Grãos pré-cozidos estão sendo testados no mercado

Prontos para o consumo em dois minutos. Parece impossível, mas é isso mesmo. Uma tecnologia criada na Unicamp permite que hoje esteja disponível no mercado o feijão e a soja pré-cozidos. O consumidor precisa apenas temperar o produto antes de comer. A aceitação dos dois produtos pelo consumidor está sendo analisada desde o dia 10 de novembro. O processo de pré-cozimento industrial de grãos foi desenvolvido durante as pesquisas de doutorado do engenheiro químico Franz Salces Ruiz, na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp.

Prontos para o consumo em dois minutos. Parece impossível, mas é isso mesmo. Uma tecnologia criada na Unicamp permite que hoje esteja disponível no mercado o feijão e a soja pré-cozidos. O consumidor precisa apenas temperar o produto antes de comer. A aceitação dos dois produtos pelo consumidor está sendo analisada desde o dia 10 de novembro. O processo de pré-cozimento industrial de grãos foi desenvolvido durante as pesquisas de doutorado do engenheiro químico Franz Salces Ruiz, na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp.

Ruiz explica que os grãos são pré-cozidos com vapor, sem colocá-los de molho na água, o que faz com que o número de nutrientes perdidos seja menor do que no processo tradicional de cozimento. “Para fazer o cozimento em casa, o tempo médio vai de 20 a 40 minutos na panela de pressão, dependendo do tipo de feijão. Dessa forma, as proteínas e vitaminas acabam sendo perdidas na água. O processo de pré-cozimento com vapor leva menos de 10 minutos e não há contato com água, ou seja, são poucas as perdas de nutrientes”, compara. De acordo com ele, não há alteração no sabor ou coloração dos grãos pré-cozidos.

Para que o pré-cozimento funcione, entretanto, o pesquisador esclarece que é necessário um rígido controle de qualidade da matéria-prima. “Apenas 50% do feijão que sai do campo é aproveitado”, diz. O motivo disso é garantir que todos os grãos sejam do mesmo tamanho e densidade, pois, somente dessa forma, todas as unidades vão estar no ponto certo de amolecimento e não umas ainda firmes e outras moles demais. Para que a uniformidade dos grãos seja mantida, eles passam por quatro etapas de seleção e lavagem antes de serem pré-cozidos.

Logo após o pré-cozimento, os grãos são congelados e embalados. Ruiz orienta que os produtos devem ser guardados no freezer à temperatura de 15 a 20 graus Celcius negativos. A recomendação é de que o consumo seja feito em até dois anos. Em casa, para consumir o produto, a pessoa precisa apenas temperar o feijão e fervê-lo por dois minutos. Ruiz declara que trabalha atualmente nos ajustes do processo para outros tipos de grãos: arroz integral, grão-de-bico, lentilha e ervilha. Para cada uma dessas matérias-primas, Ruiz precisa adaptar as condições da máquina ao tamanho e forma das partículas, além de ajustar fatores como pressão e tempo de pré-cozimento. Ainda não há data para o lançamento desses novos produtos.

O início das pesquisas O engenheiro conta que decidiu investir na idéia de criar uma forma alternativa de processamento de grãos ao perceber as perdas nutricionais contabilizadas no processo tradicional de cozimento do feijão e o tempo desse processo. O desenvolvimento da tecnologia demorou quatro anos para se concluído. Durante esse período, Ruiz montou uma empresa, a Green Technologies, que ficou incubada na Incubadora de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp) por três anos. Na época, a pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Sebrae.

A tecnologia desenvolvida por ele foi transferida para uma empresa de produtos congelados, a Ati-Gel, em agosto de 2004. Essa empresa atua como fornecedora de restaurantes, hotéis e companhias aéreas. Em meados deste ano, a Broto Legal tornou-se parceira da Ati-Gel e passou a disponibilizar o produto ao consumidor final. “Acreditamos no crescimento do segmento de produtos fáceis de preparar”, argumenta a gerente comercial da Broto Legal, Thaís Storti.

