efeitos da valorização do mínimo na economia

Publicado pelo Instituto de Economia da UNICAMP, Salário Mínimo e Desenvolvimento organiza as contribuições de diversos pesquisadores para o debate em torno dos impactos da elevação do mínimo para as contas públicas, o mercado de trabalho, as políticas sociais e a distribuição de renda.

 

Fruto de um seminário realizado em abril no Instituto de Economia da UNICAMP, o livro Salário Mínimo e Desenvolvimento organiza as contribuições de diversos pesquisadores para o debate em torno dos impactos da elevação do mínimo para as contas públicas, o mercado de trabalho, as políticas sociais e a distribuição de renda.

Realizado de forma conjunta pela Universidade Estadual de Campinas (IE/UNICAMP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ), Universidade de São Paulo (Prolam/USP), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE) e Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (ABET), a publicação teve apoio da Caixa Econômica Federal e do Ministério do Trabalho e do Emprego. A organização é de Paulo Baltar, Cláudio Dedecca e José Dari Krein, todos professores do Instituto de Economia da UNICAMP e pesquisadores do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (CESIT).

A premissa do livro é a sustentação da tese de que o salário mínimo pode ser um dos instrumentos fundamentais para garantir o desenvolvimento econômico e diminuir a desigualdade e a pobreza no Brasil. A partir disso, os 18 artigos que compõem a publicação enfrentam o discurso conservador que, recorrentemente, trata a elevação do salário mínimo como uma impossibilidade econômica e um despautério para o crescimento do país.

O lançamento aconteceu na comemoração de 22 anos da CUT, em 1º de setembro, em São Paulo.

Trabalhadores e professores unem-se por “Universidade Global do Trabalho”

Objetivo é oferecer ao trabalhador maior capacidade analítica e de negociação em tempos de desregulamentação do trabalho. Curso piloto já funciona desde 2004, na Alemanha, e novos devem ser abertos na América Latina, Ásia, Europa e América do Norte nos próximos anos.

A Unicamp é “parceira” em um ousado projeto: a constituição de uma Universidade Global do Trabalho, que estreite a relação entre sindicatos do mundo todo, a Organização Internacional do Trabalho e a comunidade científica. Hansjörg Herr, coordenador da iniciativa, esteve no Brasil no início de setembro para conhecer melhor a situação do país e observar as pesquisas desenvolvidas na área.

No escopo do plano, um curso piloto de mestrado em “Políticas do Trabalho e Globalização” está sendo realizado na Universidade de Kassel e na Escola de Economia de Berlim, com 23 alunos de diversas nacionalidades, desde 2004. Hansjörg Herr classificou a experiência como um “sucesso”. Alguns exemplos do êxito são a criação de um grupo (de alunos e professores) realmente internacional e a organização de estágios para estudantes em Genebra, na sede da OIT, e em Bruxelas, na confederação de sindicatos europeus (ETUC). Depois desse experimento, o objetivo é implementar cursos de mestrado no Brasil e na África do Sul para, nos próximos anos, disseminá-los para outras universidades da América Latina, África, Ásia, Europa e América do Norte.

O Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (CESIT/IE) da Unicamp acompanhou de perto a concepção do projeto e teve, através do professor e pesquisador Davi José Nardy Antunes, participação em seminários e exposição de trabalhos na Alemanha.

A capacidade analítica e a habilidade política dos trabalhadores são fundamentais para enfrentar questões que, cada vez mais, têm minado a regulação do trabalho em âmbito internacional. Um projeto que vise à qualificação estratégica e tenha o rigor da academia para os sindicatos é, certamente, um fortalecimento para a classe nos áridos debates sobre políticas econômicas e sociais.

Preguiças brasileiras estão negligenciadas

O Brasil possui cinco espécies de bicho-preguiça, que acabam sendo desconhecidas em função de seus hábitos discretos. Embora sejam animais simpáticos, os especialistas alertaram, durante o 51º Congresso nacional de Genético, concluído no último dia 9, que os animais têm sido negligenciados. “Precisamos olhar com mais cuidado para a preguiça. Por que nos interessamos tanto pelo urso-panda, e outras espécies exóticas? Há de se fazer algo em prol da preguiça”, pediu João Morgante do Laboratório de Biologia Evolutiva e Conservação do Departamento de Biociências da USP.

