Sítio arqueológico em Araraquara sugere interação entre povos indígenas

O estudo dos materiais arqueológicos encontrados na região de Araraquara, no interior de São Paulo, está possibilitando a investigação sobre a interação cultural, no passado, entre povos indígenas de diferentes etnias. A cerâmica encontrada na região não se enquadra na classificação arqueológica mais corrente, que tende a relacionar uma determinada cultura material com uma determinada etnia. “Na região, encontramos material ligado à tradição tupiguarani e à tradição aratu, esta última, ligada aos povos de língua Jê. Nós questionamos o monolitismo dessa nomenclatura e trabalhamos com a idéia de que as fronteiras entre essas duas ‘culturas’ não são tão rígidas como muitos arqueólogos acreditam”, explica Solange Schiavetto, doutoranda em história pelo Núcleo de Estudos Estratégicos (NEE) do Departamento de História da Unicamp. O NEE vem realizando pesquisa arqueológica nos rios Médio Mogi-Guaçu e Médio Jacaré-Guaçu, na região de Araraquara.

Para a pesquisadora, a classificação arqueológica utilizada para estudar cultura material trata os povos como se eles vivessem isolados, sem interação. “A idéia não é criar uma nova classificação, e sim questionar as classificações já colocadas. No sítio em que estamos trabalhando, a análise laboratorial e a comparação com material de outros sítios já escavados poderão apresentar elementos que proponham a interação entre indígenas tupis e não tupis”, afirma Schiavetto.

O interesse pela região surgiu quando Schiavetto verificou a escassez de pesquisas sobre os povos indígenas da área. “Eu comecei a observar que a região de Araraquara, apesar de ser fértil em sítios arqueológicos, não é uma região sistematicamente pesquisada. Aqui, há um hiato em termos de povos indígenas. Os pesquisadores não conhecem as etnias dos povos que habitavam a região”.

A partir da década de 1990 é que a região começou a ser mais estudada, principalmente pela chamada arqueologia de contrato, que não é feita pela universidade, mas por empresas contratadas por empreendedores para analisar o risco de impacto arqueológico antes de se iniciar uma construção.

A pesquisa do NEE conta com o apoio financeiro da Fapesp e apoio institucional do Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria, de Araraquara, local para onde vai o material coletado. Nas etapas de levantamento foram descobertos doze sítios arqueológicos na região: dez sítios cerâmicos e dois líticos. Os cerâmicos estão mais ligados aos povos horticultores e o sítio mais antigo apresenta 1200 anos. Os líticos são os sítios de caçadores coletores, ou seja, sítios bem mais antigos que remontam a 4 ou 5 mil anos. Além disso, foram encontradas várias ocorrências isoladas de material.

Após a análise laboratorial do material encontrado e a coleta e análise de materiais de um outro sítio arqueológico, Schiavetto pretende montar uma exposição na cidade no início do ano que vem.

Araraquara quer construir um Museu de Paleontologia

Além dos sítios arqueológicos, Araraquara conta com fósseis paleontológicos: pedras com pegadas de dinossauros. Por essa razão, a prefeitura da cidade firmou parceria com a Universidade de Gênova, na Itália, para a implementação de um Museu de Paleontologia.

Para conhecer o potencial do município, nesse mês, a arquiteta e pesquisadora italiana Alicia Devoto está realizando um mapeamento dos sítios de paleontologia e arqueologia do município.

A prefeitura está em busca de recursos e parcerias com outros museus para a troca de materiais a fim de que o museu possa ser criado o mais rápido possível.

Teste de HPV pode ser aliado na prevenção de lesões no colo do útero

O câncer de colo de útero atinge meio milhão de mulheres todo ano e leva metade delas à morte. No Brasil, estima-se que em 2005 de cada 100 mil mulheres, mais de 20 serão vítimas dessa doença. Países desenvolvidos tem reduzido o número de casos de mortalidade através de programas de rastreamento que utilizam testes como o Papanicolau. Porém, o exame não é um método infalível já que seu desempenho está relacionado com a qualidade dos recursos humanos envolvidos. Da colheita até a emissão e liberação do resultado pelo laboratório o trabalho é manual e em países em desenvolvimento como o Brasil, erros no diagnóstico podem aparecer em até 30% dos casos. Por isso, nem sempre se detecta a presença de um vírus que está associado a quase 100% das futuras lesões no colo do útero, o Papilomavirus Humano (HPV). Aliar os testes de detecção de HPV ao teste de Papanicolau pode ser uma alternativa para se descobrir mulheres que possuam um risco maior de contrair a doença. Essa é a proposta da tese de doutorado da médica Renata Gontijo, defendida nessa sexta-feira, 14 de outubro, na Unicamp.

