Abragames na Game Convention 2006

De 23 a 26 deste mês, a Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames) participa da Games Convention 2006, que acontece em Leipzig, na Alemanha. Através do estande localizado no Business Center, espaço reservado para a realização de negócios, o consultor Bernardo Manfredini, que representará a Abragames na feira, indicará soluções para as demandas das companhias estrangeiras.

De 23 a 26 deste mês, a Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames) participa da Games Convention 2006 (GC), que acontece em Leipzig, na Alemanha. Através do estande localizado no Business Center, espaço reservado para a realização de negócios, o consultor Bernardo Manfredini, que representará a Abragames na feira, indicará soluções para as demandas das companhias estrangeiras. “Falarei com publicadores de jogos, a quem apresentarei produtos prontos para serem distribuídos, e com desenvolvedores que necessitam terceirizar parte de sua produção”, diz Manfredini.

Além de associações como a Abragames, no Business Center, encontram-se estandes de publishers, produtoras e fabricantes de hardware. Por isso, o principal objetivo do consultor é agendar reuniões com empresas como: Electronic Arts, Actvision, Nitendo, Microsoft, Sony, Ubsoft, Konami, THQ, Take 2, ATI, Blizzard, Macromedia, Vivendi, entre outras. “Embora cada empresa esteja em um estágio diferente – algumas já têm relações comerciais com parceiros no exterior -, é uma oportunidade de marcar presença neste que é o segundo maior evento do setor no mundo”, afirma Manfredini.

No estande, será apresentado material de divulgação impresso e eletrônico das empresas brasileiras interessadas em expandir seus negócios no exterior. São elas: DélirusDevworksEne SolutionsInsolita StudiosInteramaJynxLoczOniriaOutlineO2gamesSouthlogic e Tec Toy Digital. São empresas que desenvolvem jogos para as plataformas PC, console, celular e web. Como os modelos e estratégias de negócio das desenvolvedoras brasileiras são diversos, outras oportunidades poderão surgir durante a feira. “É um passo importante para construir a imagem da produção nacional junto àqueles que fazem parte da indústria internacional. É uma oportunidade para mostrar como está a produção no Brasil e como tem sido o crescimento desse setor nos últimos anos”, afirma Manfredini.

Mesmo com representante oficial na feira, alguns diretores das empresas associadas ainda optaram por participar pessoalmente do evento. Segundo, André Penha, diretor executivo da Délirus, esta ação pode render contatos mais diretos com empresas de outros países, que podem gerar negócios mais imediatos. Entre os dias 21 e 23 de agosto, Penha participa da GC Developers Conference, conferência que antecede a Games Convetion. Durante o evento, que é uma oportunidade para trocar experiências internacionais, são apresentadas palestras sobre desenvolvimento e negócios em games.

Segundo Sylker Teles, Diretor Executivo e Game Designer – roteirista de jogos – da Outline, a GC representa um excelente momento para se integrar com desenvolvedores do mundo e trocar experiências valiosas sobre o comportamento do mercado e os futuros caminhos da indústria de entretenimento digital.

Essas empresas distribuirão cópias de demos de seus jogos: Warbots, da Délirus, e Ayri – Uma Lenda Amazônica, da Outline. Para Juliano Alves, da OniriaSoft, a empresa passa por várias mudanças, novas parcerias e oportunidades estão sendo criadas, tanto no Brasil como no exterior, por isso a necessidade da presença na feira. Já a Outline acredita que com a participação na GC ganhará mais experiência no mercado internacional.

Essa ação da Abragames tem o apoio da Agência de Promoção de Exportação e Investimentos (APEX-Brasil), organização encarregada de executar a política de exportação brasileira, e da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), organização civil dedicada à promoção da excelência da indústria brasileira de software, que investiram em torno de 60 mil reais. Além do apoio financeiro, a Softex colaborou através do suporte operacional de sua equipe, especializada em eventos no Brasil e no exterior.

“Estar presente em um evento desta magnitude, que terá mais de 360 expositores de todo o mundo e cerca de 130 mil visitantes, é uma oportunidade excepcional para as nossas empresas apresentarem a qualidade e a criatividade de seus produtos”, analisa Charles Schramm, gerente de desenvolvimento de negócios internacionais da Softex.