Centro para estudos ambientais e de sustentabilidade entra em atividade

A Petrobras doará o Centro de Capacitação e Pesquisa em Meio Ambiente (Cepema) à Universidade de São Paulo (USP) em meados deste ano. A iniciativa partiu do Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental (TAC), que obriga empresas a compensar danos ambientais através de investimento social na comunidade. Embora o centro ainda esteja em construção, vários projetos já estão sendo conduzidos por pesquisadores de diversas áreas de conhecimento, como engenharia, biologia, química, geologia, geofísica, ciências biomédicas, farmácia, agricultura e veterinária. A idéia é reunir todas essas especialidades com o objetivo de desenvolver estudos sobre sustentabilidade ambiental, com enfoque multidisciplinar. “É um modelo bem inovador para o Brasil e para a USP”, diz Frank Quina, do Instituto de Química da USP, que é vice-coordenador do Cepema e coordenador de pesquisa básica junto ao centro.

Sede do Cepema em construção, no dia 19 de dezembro de 2005.
Foto: Frank Quina

 

A Petrobras doará o Centro de Capacitação e Pesquisa em Meio Ambiente (Cepema) à Universidade de São Paulo (USP) em meados de 2006. A iniciativa partiu do Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental (TAC), que obriga empresas a compensar danos ambientais através de investimento social na comunidade. Embora o centro ainda esteja em construção, vários projetos já estão sendo conduzidos por pesquisadores de diversas áreas de conhecimento, como engenharia, biologia, química, geologia, geofísica, ciências biomédicas, farmácia, agricultura e veterinária. A idéia é reunir todas essas especialidades com o objetivo de desenvolver estudos sobre sustentabilidade ambiental, com enfoque multidisciplinar. “É um modelo bem inovador para o Brasil e para a USP”, diz Frank Quina, do Instituto de Química da USP, que é vice-coordenador do Cepema e coordenador de pesquisa básica junto ao centro.

O Cepema está localizado em uma área de 20 mil m2 em Cubatão (SP), próximo à refinaria da Petrobras. O contrato, assinado em 2004, prevê que a Petrobras também forneça fundos para a manutenção básica do centro por cinco anos, mas a gestão fica a cargo da universidade. A construção deve ser concluída no início de 2006, para então começar a fase de montagem dos laboratórios e instalação de equipamentos. Para tanto, a empresa liberou, em dezembro, uma verba de R$1,8 milhão.

Representação do projeto da sede do Cepema.
Crédito: Ateliê de Arquitetura Carlos Bratke

 

Carlos Bratke, autor do projeto arquitetônico, se preocupou em desenhar um prédio com características pouco agressivas ao meio ambiente, além de ser funcional para os pesquisadores. Em reuniões com os cientistas, o arquiteto buscou soluções que reunissem funcionalidade ideal e bons princípios arquitetônicos, tanto estéticos como práticos.

O centro de pesquisa, idealizado por Claudio Oller da Engenharia Química da USP, abrigará laboratórios para pesquisa, salas de aula, acomodações temporárias para pesquisadores, um jardim botânico, uma biblioteca, um viveiro de mudas da Mata Atlântica, um centro de recuperação de animais nativos da região e um museu de ciências. Frank Quina afirma que o museu fará parte da formação continuada de professores da rede pública. A partir de um trabalho direto com a comunidade, as atividades e exposições do museu responderão às necessidades de ensino a cada momento. O esforço em contribuir para a capacitação de professores da rede pública envolve um projeto de integração do conhecimento, que será trabalhado a princípio na região de Cubatão e da Baixada Santista. Quina espera desenvolver propostas de ensino que insiram questões ambientais em todas as disciplinas escolares.

Pesquisa e serviços ambientais

As atividades de conservação de flora e fauna a serem desenvolvidas no Cepema incluem um centro de triagem e tratamento de animais sob responsabilidade de um grupo da Faculdade de Veterinária da USP. Animais nativos da Mata Atlântica local serão acolhidos para tratamento e reintrodução na natureza.

Já existe financiamento para a produção de um guia de campo que deverá aproximar o público da Mata Atlântica local. O guia deverá, segundo Quina, estar ao alcance de todos para ressaltar pontos de interesse, como a fauna e flora da região e, com isso, suprir a ausência de informações sobre a serra do Mar. O recurso será especialmente útil para aqueles que descem o percurso conhecido como “Caminho do Mar”, que se inicia em Paranapiacaba (SP). O pesquisador responsável pelo projeto terá também a incumbência de iniciar o viveiro de mudas e jardim botânico.

