Apoio do parceiro melhora qualidade de vida de pacientes de câncer

Ter um relacionamento estável é um fator positivo na avaliação da qualidade de vida e sexualidade de mulheres que foram portadoras de câncer de mama. Esse dado faz parte da tese de mestrado defendida pela mastologista Priscila Ribeiro Huguet no departamento de Tocoginecologia da Unicamp.

Ter um relacionamento estável é um fator positivo na avaliação da qualidade de vida e sexualidade de mulheres que foram portadoras de câncer de mama. Esse dado faz parte da tese de mestrado defendida pela mastologista Priscila Ribeiro Huguet no departamento de Tocoginecologia da Unicamp. O estudo foi realizado com 110 pacientes do Ambulatório de Oncologia do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher, CAISM, que já tiveram câncer de mama e foram tratadas há mais de um ano. A maioria delas tinha acima de 40 anos.

Além de avaliar aspectos gerais da qualidade de vida a pesquisadora submeteu as pacientes a um questionário elaborado por ela, que avaliou aspectos da intimidade feminina, relacionados a seus desejos e fantasias, bem como a capacidade que elas acreditam que têm de atrair o parceiro. Uma das questões, por exemplo, é sobre uso de decotes ou biquinis, e foi formulada pensando na realidade da mulher brasileira, que se cobre menos que em lugares de clima temperado, onde é feita a maioria dos trabalhos nessa área. As mulheres que sofreram cirurgia de mama sem reconstrução (mastectomia) se importaram menos em usar decotes, o que contrariava as expectativas da pesquisadora. Segundo ela, a média de idade dessas mulheres era mais alta que as que fizeram cirurgia com retirada parcial da mama (quadrantectomia) ou se submeteram a cirurgia de reconstrução da mama , o que fortaleceu a hipótese de que mulheres mais idosas lidam melhor com a mutilação que sofrem.

As mulheres com relacionamentos estáveis apresentaram índices significativos de melhor qualidade de vida sexual, tanto em relação à atratividade quanto à intimidade quando comparadas às mulheres sem parceiros. De acordo com a orientadora do trabalho, Maria Salete Costa Gurgel, ter o apoio do marido faz com que a paciente se sinta mais segura psicologicamente e consiga se relacionar melhor com os outros do que a paciente solteira.

Confirmando a literatura no assunto, mulheres com melhor nível sócioeconômico, maior escolaridade e cirurgia com conservação de mama apresentaram melhor qualidade de vida.

De acordo com a pesquisadora, o trabalho poderá servir de base para outros estudos, “os mastologistas são tecnicamente bons, mas falham em conhecer e entender os sentimentos de adaptação que estas mulheres têm e seus medos”. O câncer de mama é o que mais causa mortes entre as mulheres brasileiras. A previsão do Instituto Nacional do Câncer é que, para 2006, sejam diagnosticados cerca de 49 mil casos publicada no site www.caism.unicamp.br