A participação na GC é a primeira iniciativa do grupo de empresas de Games do Projeto Setorial Integrado de Software (PSI-SW), o maior plano de internacionalização de empresas brasileiras produtoras de software e prestadoras de serviços correlatos já implementado no país. Em dezembro, está prevista a participação em mais um evento de Games, desta vez na França.

Cadeia produtiva influi na estrutura de redes genômicas

A crescente complexidade nas pesquisas atualmente demanda organização de novos arranjos e formas de cooperação entre atores do processo de inovação. Focalizando as redes genômicas nesse contexto, a engenheira de alimentos Eliane Laranja Dias desenvolveu um estudo sobre as relações entre redes genômicas, cadeias produtivas e políticas públicas e privadas no Brasil.

A complexidade que envolve a pesquisa atual demanda a organização de novos arranjos e formas de cooperação entre distintos atores que fazem parte do processo de inovação. Focalizando as redes genômicas nesse contexto, Eliane Laranja Dias, engenheira de alimentos e coordenadora do setor de projetos de pesquisa do Laboratório de Genômica e Expressão da Unicamp, desenvolveu um estudo sobre as relações entre redes genômicas, cadeias produtivas e políticas públicas e privadas no Brasil.

Dias realizou um estudo comparativo entre dois projetos de sequenciamento genético, conduzidos atualmente no Brasil, o do fungo Crinipellis perniciosa (causador da doença vassoura de bruxa em cacaueiros), e o projeto Genolyptus, que trabalha com o eucalipto. O primeiro deles, com forte viés de política pública, procura enfrentar um dos principais problemas fitopatológicos do país, o ataque de fungos aos cacaueiros, e resgatar uma atividade de grande importância econômica e social na Bahia. O segundo projeto, formado por uma rede nacional de pesquisa em eucalipto, visa aumentar a produtividade e competitividade de um dos setores de destaque na geração de divisas para o país, o de papel e celulose.

A pesquisadora explica que as redes da vassoura de bruxa e do eucalipto foram escolhidas por serem bons exemplos de tarefas complexas como mapeamento, sequenciamento, bioinformática, o que exige a integração de várias áreas do conhecimento e altos investimentos. Foram analisadas a dinâmica das duas redes, a formação de recursos humanos e a produção de artigos científicos, visando apontar as motivações para a formação dessas redes e verificar a influência de diferentes elementos na sua estruturação, configuração e desenvolvimento, tais como: dinâmica técnico-concorrencial dos mercados em questão, organização da pesquisa e processo inovativo, papel estratégico dos atores envolvidos.

Segundo a pesquisadora, a estrutura das redes genômicas está relacionada ao grau de organização das cadeias produtivas dos setores em questão. A partir do estudo, constatou-se que quanto mais coordenada uma cadeia produtiva, mais rapidamente os problemas são solucionados e maior é possibilidade de cooperação (caso do papel e celulose), ao passo que a desarticulação de cadeias prejudica a resolução de problemas (caso do cacau). Outra constatação da pesquisa é que o Estado foi ator relevante no desenvolvimento da pesquisa científica.

Redes genômicas do cacau e do eucalipto: semelhanças e diferenças

A vassoura de bruxa disseminou-se em maio de 1989, quando foi descoberto o primeiro foco da praga em uma plantação de cacau no sul da Bahia. Em menos de três anos, a produção brasileira caiu em mais de 50% e o país, na época o segundo maior produtor de cacau em todo o mundo, passou a importar o fruto. Assim, a criação da rede genômica aconteceu para solucionar um problema fitossanitário da cultura e desenvolver a rede de pesquisa genômica na Bahia.

Já o projeto Genolyptus foi lançado em fevereiro de 2002, em Brasília, para aumentar a produtividade do eucalipto e a competitividade da indústria brasileira de papel e celulose, a partir de pesquisas pré-competitivas.

Segundo a pesquisa de Dias, a origem das redes proporcionou diversidades entre elas. No caso do cacau, poucas instituições se envolveram na rede. Além da Unicamp como coordenadora, o trabalho ficou restrito ao estado da Bahia. As indústrias, de modo geral, não se preocuparam com o cacau brasileiro. Apesar disso, os resultados foram positivos: alta produção científica, capacitação de recursos humanos e consolidação da rede genômica na Bahia.

Já a rede genômica do eucalipto envolveu diversas instituições e universidades em todo o Brasil, contando com um diferencial: o investimento de quatorze empresas privadas, interessadas no melhoramento genético e na inovação. A rede mostrou-se bem articulada e com visibilidade internacional. Uma ampla base de dados foi gerada, assim como o sequenciamento de 150 mil genes e troca de informações científicas.

