Sistema brasileiro de TV digital terá código aberto

O sistema brasileiro de TV Digital, atualmente em desenvolvimento por 22 consórcios, terá uma parcela estabelecida como software livre. Isso significa que o sistema terá código-fonte aberto, possibilitando o livre acesso e a realização de melhorias pelos usuários. A notícia foi dada pelo professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Luiz Fernando Gomes Soares, coordenador do Laboratório TeleMídia da universidade. Essa parte do projeto do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), chamada midleware declarativo Maestro, está sendo desenvolvida pelo convênio estabelecido entre o Laboratório TeleMídia da PUC-Rio, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a universidade.

O sistema brasileiro de TV Digital, atualmente em desenvolvimento por 22 consórcios, terá uma parcela estabelecida como software livre. Isso significa que o sistema terá código-fonte aberto, possibilitando o livre acesso e a realização de melhorias pelos usuários. A notícia foi dada pelo professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Luiz Fernando Gomes Soares, coordenador do Laboratório TeleMídia da universidade. Essa parte do projeto do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), chamada midleware declarativo Maestro, está sendo desenvolvida pelo convênio estabelecido entre o Laboratório TeleMídia da PUC-Rio, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a universidade.

Conforme esclarece Soares, “a parcela a ser disponibilizada como software livre é apenas o midleware declarativo. Os demais consórcios ainda não decidiram se vão ou não disponibilizar seus sistemas da mesma forma.” O midleware é uma camada de software localizada entre as aplicações (programas de uso final) e o sistema operacional (conjunto de programas básicos que permite ao usuário gerenciar o uso dos recursos de um computador). Seu objetivo é facilitar o desenvolvimento de aplicações por parte dos programadores e encobrir os detalhes das camadas inferiores bem como a heterogeneidade entre diferentes sistemas operacionais. O midleware declarativo dá suporte a aplicações desenvolvidas em linguagens que resultam em uma declaração do resultado desejado e, portanto, não necessitam de tantas linhas de código como o midleware procedural para definir uma tarefa. Entre as linguagens declarativas mais comuns estão a NCL, SMIL e HTML. O que o midleware faz é interpretar essas linguagens.

O foco dos midleware existentes é a interatividade, um tipo de sincronismo de mídias que facilita o desenvolvimento das aplicações com interação do telespectador. Além da interatividade há outros sincronismos de mídia importantes para a TV digital. Como exemplo, Soares cita a transmissão de uma novela em que o ator come um pedaço de pizza e, no mesmo momento, aparece uma pequena janela no canto da tela com a publicidade de uma pizzaria. O usuário poderá ainda fazer um pedido à pizzaria pela televisão. Para otimizar o sincronismo, a equipe da PUC-Rio propõe o uso de uma linguagem desenvolvida no Brasil e reconhecida internacionalmente, a NCL (Nest Context Language), que deve ser complementada com linguagens procedurais. As ferramentas dessa linguagem controlam a exibição sincronizada dos vários objetos de mídia e, segundo Soares, são mais eficientes que as da linguagem HTML.

O coordenador do laboratório explica que o midleware declarativo Maestro e a linguagem NCL são as soluções mais adequadas às condições brasileiras, tanto socioeconômicas como técnicas e topográficas. “Além de serem compatíveis com os outros sistemas existentes, são mais eficientes, foram totalmente desenvolvidos no Brasil – o que nos isenta do pagamento de royalties – e têm grande potencial exportador”, afirma. Já a opção pelo tratamento como software livre tem várias justificativas. Soares cita, entre elas, o fato de possibilitar que o conhecimento seja de domínio público, sobretudo porque as pesquisas estão sendo realizadas com dinheiro público, e de o sistema conseguir importantes contribuições dos usuários em sua melhoria.

O sistema ainda está em fase de testes, mas os avaliadores, cadastrados e autorizados, podem acessar o manual de usuário e testar os recursos dos arquivos executáveis disponíveis para download por quanto tempo quiserem, retornando suas contribuições na forma de respostas ao questionário de avaliação. A equipe do Telemídia deverá disponibilizar até o início de fevereiro o código-fonte e algumas dicas sobre as principais necessidades para o aprimoramento dos programas. Assim, os programas-fonte que implementam as ferramentas serão distribuídos como software livre, podendo ser redistribuídos ou modificados sob os termos da Licença Pública Geral GNU, conforme publicada pela Free Software Foundation.

