Sintomas da menopausa mais frequentes em soropositivas

De acordo com pesquisa do Departamento de Tocoginecologia da Unicamp, as mulheres portadoras do vírus HIV tiveram uma prevalência maior de sintomas da menopausa como as alterações psicológicas e sintomas vasomotores, como ondas de calor, tontura.

Mulheres infectadas pelo HIV necessitam de atenção diferenciada quando chegam à menopausa. De acordo com o estudo de doutorado conduzido no Departamento de Tocoginecologia da Unicamp, a freqüência de sintomas da menopausa é maior nessas mulheres. O estudo foi conduzido na cidade de São José do Rio Preto (SP), entre junho de 2005 e maio de 2006 com 251 pacientes atendidas nas unidades de saúde da cidade, sendo que 96 delas eram portadoras do vírus e 155 não.

Através de entrevistas realizadas por profissionais de saúde previamente treinados, o médico e pesquisador responsável pelo estudo Carlos Eduardo Ferreira concluiu que a freqüência de sintomas psicológicos, como a depressão e irritação, era maior entre as portadoras de HIV (78,1%) contra 59,7% das participantes do outro grupo. Sintomas vasomotores (como ondas de calor e tontura) e insônia também foram relatados com maior freqüência no grupo soropositivo. “Isso mostra a necessidade de cuidado e tratamento diferenciado para essas mulheres”, diz.

Feminização da Aids

As soropositivas que chegam à menopausa são um novo segmento da população. A sobrevida dessas pacientes aumentou depois que o acesso ao tratamento gratuito com antiretrovirais passou a ser oferecido pelo Ministério da Saúde, a partir de 1996, e com o desenvolvimento de medicamentos de alta potência.

Nos países desenvolvidos, 95% das mulheres chegam à fase da menopausa e a previsão é que em 2030 cerca de 1,2 bilhão de mulheres estarão em faixa etárias superiores a 50 anos. Em países como o Brasil, houve um aumento da expectativa de vida feminina nos últimos 20 anos, sendo que atualmente a média é de 72,6 anos.

Embora as menopausadas não estejam em idade fértil, elas são ativas sexualmente – um dos efeitos da terapia de reposição hormonal. “Muitas delas desprezam o uso de preservativo nas relações sexuais, o que é um fator de risco para se contrair o vírus” explica.

A pesquisa desenvolvida na Unicamp está de acordo com os resultados de um único estudo descrito nos Estados Unidos, onde as mulheres HIV positivas mostraram-se mais propensas a relatar sintomas da menopausa. Porém, Ferreira lembra que são necessários outros estudos que acompanhem grupos de mulheres durante um período de tempo para determinar a atual influência da infecção por HIV na menopausa.

Atualmente, o Brasil é o campeão latino americano em número de indivíduos infectados pelo HIV, sendo que aproximadamente oito mil mulheres são infectadas todos os anos, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Os números indicam que as mulheres crescem na estatística de novos casos, o que tem sido chamado de feminização da doença. Em 1986, o HIV infectava quase 19 homens para cada mulher e em 2004 essa proporção diminuiu para 1,5 para cada mulher.

Patrimônio arqueológico do Brasil pede socorro

Dos 13 mil sítios arqueológicos catalogados pelo Iphan, apenas 920 estão no único parque brasileiro tombado por seu patrimônio arqueológico. Entre os principais entraves está a falta de políticas para a criação de parques arqueológicos e o reconhecimento de parques por seu valor ambiental e não arqueológico.

Dos 13 mil sítios arqueológicos cadastrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), 920 estão no único parque brasileiro tombado por seu patrimônio arqueológico, o Parque Nacional Serra das Capivaras. Localizado no município de Raimundo Nonato (PI), a área precisa, segundo a diretora da Fundação que administra o Parque, Niéde Guidon, de R$ 400 mil mensais para sua manutenção. Os outros parques ou áreas de preservação onde há sítios não recebem benefícios do Iphan. Um dos motivos apontados pela instituição e a falta de políticas públicas voltadas à valorização cultural desses espaços.

Mesmo quando situados em terrenos privados ou públicos, os sítios cadastrados são considerados bens da União, pela Lei 3924/61, mas não existem políticas para a criação de parques arqueológicos, que poderiam trazer recursos para a sua auto-sustentabilidade. De acordo com Guidon, da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham, PI), “em todo o mundo os Parques são fontes de recursos, geram os recursos que necessitam e ainda têm lucros anuais que permitem novos investimentos”.