O câncer de colo de útero atinge meio milhão de mulheres todo ano e leva metade delas à morte. No Brasil, estima-se que em 2005 de cada 100 mil mulheres, mais de 20 serão vítimas dessa doença. Países desenvolvidos tem reduzido o número de casos de mortalidade através de programas de rastreamento que utilizam testes como o Papanicolau. Porém, o exame não é um método infalível já que seu desempenho está relacionado com a qualidade dos recursos humanos envolvidos. Da colheita até a emissão e liberação do resultado pelo laboratório o trabalho é manual e em países em desenvolvimento como o Brasil, erros no diagnóstico podem aparecer em até 30% dos casos. Por isso, nem sempre se detecta a presença de um vírus que está associado a quase 100% das futuras lesões no colo do útero, o Papilomavirus Humano (HPV). Aliar os testes de detecção de HPV ao teste de Papanicolau pode ser uma alternativa para se descobrir mulheres que possuam um risco maior de contrair a doença. Essa é a proposta da tese de doutorado da médica Renata Gontijo, defendida nessa sexta-feira, 14 de outubro, na Unicamp.

A pesquisadora estudou durante dois anos a incidência de alterações no colo do útero a partir da detecção de HPV, em mulheres inicialmente sem lesão nesse órgão. Ela observou que mesmo com o exame de Papanicolau negativo, se a mulher apresentava o teste de HPV positivo, o risco de ela desenvolver lesão no colo do útero após um ano foi 50% maior do que uma mulher com HPV negativo. Após o seguimento de dois anos, o risco aumentou para 70%. Segundo a pesquisadora, esses números indicam a possibilidade de associar o teste de HPV ao Papanicolau, para que as mulheres pertencentes ao grupo de risco recebam acompanhamento, já que essa infecção pode preceder o câncer.

Para detecção do HPV, a pesquisadora utilizou o único teste comercializado para a prática clínica e capaz de detectar 18 diferentes tipos de HPV, conhecido como Captura Híbrida II (CHII). Esse teste ainda não é muito difundido uma vez que seu custo é alto, em média 50 dólares, mas é recomendado para mulheres acima de 30 anos, por órgãos internacionais de saúde como a Sociedade Americana do Câncer (ACS, American Cancer Society) e o departamento americano para controle de alimentos e medicamentos FDA (Food and Drug Administration). Isso porque nas mulheres mais jovens as infecções são transitórias, regridem espontaneamente e raramente desenvolvem alguma lesão.

No Brasil, o CH II começou a ser indicado em 2005 para esse mesmo segmento da população, porém como o Sistema Único de Saúde (SUS) repassa aos laboratórios em média US$1 por citologia realizada, o uso do CH II ainda está restrito ao setor privado.

Essa pesquisa faz parte de um estudo maior, financiado pelo Comitê Europeu de Pesquisa da Comunidade Européia, para testar opções de rastreamento do câncer de colo de útero nos países pobres, onde ocorrem 80% dos casos desse tipo de câncer. O Estudo de Rastreamento do Câncer na América Latina, LAMS (Latin America Screening Study), teve início em 2001 e abrange 12 mil mulheres das cidades de São Paulo, Campinas, Porto Alegre e Buenos Aires. Para a tese de doutorado, a pesquisadora selecionou 365 pacientes do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM-Unicamp), do Centro de Saúde de Santa Bárbara também em Campinas e do Hospital Maternidade Leonor Mendes Barros, em São Paulo. Os resultados parciais estão publicados no periódico Anticancer Research 2005 e foram encaminhados também para o European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology .

A pesquisa ainda não pode ser um parâmetro para os órgãos de saúde nacionais, porque antes de um teste ser adotado para utilização em massa, são necessários grandes estudos populacionais que comprovem o desempenho e impacto na prevenção do câncer. De acordo com a pesquisadora, seus resultados apenas confirmam que o LAMS está no caminho certo para melhorar o rastreamento do câncer, uma vez que quando o teste de Papanicolau e o teste de HPV associados são negativos, o risco de lesão futura é praticamente inexistente.

