Em 2005, o setor de serviços gerou, só na Região Metropolitana de São Paulo, 138 mil vagas, ao passo que a indústria abriu 83 mil e o comércio 34 mil postos de trabalho, segundo indicadores da Pesquisa de Emprego e Desemprego feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do papel importante para o crescimento de 3,2% do nível ocupacional no ano passado (taxa semelhante aos 3,3% de 2004), um estudo da Unicamp mostra que os trabalhos criados no setor de serviços são precários e têm como característica a fragilidade de luta dos trabalhadores.
Em 2005, o setor de serviços gerou, só na Região Metropolitana de São Paulo, 138 mil vagas, ao passo que a indústria abriu 83 mil e o comércio 34 mil postos de trabalho, segundo indicadores da Pesquisa de Emprego e Desemprego feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do papel importante para o crescimento de 3,2% do nível ocupacional no ano passado (taxa semelhante aos 3,3% de 2004), um estudo da Unicamp mostra que os trabalhos criados no setor de serviços são precários e têm como característica a fragilidade de luta dos trabalhadores.
Em um cenário de rápidas inovações tecnológicas, privatizações, terceirizações e subcontratações, o setor terciário mudou de perfil nos anos 1990. Não apenas deixou a indústria atrás na geração de empregos, mas também adquiriu complexidade. Nas telecomunicações, por exemplo, cresceram empresas de telemarketing, serviços de telefonia móvel e internet. Apesar disso, entre 1997 e 2003, o número de trabalhadores no setor de telecomunicações caiu de 21 mil para menos de 7 mil no estado de São Paulo. Em sentido contrário, após 1998, o emprego em telemarketing passou a crescer a uma taxa de 20% ao ano.
No setor financeiro, também houve a expansão de diversas empresas (financeiras, cooperativas de crédito, previdência complementar, seguros) e, com o desenvolvimento do tele-atendimento, as atividades das agências bancárias foram transferidas para lotéricas, correios e supermercados. Entre o início da década de 1990 e 2003, em âmbito nacional, os empregos no sistema bancário caíram de 890 mil para 400 mil. Entretanto, a queda do número de empregos no conjunto do sistema financeiro foi menos significativa: entre 1992 e 2001, o setor financeiro (incluindo atividades não bancárias), que empregava 215,9 mil na Grande São Paulo, passou a contar com 203 mil trabalhadores.
Os professores do Instituto de Economia da Unicamp José Dari Krein e José Ricardo Gonçalves destacam a combinação de setores tradicionais – que foram atingidos por processos de reestruturação (telefônicos e bancários) – e de novos segmentos – resultantes de terceirizações, de estratégias empresariais, da crise econômica e da informalidade (telemarketing, sistema financeiro não bancário, vigilantes, funcionários de shopping centers) – como um dos pontos-chave para se entender as mudanças das relações de trabalho nos serviços e no comércio.
Desenvolvido em parceria entre o Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp e o Dieese desde 2003, o projeto “Mercado de Trabalho e Modernização do Setor Terciário Brasileiro” comprova as grandes diferenças nos perfis dos trabalhadores. “Apesar de perdas sofridas pelos trabalhadores da Telefônica, os terceirizados têm uma contratação pior em todos os aspectos constantes nos contratos coletivos”, ilustra Krein.
A heterogeneidade dos contratos explicaria a crescente fragilidade das lutas sindicais. “Há um comprometimento da identificação social e uma pulverização das negociações (sindicatos diferentes disputando a base) e estes fatores levam à fragilização da ação coletiva no setor”, explica o pesquisador. Constatou-se crescimento no número de sindicatos, em decorrência de terceirizações, mas ocorreu uma queda nas greves na maioria dos segmentos analisados. Em função dos altos índices de desemprego e insegurança crescente, os trabalhadores também adotaram uma posição mais defensiva, segundo a pesquisa.
Para o professor Krein, os dados levantados evidenciam “a importância da regulação pública, especialmente em assegurar na legislação direitos que garantam um patamar de civilidade no mercado de trabalho”.