No Brasil, o patrimônio arqueológico fica à sombra dos parques ambientais. Pelo menos oito localidades têm expressivo patrimônio de arqueologia, mas quase todas foram reconhecidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pela sua fauna e flora existentes. Estão nesta categoria, segundo a arqueóloga da Gerência de Arqueologia do Iphan, Maria Lúcia Pardi, o Parque Estadual de Itaúnas (ES); Parque Nacional Serra das Confusões (PI); Parque Estadual de Monte Alegre (PA); Parque Estadual da Serra das Andorinhas (PA); Parque Arqueológico do Solstício Estadual de Arqueologia (em processo de aprovação, AP); Parque do Rio da Casca (RS); Parque Estadual de Canudos (BA); e Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (MG).

Uma saída sustentável para essa situação seria proteger o patrimônio por meio de parques que sejam criados por sua importância arqueológica e ambiental. Maria Lúcia Pardi explica que, enquanto os sítios arqueológicos possuem áreas onde são identificados restos materiais, como utensílios cerâmicos e líticos (de pedra), os Parques podem alavancar o desenvolvimento e a sensibilização da sociedade pelo seu valor histórico para a memória.

Entraves

Apesar de existirem leis que protejam esse patrimônio, os planos de gestão e manejo da arqueologia nem estão no papel. “Não existe comprometimento e reconhecimento da importância desse patrimônio por parte do poder público”, argumenta a arqueóloga do Departamento de Turismo da Universidade Estadual Paulista (Unesp, campus Rosana), Rosângela Custódio Thomaz. O próprio Iphan reconhece que a questão está madura para que sejam contempladas políticas públicas de incentivo e que a efetiva preservação se dará com o apoio da comunidade.

Representantes do Instituto admitem que são raras as iniciativas governamentais específicas para a criação de parques nacionais com patrimônio arqueológico, mas há localidades onde o Ibama transformou áreas de grande potencial arqueológico em reservas ambientais. Elas também poderiam ser enquadradas na categoria “parques nacionais arqueológicos” pelo seu valor cultural, como o Parque do Peruaçu (MG).

Em iniciativa pioneira, o estado do Amapá criou uma lei que estabelece a Forma de Criação e Gestão de Parques Estaduais Arqueológicos.O Secretário Especial de Desenvolvimento Econômico do estado, Alberto Góes, afirma que, se aprovado por consulta pública, o Parque Arqueológico do Solstício contribuirá para reforçar a identidade do estado por meio do patrimônio arqueológico. “A iniciativa pretende ser um instrumento de promoção de desenvolvimento econômico potencial com alto investimento em pesquisa”, destaca o secretário. Desde o anúncio de sua da criação, em junho, foram investidos R$ 350 mil e, para os próximos quatro anos, está previsto um orçamento de R$ 1,5 milhão e a criação de mais dois parques arqueológicos.

No caso do único Parque Nacional, o da Serra da Capivara, houve investimento de 20 milhões de dólares no turismo sustentável, que envolveu a compra de terrenos e infra-estrutura. Um levantamento feito por especialistas suíços estimou que a capacidade de atração do Parque seria de três milhões de turistas por ano. Esse número geraria um programa de investimentos que garantiria entradas mensais para manter o Parque, o acervo, as cinco escolas, a pesquisa e laboratórios, diz Niéde Guidon. Segundo a arqueóloga, os entraves do desenvolvimento do Parque se devem à falta de mobilização para construir o aeroporto em São Raimundo Nonato, fundamental para impulsionar o movimento dos turistas, e ao desvio de verbas no governo.

Nem todos os sítios, no entanto, podem se transformar em áreas de visitação pública e gerar renda do turismo. O Gerente de Arqueologia do Iphan, Rogério José Dias, enfatiza que muitos dos mais de 13 mil sítios estão em lugares de difícil acesso, inclusive com sítios que estão ainda soterrados. “Sua viabilidade depende da significância e da ocorrência dessas áreas”, aponta.

Interação com a comunidade

Com a experiência de 12 anos de trabalho no Parque Nacional Serra da Capivara, o Chefe da Equipe de Conservação do Parque, Jorlan da Silva Oliveira, conta que a Fumdham propiciou a formação de parte da comunidade. “A população local é extremamente pobre e a Fumdham proporcionou a formação profissionalizante dos moradores e também procura conscientizá-los da importância da conservação das pinturas rupestres”, explica. Mas ainda existe vandalismo, caçadores e incêndios que acabam depredando esse patrimônio.