Existem ainda diversos projetos com repercussão para o meio ambiente em andamento sob a égide do Cepema, entre eles os que prevêem melhorias de processos químicos e energéticos, monitoramento de degradação de poluentes usando radiação solar e artificial e estudos sobre toxinas liberadas por algas em reservatórios artificiais ou no mar. Outro tema a ser trabalhado é o de emissão de gás carbônico (CO2), para o qual está planejada a participação de um pesquisador do Massachusetts Institute of Technology (MIT, nos EUA) para ministrar curso de seqüestro de carbono, com intuito de montar um grupo de pesquisa na área. O pólo industrial de Cubatão é um laboratório ideal para essa linha de pesquisa.

O financiamento para os projetos é obtido sobretudo de forma independente através de agências financiadores de pesquisa, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). No entanto, o Cepema também conta com acordos de financiamento com os gigantes industriais Petrobras e Alcoa. Um novo programa da Alcoa Foundation, braço da indústria de alumínio, reúne universidades de diversos países que queiram desenvolver projetos na área de desenvolvimento sustentável. O encontro entre a Alcoa e a USP foi iniciado por Lúcia Lohmann, botânica da USP, que buscou cientistas com interesse em integrar ciência e sociedade de uma forma multidisciplinar. “Muitos pesquisadores têm resistência a envolver-se com financiamento privado”, lamenta. No entanto, ela acredita que a Alcoa esteja comprometida com o desenvolvimento socioambiental e esta interação poderá contribuir para o estabelecimento de práticas ambientais saudáveis no país. Segundo a botânica, a empresa disponibilizou fundos que permitem unir pesquisa e desenvolvimento, o que abre a possibilidade de uma contribuição real para o meio ambiente. “Além do trabalho dos pós-doutorandos dentro dos seus próprios centros de pesquisa, eles também terão a oportunidade de visitar as outras universidades envolvidas no programa [London School of Economics and Political Science (Inglaterra), Curtin University (Austrália), Michigan University (EUA) e Tsinghua University (China)] para um intercâmbio de idéias, o que também contribuirá para uma inserção da USP dentro de um cenário internacional”, comenta.

De acordo com Frank Quina, estudantes de doutorado deverão fazer pesquisa por pelo menos um ano nas dependências do Cepema em Cubatão. É essencial, acredita o pesquisador da USP, a convivência científica e social de pesquisadores em um espaço único. “Reunir pessoas de áreas diferentes acaba dando uma sinergia de idéias”, afirma.

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Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental (TAC)

O TAC foi instituído pela lei no. 7347, de 24 de julho de 1985. O intuito desta lei não é somente punir, mas promover a recomposição do ambiente degradado. A assinatura de um TAC obriga o infrator a corrigir seus efeitos negativos sobre o meio ambiente. A lei pode ser aplicada por órgãos regionais de regulamentação ambiental e contra pessoas físicas ou jurídicas, que definem o valor e as condições do termo. Exemplos de infratores freqüentes são indústrias, usinas e agronegócios. Os recursos solicitados pela assinatura de um TAC devem ser utilizados em projetos de desenvolvimento socioeconômico.

Falta disciplina no uso de medicamento contra acne

A isotretinoína é o composto ativo de medicamentos para o tratamento de casos graves de acne. O seu uso pelas mulheres requer medidas contraceptivas, pois a substância é teratogênica, ou seja, pode causar má formação fetal. No Brasil o tratamento depende de receita especial e assinatura de termo de responsabilidade, no qual está explicito o risco de má formação fetal e a necessidade de uso de dois métodos contraceptivos. Mesmo assim, desde que foi autorizado para venda na década de 1990, mais de 250 bebês nasceram com deformações na face, orelhas, coração e sistema nervoso, devido ao uso do medicamento. De 1998 a 2003, só no estado de São Paulo foram registrados 145 casos de efeitos colaterais, 14 deles relacionados à gravidez. A falta de disciplina durante o tratamento também existe nos países de primeiro mundo.