HPV

Adquirido pelo contato sexual na maioria das vezes, o Papiloma Vírus Humano (HPV) vive na pele e nas mucosas genitais como vulva, vagina, colo de útero, e pênis. Com mais de 80 tipos, esse vírus pode causar de verrugas no corpo a lesões que, se não tratadas podem se transformam em câncer de colo do útero. Mas nem todas as pessoas com HPV desenvolverão um câncer, já que isoladamente esse vírus não é capaz de fazer com que uma célula sadia se torne cancerosa. A infecção pelo HPV é passageira em 80% dos casos. Os tratamentos atuais podem reduzir, remover ou destruir as lesões através de química, cirurgia ou estimulando a imunidade das células. Mesmo após o tratamento, o paciente deve continuar recebendo acompanhamento médico. A vacina para esse vírus ainda está em estudo.

Homens também são alvo do câncer de mama

Quando o assunto é câncer de mama, pouca gente imagina que ele se manifeste também na população masculina. Por ser uma doença rara e ainda pouco estudada, existe desconhecimento até mesmo entre a classe médica. Uma pesquisa desenvolvida no departamento de Tocoginecologia da Unicamp aponta que na maioria dos casos o vilão é o diagnóstico tardio, devido a essa falta de informação. De acordo com o especialista em câncer ginecológico Luis Henrique da Silva Leme, os homens não dão atenção à essa parte do corpo, como as mulheres, e resistem em procurar um especialista, sendo atendidos por médicos que nem sempre atentam para a possibilidade de câncer de mama. Seu estudo descreve aspectos desse câncer com base em 25 pacientes atendidos entre 1992 e 2005 no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher, (CAISM), do Hospital Maternidade de Campinas e do Hospital da PUC de Campinas.

Em mais da metade dos casos analisados, o câncer foi identificado em média 20 meses depois do início da lesão. Esse dado é preocupante, pois quanto mais tarde o diagnóstico, maiores podem ser as complicações. O câncer de mama se desenvolve mais rápido nos homens, já que a menor quantidade de tecido mamário facilita a proximidade do tumor com a musculatura e conseqüentemente a disseminação das células nocivas tende a ser mais rápida. O sintoma mais comum é a presença de nódulos. Outros sintomas são a secreção sanguínea pelo mamilo, retração da pele, úlcera ou espessamento na região mamária.

Fatores De Risco

O câncer de mama atinge em sua maioria homens com mais de 60 anos – dez anos mais tarde que a média de idade feminina. Isso não significa que os mais novos não tenham que estar atentos já que um dos casos estudados pelo pesquisador na Unicamp ocorreu em um adolescente de 13 anos. Homens com antecedentes de câncer de mama na família, obesidade, e histórico de câncer de testículos e próstata são mais propensos à doença. A ginecomastia (excesso de tecido glandular mamário no homem) e tratamentos hormonais prolongados (como nos casos dos travestis, que fazem uso de estrogênio) também são vistos pelos especialistas como fatores de predisposição.

Quando diagnosticado, o paciente se submete ao tratamento e cirurgia de retirada da mama, seguida de procedimentos complementares como radioterapia, quimioterapia e terapia com hormônios, em alguns casos. As cirurgias de reconstrução da mama não são comuns. “a probabilidade de um homem querer colocar silicone para reconstrução é pequena” diz o especialista, que recomenda o auto exame da mama pelos homens acima de 40 anos. Notando qualquer alteração, deve procurar um mastologista para exames clínicos e mamografia. Quanto mais cedo é o diagnóstico, maiores as chances de recuperação e tratamento.

Se toca, homem!

O auto exame é uma maneira simples para o diagnóstico de alterações que podem desencadear um câncer. Realizado em cinco minutos, essa técnica bem conhecida entre as mulheres é similar para os homens. Deitado, ele deve apalpar a mama e observar se há nódulos (caroços) e dores. Alterações no formato das mamas (tamanho, se há pregas, depressões ou alterações na pele) podem ser observadas em frente ao espelho. Com toques em movimentos circulares, o homem deveobservar a presença de secreções. As axilas também devem ser apalpadas. Esse exame é complementado no banho, quando o homem, com a ponta dos dedos, deve procurar por espessamentos e caroços. Esse auto exame é recomendável para os homens com mais de 40 anos e que apresentem algum dos fatores de risco.

O câncer de mama atinge um homem a cada 100 mulheres. Porém, no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, mais de 500 homens morreram no período de 1996 a 2002 vítimas desse tipo de câncer. Nos Estados Unidos, a mortalidade chega a 400 casos por ano, e de acordo com estudo publicado ano passado na revista Cancer, a incidência nesse país aumentou em 25% nos últimos 25 anos.

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