Eutanásia, aborto e pesquisa com células tronco embrionárias são algumas das questões que envolvem a ciência nos últimos anos. Pesquisar de maneira interdisciplinar esses e outros temas, fazendo um elo com os estudos sobre religião, e incentivar o diálogo com a sociedade como um todo, é o objetivo do Centro Cardeal Arns de Estudos Interdisciplinares da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (CECREI/PUC-SP), inaugurado no último dia 25 de agosto.
Eutanásia, aborto e pesquisa com células tronco embrionárias são algumas das questões que envolvem a ciência nos últimos anos. Pesquisar de maneira interdisciplinar esses e outros temas, fazendo um elo com os estudos sobre religião, e incentivar o diálogo com a sociedade como um todo, é o objetivo do Centro Cardeal Arns de Estudos Interdisciplinares da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (CECREI/PUC-SP), inaugurado no último dia 25 de agosto.
O Centro visa suprir a carência de pesquisas com este recorte no Brasil, porém existentes em várias universidades norte-americanas e européias, onde o assunto é amplamente difundido. A relevância do tema também é demonstrada pelos seminários da Associação Americana para o Progresso da Ciência – AAAS, entidade que congrega 262 centros de pesquisa sobre o assunto e que desde 2001 promove seminários anuais com pesquisadores do mundo todo sobre a temática ciência e religião. O objetivo do CECREI também é funcionar como um fórum de debates para a consolidação de outros grupos de pesquisa, inclusive em outras instituições, promovendo um intercâmbio de professores e estudantes de instituições nacionais e estrangeiras, além de fomentar a realização e participação em palestras e congressos.
Para o físico e teólogo Eduardo Rodrigues da Cruz, diretor do CECREI, a idéia de estabelecer um diálogo entre ciência e religião está ancorada em semelhanças entre as duas áreas: “Embora Ciência e religião tenham metodologias distintas, a diferença não significa incompatibilidade, porque teologia é um estudo racional da religião, baseado em fontes empíricas que utilizam, muitas vezes, a própria ciência na fundamentação de suas hipóteses”, diz
Este diálogo será viabilizado por meio de três linhas de estudo sobre a religião no mundo moderno: Religião e Ciências Naturais; Bioética; Economia, Globalização e Gerenciamento Empresarial. Trata-se de um recorte temático que engloba grandes polêmicas atuais e abre espaço para várias pesquisas. “Vamos acentuar novas possibilidades de pesquisa que podem surgir no Brasil, pela indução de certos temas e da colaboração de pesquisadores e grupos que antes pouco se comunicavam”, diz Eduardo Cruz.
A importância da interdisciplinaridade e de um olhar crítico sobre ciência e religião para o desenvolvimento de estudos científicos sobre o tema também é reconhecida por outros pesquisadores que estiveram presentes na inauguração do Centro: “A emergência do sagrado com toda a sua força na segunda metade do século XX e início do século XXI vem despertando a comunidade científica brasileira para a compreensão deste fenômeno, a semelhança do que ocorre na Europa e Estados Unidos”, diz o professor Antônio Máspoli de Araújo, coordenador de pós graduação em Ciência da Religião da Universidade Mackenzie.“Essa iniciativa vem ocupar um espaço necessário para o aprofundamento dos estudos na área de ciência e religião, porque produção científica neste sentido ainda é rarefeita no Brasil, se comparada com outros países”, conclui.