A pesquisa de Eliane Laranja Dias, orientada por Maria Beatriz Bonacelli e Débora Luz de Mello, será defendida como dissertação de mestrado ao Departamento de Política Científica e Tecnológica, do Instituto de Geociências, no dia 28 de agosto.

Rede do cacau é debatida em congresso de fitopatologia

De 14 a 18 deste mês, aconteceu o 39º Congresso Brasileiro de Fitopatologia, realizado pela Sociedade Brasileira de Fitopatologia, juntamente com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Embrapa e demais órgãos ligados à agricultura da Bahia. No evento foram apresentados e discutidos temas técnico-científicos de interesse atual para a agricultura brasileira, dentre os quais, o do controle da vassoura de bruxa.

A palestra Impactos do controle da vassoura de bruxa na preservação da biodiversidade – uma experiência com cacau, ministrada pelo pesquisador da Ceplac, Uilson Vanderlei Lopes, mostrou como a preservação da mata atlântica na região está atrelada à continuidade da produção de cacau. Segundo o pesquisador, os produtores mantêm a mata, pois o cacaueiro precisa de sombra para sobreviver. “Nas regiões onde o cultivo acabou, a mata também foi destruída, pois o espaço é utilizado em outras culturas”, destacou.

A destruição da cadeia produtiva do cacau baiano está viva na memória de todos. Dois técnicos do órgão foram acusados de disseminarem a vassoura de bruxa de maneira criminosa por motivos políticos. “Foi triste ver toda a degradação da lavoura, pois sabíamos que o fungo só chegaria na região através do homem ou da compra de sementes contaminadas”, afirma Lopes, pesquisador que trabalha no órgão há 15 anos.

Internet mil vezes mais rápida!

Embora a Internet esteja ainda longe do alcance de milhões de brasileiros, as pesquisas para seu desenvolvimento não param e prometem novidades ilimitadas, com o emprego de fibras ópticas, que possibilitam a ampliação da velocidade e barateamento do uso rede.

Implementada no país nos meados da década de 90, a Internet ainda não alcançou uma abrangência que possa ser classificada como democrática. Na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 2004, o IBGE constatou que apenas 12,2% dos domicílios brasileiros tinham computador com acesso à Internet, o que corresponde a aproximadamente 21,6 milhões de pessoas. Mesmo assim, as pesquisas para o aprimoramento da rede, como as do Projeto Kya Tera, da Unicamp, ou do Projeto Giga, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, de Campinas (SP), só têm avançado e prometem novidades capazes de beneficiar acadêmicos, empresas e o cidadão comum.

Um dos avanços é a perspectiva de, em vez de alugar um DVD numa locadora, o usuário “baixar” o filme pela rede em poucos segundos, sem limitação de disponibilidade na prateleira. Mas isso é pouco quando se tem conhecimento do que está por vir: um médico poderá observar, de qualquer computador, exames com imagens de alta resolução, e agilizar um diagnóstico. Biólogos poderão analisar via Internet as características mais pormenorizadas de uma abelha criada em estufa. Aulas e experimentos poderão ser realizados à distância: um pesquisador de um laboratório da USP poderá controlar, por meio de softwares desenvolvidos para a rede, os instrumentos de um laboratório da Unicamp, e fazer uma videoconferência com todos os envolvidos.

Essas possibilidades já estão sendo desenvolvidas no Projeto Kya Tera, um trabalho cooperativo desenvolvido a partir do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), da Unicamp, para a criação de tecnologias de alto impacto nas áreas de informação e comunicações. Esse projeto é ligado ao TIDIA, programa para o aprimoramento de Tecnologia da Informação no Desenvolvimento de Internet Avançada, financiado pela Fapesp.

Outro trabalho visando o desenvolvimento de Internet rápida é o Projeto Giga, iniciado em janeiro de 2003, coordenado pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), em Campinas, e pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), no Rio de Janeiro. Um de seus primeiros resultados práticos foi a implantação da Rede IPË, usada pela RNP para interligar as principais instituições de ensino e pesquisa do país.