Com a falta de repasse de verbas ao Parque, a sua fundadora, Niède Guidon, anunciou, durante a última Reunião Anual da SBPC, que voltará para a França se os R$ 400 mil mensais para a manutenção do local não forem repassados pelo Ministério do Meio Ambiente. Segundo a Agência Fapesp, o governo alegou que não pode dar tratamento diferenciado ao Parque.

Advergames ganham força na Internet e migram para a TV

Diversas empresas estão investindo nesse início de milênio em advergames (jogos publicitários) para promover suas marcas e produtos. Os planos de mídia integrados, que envolvem a utilização de diversos meios para divulgar um produto, também incluem os advergames, uma ferramenta que tem sido utilizada intensamente.

Diversas empresas estão investindo nesse início de milênio em advergames (jogos publicitários) para promover suas marcas e produtos. Para a Copa de 2002, a Devworks já havia desenvolvido o game “Pebolim” que esteve em destaque no site da Kaiser. O jogo em 3D imitava uma mesa de pebolim e permitia que o internauta representasse o Brasil em jogos contra as outras equipes que participaram do mundial. Segundo Marcelo Carvalho, presidente da Devworks, com o anúncio interativo, os acessos ao site triplicaram e o tempo de permanência do usuário se multiplicou por dez.

Os planos de mídia integrados, que envolvem a utilização de diversos meios para divulgar um produto, também incluem os advergames, uma ferramenta que tem sido utilizada intensamente. A Nívea disponibilizou este ano em seu site o game “Futebol Mania”, que continua acessível mesmo depois de finalizada a promoção que premiava com um carro aquele que ganhasse a competição de futebol online. Assim, outra vantagem desta mídia é que ela pode ser acessada inúmeras vezes pelo público institucional, mesmo sem promoções.

Na onda das campanhas integradas, a Rede Bandeirantes de Televisão também aproveitou a época de Copa para disponibilizar um game não apenas na web – berço do advergame -, mas também na TV. A nova atração será veiculada a partir de agosto, através do quadro Brincadeira dos Monstros, no programa Pra Valer, exibido de segunda a sexta, das 15h às 17h15, apresentado por Claudete Troiano. Os telespectadores podem ligar para o programa e participar do game de futebol Monstro Gol, cujo objetivo é fazer gols de pênalti. Quem acertar três dos cinco chutes leva o maior prêmio em dinheiro da promoção, que começa com a quantia de R$ 1.000 e pode acumular. Aqueles que fizerem apenas um ou dois gols podem ganhar R$ 100 por gol. O jogador deverá escolher dentre os personagens monstros aqueles que serão o atacante e o goleiro.

Segundo Luis Renato Olivalves, gerente de interatividade da Band, o novo formato do quadro promoverá mais intercâmbio entre o programa e o público da emissora. Em breve, o jogo também será disponibilizado através do site do Pra Valer, e assim, o público da Band também poderá se divertir com o game na web e treinar para concorrer ao vivo. Olivalves afirma que na web, o objetivo do jogo é ser um passatempo, além de incentivar os internautas à participação ao vivo.

Este advergame foi desenvolvido pela Délirus Entertainment, empresa focada em mídias interativas, unindo jogos eletrônicos a anúncios comerciais. “O objetivo é agregar valor ao programa televisivo e ao site, despertando ainda mais a atenção do público da Band e gerando aumento de visitas na página do programa”, afirma André Penha, diretor executivo da Délirus. O game ainda aumentará a abrangência de campanhas publicitárias veiculadas através dos anúncios dinâmicos nas placas atrás do gol. Olivalves ressalta que o objetivo do game é gerar fidelização, fazer o telespectador participar e gerar audiência. “É um formato diferenciado, atraente, por ser virtual e tem tudo a ver com o programa da Claudete, que dedica a maior parte do seu tempo ao entretenimento”, completa.

Segundo Márcio Dantas, coordenador do desenvolvimento do jogo, para produzir o advergame para a TV foi preciso adequar os gráficos para o formato desta. “A interface é bem diferente da web, jogar com mouse e teclado é bem diferente do que jogar falando pelo telefone. Os jogos devem ser fáceis de entender e rápidos, pois o tempo na TV é curto”, explica.

Além de promover o produto ou marca, empresas que investem nesta divulgação diferenciada podem aumentar a audiência, tanto no caso da TV como no site. Os jogos simples atraem os públicos mais variados e têm um apelo especial para os jogadores casuais. “A fixação da marca na cabeça do cliente em momentos de diversão é a principal vantagem do advergame, que prende a atenção do espectador mais do que as mídias não interativas”, diz Penha. Assim, a mistura de anúncio publicitário e jogo pode ser um negócio rentável tanto para desenvolvedores quanto para anunciantes.

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