A biblioteca Mário Schenbert se torna a primeira biblioteca pública da rede municipal no Brasil a assumir uma vocação na divulgação da ciência. A partir da idéia de aproximação dos espaços das bibliotecas públicas com a população do entorno urbano em que elas estão, foi desenvolvido o projeto de Núcleos Temáticos, que desde o começo do ano passado vem tomando corpo na cidade de São Paulo. O projeto prevê, além do aumento das obras referenciais no tema escolhido, a utilização do espaço das bibliotecas (incluindo sala multimídia, anfiteatros e outros espaços potenciais) para realizar eventos diversos. Originalmente idealizado pela Secretaria Municipal de Cultura, o projeto chegou à Lapa, onde o Sistema Municipal de Bibliotecas (SMB) da cidade de São Paulo inaugurou, no dia 9 de novembro, o núcleo temático da Biblioteca Temática de Ciências Mário Schenberg. Além do acervo temático, o hall principal ganhou uma exposição temporária e uma programação de eventos continuados, aproveitando o espaço do auditório, que também deverá abrigar peças teatrais. Essa é a sexta biblioteca, de um total de 52 unidades administrada pelo sistema municipal, que ganha um núcleo temático, cujas temáticas variam de poesia a ficção fantástica.
Mas as bibliotecas temáticas não perdem seu acervo, ao contrário, soma-se a ele um acervo temático, explica Marlon Florician, coordenador geral de programação dos núcleos temáticos do sistema municipal de bibliotecas. “Como são bibliotecas de bairro, a idéia é dar continuidade à vocação projetada pela comunidade que frequenta o espaço. No caso da Lapa, a proximidade com a Estação Ciência [museu de ciências] deu o tom”, continua. Marlon lembra que a Estação não tinha um acervo e o apoio institucional dos pesquisadores para a biblioteca é construtivo para ambos, pois os prédios são bastante próximos.
Olga Sato, que participa do grupo de três curadores contratados para o projeto e que são responsáveis pela escolha do acervo científico, além de serem responsáveis pela exposição no hall de entrada na biblioteca, explica que a idéia é transformar o espaço de entrada em um convite para um ambiente que instigue a curiosidade e a exploração. “Tentamos dar uma pincelada sobre vários temas, de física e música, passando por aquecimento global e também montamos um painel que dá aos visitantes noções de micro e macro”, diz a pesquisadora que é física formada pela Universidade de São Paulo e doutora em oceanografia pela Universidade de Rhode Island (EUA). Trabalham na equipe também Mariana Frederick, responsável pela área de ciências biológicas e de saúde, e Armando Oliveira, responsável pela curadoria na área de física. “A intenção”, afirma Sato, “é também formatar um espaço onde possamos incentivar para a ciência e talvez inspirar os usuários para carreiras de pesquisa, quem sabe até futuros cientistas”.
O site da biblioteca também foi pensado para facilitar a busca de obras no acervo além de ser um portal com diversos recursos multimídia. É possível ter acesso a textos atualizados sobre ciência e biografias de grandes cientistas. “Agora vamos nos concentrar em consolidar uma agenda de palestras e eventos, e trabalhar em idéias de divulgação da cultura científica em cooperação com museus de ciência, por exemplo”, finaliza a curadora.