A isotretinoína é o composto ativo de medicamentos para o tratamento de casos graves de acne. O seu uso pelas mulheres requer medidas contraceptivas, pois a substância é teratogênica, ou seja, pode causar má formação fetal. No Brasil o tratamento depende de receita especial e assinatura de termo de responsabilidade, no qual está explicito o risco de má formação fetal e a necessidade de uso de dois métodos contraceptivos. Mesmo assim, desde que foi autorizado para venda na década de 1990, mais de 250 bebês nasceram com deformações na face, orelhas, coração e sistema nervoso, devido ao uso do medicamento. De 1998 a 2003, só no estado de São Paulo foram registrados 145 casos de efeitos colaterais, 14 deles relacionados à gravidez. A falta de disciplina durante o tratamento também existe nos países de primeiro mundo.

Estudo publicado em outubro no periódico Wiley Interscience mostrou que os programas de contracepção nos Estados Unidos e recomendados pela agência reguladora de alimentos e medicamentos Food and Drug Administration (FDA) não são seguidos por todas as pacientes. Coordenado pela pesquisadora Julia Robertson, do departamento de Saúde de Utah, em Salt Lake City, o estudo envolveu 34 das 109 mulheres que procuraram o serviço de informações em teratologia (OTIS, Organization of Teratology Information Service), entre 2002 e 2004, alegando gravidez durante o tratamento.

A maioria dessas mulheres (76%) disse não ter realizado dois testes de gravidez antes de iniciar o tratamento, 35% dela não fizeram teste mensal de gravidez, e pouco mais da metade assinou o termo de ciência quanto aos riscos a que submeteriam o feto, em caso de gravidez – recomendações básicas da FDA. Além disso, a maioria apresentava casos de acne leve, sem necessidade real de uso desse remédio. Segundo a pesquisadora, a baixa participação das mulheres na pesquisa já era esperada, porque estudos anteriores mostraram que 72% das mulheres que têm exposição fetal à isotretinoína preferem interromper a gravidez e não se dispõe a participar de qualquer pesquisa.

A partir de 2006, a venda do medicamento ficará mais rigorosa nos Estados Unidos. Com a implantação do programa Ipledge, anunciado no fim de outubro pela FDA, será criado um banco de dados para registrar fabricantes, médicos e pacientes, além de uma linha telefônica para dar mais segurança ao tratamento.

No Brasil, o medicamento só é vendido nas farmácias autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A substância está na lista do Programa de Dispensação em Caráter Excepcional, que engloba remédios para mais de 100 problemas crônicos, como osteoporose, asma, insuficiência renal e hepatite. Em clínicas particulares, seis meses de tratamento chegam a custar quase R$ 2,5 mil. Em 2004, o Ministério da Saúde financiou para a rede pública mais de três milhões de cápsulas de isotretinoína, a um custo de R$ 7,5 milhões. Para 2005, esse valor foi estimado em R$ 10 milhões. Para se conseguir o tratamento pelo SUS, a burocracia é maior, dependendo da disponibilidade de verba e, em alguns casos, exige-se até aprovação judicial.

A Anvisa, não tem controle dos medicamentos que foram efetivamente utilizados, nem da utilização de métodos contraceptivos pelas mulheres que se submetem a essa terapêutica. O governo federal distribui anticoncepcionais, o que, em tese, possibilita a contracepção das pacientes de baixa renda. Para o dermatologista e pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, Aloisio Gamonal, os casos de gravidez durante o tratamento acontecem em sua maioria porque os usuários permitem que suas parceiras, colegas e irmãs façam uso do medicamento, sem a orientação adequada. “Os médicos também não enfatizam com rigor os problemas [colaterais]”, diz.

Mais de três milhões de jovens sofrem com a acne no Brasil. Porém, medicamentos à base de isotretinoína só devem ser utilizado em casos graves. Homens e mulheres devem estar conscientes de que o tratamento pode causar depressão, problemas no fígado, incômodos digestivos, reincidência de acne, ressecamento labial e das mucosas nasal e ocular, queda de cabelo, sangramento nasal, dores de cabeça, além de aumento do colesterol e triglicérides. Todos esses efeitos colaterais desaparecem com o fim do tratamento.