Vale lembrar que a definição do padrão a ser adotado no Brasil ainda está em discussão. O desenvolvimento do SBTVD envolve 79 instituições entre universidades e empresas e a decisão sobre o padrão a ser adotado no Brasil, segundo o ministro das Comunicações, Hélio Costa, está prevista para dia 10 de fevereiro. Concorrem com o sistema em desenvolvimento no Brasil os sistemas já disponíveis no mercado: o europeu (DVB), o japonês (ISDB) e o norte-americano (ATSC). Segundo declaração publicada no site do Sistema Brasileiro de TV Digital, Costa esclarece que “o sistema brasileiro de TV digital vai ter componentes dos três sistemas internacionais. Os cientistas brasileiros estão estudando o que há de melhor em cada um, e a partir daí será estruturado o sistema brasileiro”. A segunda fase do projeto é a de desenvolvimento e será realizada após a definição do modelo que o Brasil vai adotar. Nessa fase, o modelo de referência será desenvolvido e preparado para a implantação, a fase final do SBTVD.

Livro recém lançado aborda a relação entre mídia e ciência

Foi lançado em dezembro um novo livro que enfoca a relação entre a mídia e a ciência, organizado pela professora Cremilda Medina, que é também coordenadora de Comunicação Social da Universidade de São Paulo (USP). A publicação Ciência e Sociedade: mediações jornalísticas é o resultado de palestras de divulgação científica que ocorreram no final de 2004 na Estação Ciência, da USP, em São Paulo, e reuniu jornalistas, pesquisadores e cientistas das mais variadas áreas do conhecimento.

Foi lançado em dezembro um novo livro que enfoca a relação entre a mídia e a ciência, organizado pela professora Cremilda Medina, que é também coordenadora de Comunicação Social da Universidade de São Paulo (USP). A publicação Ciência e Sociedade: mediações jornalísticas é o resultado de palestras de divulgação científica que ocorreram no final de 2004 na Estação Ciência, da USP, em São Paulo, e reuniu jornalistas, pesquisadores e cientistas das mais variadas áreas do conhecimento.

O diálogo entre a mídia e os cientistas sempre foi tumultuado, já que os cientistas tinham um certo receio em divulgar suas pesquisas para fora do meio acadêmico e os veículos de comunicação pouco se preocupavam em compreender a linguagem científica e divulgá-la de maneira didática e correta para o público leigo. Mas a imprensa percebeu a necessidade de atrair a atenção do leitor para temas científicos e, com isso, surgiram cursos de especialização para divulgação científica, os quais aproximaram os jornalistas aos pesquisadores. A ciência também sentiu a necessidade de se expressar e ser valorizada por toda a população, e logo se mostrou aberta ao diálogo com a mídia.

“Onde o conhecimento científico se restringe a um pequeno grupo de pessoas, este povo caminha para indigência espiritual”, já dizia Albert Einstein, como lembra João Antônio Zuffo, engenheiro elétrico e professor da USP e um dos autores do livro. Segundo Zuffo, o diálogo entre os cientistas e a mídia melhorou muito nos últimos 30 anos, sendo a internet em grande parte responsável por isso. “A computação gráfica tem sido um instrumento maravilhoso que tem propiciado uma veloz convergência entre as áreas de humanidades e áreas de exatas, de modo que vejo um processo de diálogo entre jornalistas e cientistas, um processo naturalmente convergente, no sentido de criação de uma semântica comum”, avalia.

Apesar da comunicação entre jornalistas e cientistas ter melhorado, ainda existem algumas deficiências que atrapalham esse diálogo, como aponta o físico Sílvio Salinas, outro colaborador do livro. Para ele, há muitos jornalistas que não têm nenhuma formação científica cobrindo a área, e também “cientistas muito rígidos e estreitos intelectualmente, que conhecem bem apenas a sua área de trabalho”.

O Brasil tem tido ultimamente grandes avanços científico-tecnológicos, porém essas pesquisas são pobremente divulgadas na mídia. “A grande imprensa, as estações de rádio e televisão, embora tenham procurado nossa universidade, muitas vezes preferem divulgar trabalhos realizados em universidades estrangeiras, naturalmente pegando notícias de agências noticiosas internacionais, embora os trabalhos realizados em nossa universidade, em muitos casos por nós acompanhados, estejam anos à frente dos divulgados como novidade por estas universidades estrangeiras”, salienta Zuffo.

