Iniciativas para conter impactos ambientais começam a ser levantadas pelas cidades

As populações urbanas consomem 75% das reservas naturais mundiais, produzindo 75% de seu lixo, segundo dados da ONU. Dessa forma, é necessário que medidas para combater os efeitos das mudanças climáticas sejam definidas de forma descentralizada, ou seja, pelas administrações das próprias cidades e não em escala nacional. Essa idéia está em discussão no interior de São Paulo: em São Carlos, uma carta enviada pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) a vereadores, empresas e Ministério Público quer acrescentar na Planta Genérica de Valores (PGV), que estipula o preço do IPTU, um valor referente ao impacto ambiental causado por um imóvel.

As populações urbanas consomem 75% das reservas naturais mundiais, produzindo 75% de seu lixo, segundo dados da ONU. Dessa forma, é necessário que medidas para combater os efeitos das mudanças climáticas sejam definidas de forma descentralizada, ou seja, pelas administrações das próprias cidades e não em escala nacional. Essa idéia está em discussão no interior de São Paulo: em São Carlos, uma carta enviada pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema) a vereadores, empresas e Ministério Público quer acrescentar na Planta Genérica de Valores (PGV), que estipula o preço do IPTU, um valor referente ao impacto ambiental causado por um imóvel. O debate já é antigo no município, mas ganhou destaque neste ano porque a prefeitura está revendo os valores da PGV, recalculando os valores do IPTU.

As equipes envolvidas com a mudança na PGV já enviaram suas sugestões para a Câmara Municipal. “Eles estão avaliando como proceder para incluir como uma nova lei a partir de 2006”, explica o autor da carta Eduardo Mario Mendiondo, membro do Comdema e coordenador do Núcleo Integrado de Bacias Hidrográficas (NIBH) da USP de São Carlos. Na opinião dele, a cobrança referente ao impacto ambiental deveria ser imediata para as novas construções e gradativa para os imóveis antigos ou já consolidados em planta na prefeitura.

A descentralização de ações no combate aos prejuízos causados ao meio ambiente também foi tema de discussão da Conferência World Cities Leadership Climate Change, ocorrida em Londres no início de outubro. O encontro reuniu mais de 20 representantes de diferentes cidades do mundo, que trocaram experiências bem sucedidas na tomada de medidas para reduzir os danos ambientais em escala municipal.

A carta de São Carlos se baseia em dados da Avaliação Ecossistêmica do Milênio, iniciativa que reuniu 1360 especialistas de 95 países que, entre 2000 e 2005, a pedido do secretário-geral da ONU Kofi Annan, estudou futuros cenários ambientais até o ano 2100. Assim, segundo o documento, o município estaria mais preparado para enfrentar a penúria ambiental que marcará a próxima década (2010 a 2020), porque a maioria das prefeituras não terá investido o suficiente em projetos relativos à preservação ambiental entre os anos de 2005 e 2020.

Além disso, Mendiondo espera candidatar a cidade a receber contrapartidas de mercados ambientais, como por exemplo, o mercado de carbono, realizando o que ele chama de urbanização inteligente. Segundo ele, o passivo ambiental de São Carlos gira em torno de R$ 2 a 3 bilhões hoje. A idéia é que, em 2020, ocorra uma diminuição de 50% da dívida ambiental com os resultados alcançados pela cobrança aos imóveis.

A população pode diminuir os impactos ambientais gerados em seu imóvel aplicando às construções dispositivos de detenção e/ou retenção de água pluvial do lote, fazendo um reaproveitamento da água e evitando inundações. “O proprietário do imóvel, além de reaproveitar a água, tem a possibilidade de reduzir a poluição difusa que acaba agravando o problema de entupimento de bueiros e bocas de lobo. Reduz também o transporte de substâncias contaminantes”, explica Mendiondo. A água, sugere ele, pode ser reaproveitada para usos não potáveis, como lavagem de calçadas e quintais, irrigação em jardins, hortas domiciliares ou para dar descarga nos vasos sanitários do banheiro. “Os dispositivos para essas medidas são objeto de constante pesquisa nas universidades e sua execução pode ser feita com mão-de-obra comum, junto com o acompanhamento de um técnico da área”, completa ele.

Cientistas defendem métodos alternativos para experimentos com animais

Biólogos brasileiros estão somando forças na busca por métodos que substituam a utilização de animais vivos em pesquisas científicas (prática conhecida como vivissecção) sem prejudicar, no entanto, o desenvolvimento das pesquisas científicas. Desde a década de 1990, eles encabeçam movimentos e fundam ONGs que, a exemplo de outros países, pesquisam e divulgam informações sobre métodos alternativos, além de reivindicar junto ao Congresso leis específicas para regulamentar a utilização de animais em experimentos científicos. As pesquisas mais recentes sobre métodos substitutivos estão reunidas no livro Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação – pela ciência responsável, escrito pelo biólogo Sérgio Greif e publicado este ano pela ONG Instituto Nina Rosa.