O Brasil possui cinco espécies de bicho-preguiça, que acabam sendo desconhecidas em função de seus hábitos discretos. Embora sejam animais simpáticos, os especialistas alertaram, durante o 51º Congresso nacional de Genético, concluído no último dia 9, que os animais têm sido negligenciados. “Precisamos olhar com mais cuidado para a preguiça. Por que nos interessamos tanto pelo urso-panda, e outras espécies exóticas? Há de se fazer algo em prol da preguiça”, pediu João Morgante do Laboratório de Biologia Evolutiva e Conservação do Departamento de Biociências da USP.

Juntamente com outros três especialistas, Morgante apresentou dados sobre a conservação, filogenia (relações de parentesco) e filogeografia dos dois únicos gêneros existentes no Brasil: Choloepus, das preguiças-de-dois-dedos, e o Bradypus, das preguiças-de-três-dedos, com 4 espécies. Mas não foi sempre assim. Registros fósseis mostram que existiram cerca de 100 gêneros de preguiça no continente Americano, antes da extinção ocorrida há cerca de 11 ou 12 mil anos (fim do Pleistoceno). Entre as razões que tentam explicar a extinção estão drásticas mudanças ambientais e a chegada do homem na América do Sul.

As informações sobre os ancestrais e as origens genéticas das preguiças podem ajudar na sua conservação. Horácio Schneider, da Universidade Federal do Pará em Bragança, tem estudado as relações de parentesco entre as espécies de preguiça, assim como com seus parentes mais próximos – os tamanduás. Apesar de sua pesquisa representar um importante avanço no conhecimento da genealogia desses animais, os dados disponíveis deixam dúvida quanto a eventos evolutivos mais antigos. Para solucionar essas dúvidas, Schneider afirma que será necessário utilizar seqüências de outros genes assim como uma análise comparativa de espécies fósseis.

Outro agravante na pesquisa é a dificuldade em observá-las. Paula Ruiz, da Universidade Federal de Minas Gerais, diz que é possível caminhar por dias sem encontrar nenhuma preguiça. Ao contrário de outras espécies, as preguiças não costumam ser capturadas em armadilhas. “É impossível fazer conservação sem conhecimento da ecologia do animal em questão”, declarou Ruiz.

A espécie mais amplamente distribuída pelo território nacional é a preguiça-comum ou preguiça-de-óculos (Bradypus variegatus). Apesar de ocorrer em florestas de quase todo o Brasil, a bióloga Nádia de Moraes-Barros, do grupo de pesquisa de Morgante, pouco se sabe a respeito de sua história demográfica, densidade populacional e padrões de migração. Os estudos da bióloga indicam que as linhagens da Amazônia e da Mata Atlântica da preguiça-comum representam unidades evolutivas distintas, além de haver uma diferença marcada entre o norte e o sul da Mata Atlântica. Para ela é preciso estabelecer, pelo menos, três unidades de conservação para essa espécie.

Atualmente, a única espécie brasileira reconhecida como ameaçada é a preguiça-de-coleira, B. torquatus. As preguiças são animais de vida longa, baixa taxa reprodutiva, com populações isoladas e com baixa variabilidade genética. Por serem sedentárias e alimentarem-se unicamente de folhas, são extremamente sensíveis ao desmatamento, o que resulta em um alto risco de extinção. Ironicamente, o tempo corre rapidamente contra a conservação destes animais, por isso os especialistas pedem estratégias reais de conservação.

Leia mais

  • Encruzilhada genética, artigo de Marcos Pivetta no número 108 (fevereiro de 2005) da revista Pesquisa Fapesp sobre o trabalho feito pelos grupos de pesquisa brasileiros a respeito do bicho-preguiça.
  • What does it mean to be a sloth? (O que significa ser uma preguiça?), artigo de Craig Holdrege (em inglês).