Além de Zuffo e Salinas, participam da obra também os professores Hélio Nogueira da Cruz, Kátia Maria Abud, Ernst Hamburger, Paulo Andrade Lotufo e o médico e jornalista Júlio Abramczyk.

Capital semente é alternativa para diminuir distância entre laboratório e mercado

O governo federal investirá R$ 300 milhões em empresas nascentes de base tecnológica. A idéia é atrair também os investidores privados para esse tipo de investimento. Para o executivo do Consórcio Ibero-americano de Ciência & Tecnologia, Ramiro Jordan, apesar de todos os déficits, o Brasil é o país mais avançado na América Latina com relação à captação de recursos e transferência de tecnologia para a sociedade.

Para que uma grande idéia tecnológica vire um negócio e renda lucros não basta que o pesquisador tenha um bom produto em mente. Para auxiliar nesse caminho entre os laboratórios de pesquisa e o mercado, o Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) lançou, em dezembro, o programa Inovar Semente. A idéia do programa é incentivar a criação de 24 fundos de capital semente no país, diminuindo a distância entre investidores privados e os empreendedores.

A Finep investirá, ao todo, R$ 300 milhões em empresas nascentes de base tecnológica. Em seis anos, serão apoiados cerca de 340 empreendimentos inovadores, com recursos que variam entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão, conforme explica o superintendente da Área de Pequenas Empresas Inovadoras da Finep, Eduardo Costa. Nessa conta, 40% dos recursos investidos virão da Finep, outros 40% de um banco local e os outros 20% devem vir de um investidor privado. Costa afirma que o objetivo do programa é cobrir a lacuna de investimentos em empresas nascentes.

Questões como esta do financiamento para empresas nascentes e formas de fazer com que o mercado absorva as tecnologias e produtos criados pela academia, impulsionando o desenvolvimento de negócios tecnológicos e gerando riqueza, foram tratadas durante a 1a. Conferência de SEED (Science and Technology for Economic Development), realizada em dezembro, na Unicamp. Estiveram reunidos investidores e pesquisadores da América Latina, debatendo sobre as formas de captação de capital semente por meio da apresentação de planos de negócios consistentes, depoimentos de empresas incubadas e pós-incubadas, além de exposições de investidores anjos – como são denominados os investidores detentores do capital semente.

Faltam mecanismos para transferir tecnologia

“Todo um esforço para nada”. Assim Ramiro Jordan, executivo do Consórcio Ibero-americano de Ciência & Tecnologia sintetiza a atual situação de utilização em sociedade dos conhecimentos gerados pelos pesquisadores nos centros de pesquisa científica e tecnológica. Ele diz que um grande desafio a ser vencido na América Latina é encontrar um canal por meio do qual os pesquisadores possam compartilhar as investigações com a comunidade. Caso contrário, reforça, “estaremos entrando no adormecimento do exercício acadêmico que não leva à criação de riquezas”.

Para Jordan, existem poucos mecanismos que possibilitem a saída eficiente da tecnologia criada em laboratório para o mercado na América Latina. E esses mecanismos, segundo ele, estão, normalmente, atrelados aos governos. Ao fazer uma avaliação tanto da captação de recursos quanto da transferência de tecnologia para a sociedade, o executivo declara que o Brasil está à frente dos demais países da América Latina em muitos aspectos. Ele atribui isso à existência de uma política de tecnologia e desenvolvimento mais definida.

Outro ponto que dificulta os intercâmbios entre instituições de pesquisa e mercado é o temor dos pesquisadores em tentar parcerias, menciona Jordan. O diretor de parques tecnológicos e incubadoras de empresas de base tecnológica da Agência de Inovação da Unicamp, Eduardo Grizendi, vai além ao afirmar que há recursos disponíveis para a criação de empresas de base tecnológica e há boas idéias, mas faltam bons negócios. “Uma boa idéia tecnológica precisa ser formatada em um bom negócio. Só assim os investidores serão atraídos”, declara.

Grizendi diz, ainda, que não basta o pesquisador ter um plano de negócios. Ele precisa mostrar ao investidor qual é o valor do investimento e em quanto tempo, e como, o investidor terá o retorno do capital. Grizendi completa dizendo que nesse tipo de parceria o investidor geralmente exige participação na administração do negócio o que acaba liberando o pesquisador para dar mais atenção à área técnica da empresa. O montante necessário para esse tipo de investimento é de, no mínimo, R$ 200 mil e o retorno financeiro leva de 6 a 8 anos.