O conjunto de técnicas alternativas defendidas no livro inclui, entre outros, testes in vitro (realizados em tecidos e células vivas), utilização de vegetais, estudos clínicos e não invasivos em pacientes humanos voluntários, estudos epidemiológicos, técnicas fisico-quimicas (como a tomografia) e estudos em cadáveres. O livro destaca ainda a utilização da tecnologia para criar simulações computacionais, softwares educacionais, filmes, modelos matemáticos, nanotecnologia e até manequins criados especialmente para determinados procedimentos.

“Os métodos alternativos de pesquisa que excluem animais são mais baratos a médio e longo prazo, mais refinados, mais confiáveis, mais rápidos e facilmente reproduzíveis”, argumenta o autor. Este é o segundo livro que Greif escreve contra as pesquisas com animais. Em 2000 ele escreveu em parceria com outro biólogo, Thales Trèz, o livro A Verdadeira Face da Experimentação Animal – A sua saúde em perigo, também publicado pelo Instituto Nina Rosa.

Trèz é fundador e principal porta-voz de outra ONG, a InternicheBrasil, que, assim como o Nina Rosa, oferece apoio aos estudantes que se recusam a participar do uso prejudicial de animais no ensino, além de ajudar na implementação de métodos de pesquisa substitutivos que existem. “Como toda metodologia, essas técnicas possuem limitações específicas, pois nada pode simular o verdadeiro quadro clínico ou sistêmico. Mas certamente são mais eficientes do que o modelo animal”, afirma.

Ele argumenta que os laboratórios insistem na vivissecção porque se acomodaram à essa técnica. “Temos toda uma tradição e estrutura que favorecem a perpetuação deste tipo de metodologia. Alguns apontam que as novas abordagens e metodologias de pesquisa que não se baseiam em modelos animais são mais caras, colocando um obstáculo para tal implementação, mas esquecem-se do custo elevado para manutenção de animais em biotérios”, justifica.

Para o coordenador do grupo de pesquisa em Interação de Fotossensibilizantes com Estruturas Celulares do Laboratório de Biologia Celular e Tecidual do Instituto de de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D) da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), Newton Soares da Silva, a vivissecção de animais ainda é uma prática necessária para a experimentação científica, afirma o professor. “O que se pode fazer é tentar reduzir ao máximo o número de animais utilizados na pesquisa, seguindo uma série de protocolos como os estabelecidos pelo Cobea [Colégio Brasileiro de Experimentação Animal] e pelos Comitês de Ética em Experimentação Animal”, aponta. Na farmacologia, por exemplo, ainda é difícil eliminar totalmente o uso de animais, pois vários testes ainda são imprescindíveis para se conhecer os efeitos fisiológicos que uma nova substância causará no organismo como um todo.

O princípio dos três “erres”

A preocupação no meio científico em relação a experimentos com animais começou na Inglaterra logo após a Segunda Guerra Mundial, em 1947, com trabalhos da Universities Federations for Animal Welfare (Federação de Universidades para o Bem Estar Animal) discutindo questões éticas relacionadas às cobaias de laboratórios. Em 1959, o zoologista William M. Russel e o microbiologista Rex L. Burch apresentaram para a comunidade científica o livro The Principles of Humane Experimental Techinique (“Os princípios da técnica experimental humana”), no qual propunham o princípio do “3R’s” na pesquisa científica: Redução, Refinamento e Substituição (em inglês, Reduction, Refinement, Replacement).

Os pesquisadores definiam os três erres como, respectivamente, a busca e desenvolvimento tecnológico de métodos que minimizassem a incidência e a severidade de procedimentos científicos em animais, principalmente no campo da toxicologia experimental; a diminuição do número de animais utilizados; e o emprego de materiais não-sensitivos, substituindo os métodos “in vivo pelos in vitro”.

Debatidos pelos cientistas durante as décadas de 60 e 70, os princípios de Russel e Burch foram adotados pela Europa somente na década de 1980, quando foi criada a European Directive 86/609, uma convenção que descreve as leis que regem a proteção dos animais usados em experimentação. Thales Trèz comenta que esses princípios estão cada vez mais sendo levados a sério pela comunidade científica, “para evitar abusos na utilização de animais”.

Atualmente, tramita em Brasília o projeto de Lei 1691, de 2003, que propõe a proibição de qualquer experimento sem o emprego de anestesia, ou que provoque dores fortes, sofrimento psicológico ou lesões graves nos animais. Com o aval de quase uma centena de entidades de proteção animal, o projeto propõe ainda a obrigatoriedade de submeter as pesquisas que envolvam animais às comissões de ética, a proibição de experimentos com animais quando já existirem métodos alternativos ou substitutivos à experimentação e a determinação do direito de escusa de consciência à experimentação animal. Ou seja, se aprovada, a lei garantirá que nenhum estudante, funcionário, pesquisador ou professor sofra sanção administrativa por se recusar a praticar ou cooperar em experimentos que envolvam animais.