São projetos colaboradores e de certa forma complementares, com objetivos um pouco diferentes. Embora ambos sejam voltados para pesquisa e desenvolvimento (P&D), o Giga visa o desenvolvimento de novas tecnologias e a transferência do conhecimento para empresas brasileiras. Já o Kya Tera atua predominantemente na formação de pessoal, interligando laboratórios para a troca de informações. As duas redes realizam trabalhos conjuntos e o ponto de interligação é o CPqD, de Campinas.

Miriam Regina Xavier de Barros, pesquisadora do CPqD, explica que o Giga está entre as maiores redes experimentais do mundo, com 750 km de extensão. Utilizando fibras ópticas e infra-estrutura de quatro operadoras de telecomunicação, possui linhas específicas para teste de equipamentos, num ambiente semelhante ao que serão utilizados na prática, sem causar impacto negativo para os usuários da rede. O mesmo recurso é oferecido pelo projeto Kya Tera, que em tupi-guarani, significa rede (de pesca) gigantesca. Seus criadores o definem como “o primeiro laboratório geograficamente distribuído do mundo para pesquisas em telecomunicações e aplicações avançadas de Internet”.

Laboratório de apoio da rede, onde são colocados os protótipos em teste

 

O fundamento da evolução para uma Internet mais rápida é a substituição gradativa dos fios de cobre (usados na rede telefônica) por fibras ópticas, que por características físicas detêm muito maior capacidade de transmissão de dados. Tais redes têm sido chamadas de Internet 3 ou 4. Basicamente, as pesquisas consistem em estudar os motivos pelos quais a Internet não é estável, identificar fatores que possam interferir na transmissão da luz pelas fibras ópticas (o que os especialistas chamam de pesquisa básica), a maneira de lidar com esses fatores para intensificar a velocidade de transmissão, e o uso desse conhecimento para o desenvolvimento de novos materiais, equipamentos e aplicações.

Segundo a pesquisadora do CPqD, a banda que o usuário recebe hoje está entre 256 kb/s e 8 Mb/s (tecnologia ADSL, oferecida pelas operadoras de telecomunicação, e tecnologia de cable modem, oferecida pelas provedoras de TV a cabo). Com as novas tecnologias, que permitirão levar a fibra óptica até as dependências do usuário (como a de rede óptica passiva, ainda em desenvolvimento), esta banda pode chegar até centenas de Mb/s. Com as tecnologias de multiplexação de freqüências (CWDM), que consistem na combinação de vários canais ópticos com freqüências diferentes em uma única fibra óptica, a capacidade de transmissão da fibra se multiplica por um fator correspondente ao número de canais. Isso permitirá aumentar a banda disponível hoje em mil vezes.

Além da velocidade, a transmissão por fibra tem também um aspecto econômico. Segundo o gerente de rede do Laboratório de Comunicações Ópticas da Unicamp, ligado ao Kya Tera, Marco Aurélio Quesada Fortes, a tendência é que ela se torne mais barata, até mesmo para o usuário comum, pois acabará com a dependência do limite de largura de banda oferecido pelo prestador de serviços. Em vez de contratar um serviço de 100 megabits ou 1 gigabit por segundo, que devido ao alto custo tornaria inviáveis experiências como a medicina remota, o usuário vai pagar apenas pelo uso da fibra, mais em conta.

Distribuidor Interno Óptico sendo manipulado por Fortes

 

Obviamente, existe um longo caminho a ser trilhado até se alcançar tudo isso. Atualmente, o projeto Giga enfrenta uma lentidão nos desenvolvimentos previstos por conta do atraso na liberação das parcelas por parte do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). E o Kya Tera, já conectado a diversas cidades do interior de São Paulo, ainda não conseguiu chegar à capital do estado, devido ao alto custo das concessões para uso das redes de telecomunicações. A solução para esse entrave seria o estabelecimento de parcerias com empresas detentoras de redes que possam ceder espaço para a passagem das fibras.

Para atrair novos colaboradores, o Kya Tera está com inscrições abertas, até o dia 31 de agosto, para pesquisadores das áreas de redes ópticas interessados em desenvolver tecnologias em colaboração com outros grupos do mundo e testá-las na rede de alta capacidade totalmente dedicada ao projeto, cujas fibras chegam até dentro dos laboratórios. Pesquisadores de ciências experimentais de todas as áreas de conhecimento, que desejem desenvolver web labs a partir dos equipamentos disponíveis na Unicamp podem submeter suas propostas a qualquer tempo. Assim como empresas e centros de P&D interessadas em firmar parceria para desenvolvimento de inovações tecnológicas.