Para saber mais, visite:

http://www.apasfa.org/leis/declaracao.shtml http://www.arcabrasil.org.br http://www.cobea.org.br/ http://dels.nas.edu/ilar_n/ilarhome/index.shtml http://www.internichebrasil.org http://grants2.nih.gov/grants/olaw/olaw.htm http://www.peta.org http://www.institutoninarosa.org.br http://www.pea.org.br/

Livros:

Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação – pela ciência responsável, de Sérgio Greif. Publicado pelo Instituto Nina Rosa e à venda no site da ONG: www.institutoninarosa.org.br .

A Verdadeira Face da Experimentação Animal – A sua saúde em perigo, de Thales Trèz e Sérgio Greif. Lançado em 2000 e também disponível para compra no site do Instituto Nina Rosa.

Conversor de texto em fala é finalista do Prêmio Santander Banespa de Empreendedorismo

Um projeto de conversão de texto em fala desenvolvido na Unicamp foi um dos 20 selecionados para a final do Prêmio Santander Banespa de Empreendedorismo. A tecnologia poderá ser usada por provedores de conteúdo, para ensino à distância, por deficientes visuais e pessoas que gostam ou precisam fazer várias atividades ao mesmo tempo. O acesso ao conversor será possível por meio de celulares e computadores pessoais. O trabalho é resultado de parceria entre pesquisadores da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) e do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL).

Com a idéia de criar tecnologia e soluções para conversão de texto em fala, um grupo de pesquisadores da Unicamp conseguiu ser classificado para a final do Prêmio Santander Banespa de Empreendedorismo. O projeto está entre os 20 selecionados de todo o país.

O grupo que trabalha no projeto é composto por dois pesquisadores da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) e dois do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). O projeto está pré-incubado junto a Agência de Inovação, a Inova, desde junho deste ano, em parceria com a Empresa Júnior Conpec.

Edmilson da Silva Morais, doutorando pela FEEC, explica que o foco atual das pesquisas é a criação de um software e de aplicativos voltados para a conversão de texto em fala com qualidade para o português brasileiro.

O diretor de Parques Tecnológicos e Programas de Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica da Inova, Eduardo Grizendi, que acompanha o projeto, argumenta que a iniciativa do grupo está de acordo com a tendência tecnológica atual de interação entre homem e máquina. Para ele, o trunfo da equipe está em desenvolver uma tecnologia que poderá ser adaptada para vários fins. “O conversor poderá ser usado por provedores de conteúdo, para ensino à distância, por portadores de deficiência visual, ou mesmo por pessoas que fazem várias atividades ao mesmo tempo”, enumera Grizendi.

Um dos cuidados que a equipe tem tomado é de manter a naturalidade da fala do conversor, conforme alerta a doutoranda do IEL, Jussara Melo Vieira. Os pesquisadores pretendem garantir a prosódia da língua, possibilitar variações de estilos de locução e uso de diferentes vozes no conversor.

Morais esclarece que o grupo entrou para o programa de pré-incubação com o intuito de ganhar tempo para amadurecer a tecnologia e adquirir preparo para enfrentar o mercado de forma consistente. Além de terem tempo para fazer o aprimoramento técnico do produto, os pesquisadores passam por cursos sobre gerenciamento de empresa e realizam levantamentos e análises de mercado. O objetivo desses levantamentos é concluir o período de pré-incubação tendo um plano de negócios e um plano de mercado, que serão necessários também para a última fase do concurso.

O Prêmio Santander Banespa de Empreendedorismo

O objetivo do Prêmio Santander Banespa de Empreendedorismo é incentivar e reconhecer projetos e práticas empreendedoras de alunos de graduação e pós-graduação, de instituições de ensino parceiras. O Prêmio está dividido em cinco áreas: indústria, comércio, serviços, responsabilidade social e tecnologia. O melhor projeto de cada categoria será premiado com R$ 50 mil. Entre os cinco premiados em cada categoria, um receberá o Prêmio Empreendedorismo Brasil e mais R$50 mil.

A seleção dos trabalhos teve início em julho. O resultado com os vinte finalistas foi divulgada em outubro. Como avaliação final dos trabalhos selecionados para a última etapa as equipes precisam apresentar, em novembro, um plano de negócios e no mesmo mês será divulgado o resultado final do Prêmio.

Grizendi acredita que a seleção do projeto do conversor de texto-fala como um dos finalistas do Prêmio é a prova de que a tecnologia desenvolvida é viável e o negócio é empreendedor.

Também fazem parte do grupo Jaqueline Vieira Gonçalves, doutoranda pela FEEC, e Pablo Arantes, mestrando no IEL. O professor e pesquisador da FEEC, Fábio Violaro, e o professor e pesquisador do IEL, Plínio Barbosa, são os mentores acadêmicos do projeto.

Conheça os demais finalistas.