Casos de gripe aviária em outros países trazem prejuízos para o RS

O Rio Grande do Sul, segundo maior exportador de aves do Brasil, criou um Comitê para o Enfrentamento da Pandemia de Influenza Aviária (Gripe do Frango). O diagnóstico da doença em outros países já afeta a economia da região: a produção da indústria avícola teve uma diminuição de 10 a 15%, segundo a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).

O Rio Grande do Sul está se mobilizando para combater a ameaça da gripe aviária, doença causada pelo vírus H5N1. No estado, foi criado o Comitê para o Enfrentamento da Pandemia de Influenza Aviária, que tem como um de seus objetivos elaborar um plano de combate à doença. O estado é o segundo maior exportador de aves do Brasil, e o diagnóstico da gripe aviária em outros continentes já causa reflexos na economia da região.

Para Carlos Salle, professor da faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a ameaça da doença não afeta só a indústria, mas toda a população: “devemos levar em conta que a proteína de origem avícola está acessível ao bolso das camadas mais carentes da população brasileira e sua produção viabiliza o minifúndio, diminuindo o êxodo rural e o engrossamento dos cinturões de miséria em volta dos centros urbanos.”, afirma.

“A situação está propícia para a pandemia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) está estimulando os países a se prepararem. O Comitê criado no Rio Grande do Sul é intersetorial: inclui as secretarias de saúde e agricultura, faculdades de Medicina e Medicina Veterinária, além da Defesa Civil”, conta a médica Marilina Bercini, do núcleo de doenças de transmissão respiratória da Vigilância Epidemiológica do Rio Grande do Sul. O Comitê intensificará as medidas de vigilância nas fronteiras, portos e aeroportos, além de coordenar, acompanhar e avaliar as ações técnicas e de mobilização social em todo o Estado. Ele será composto por uma coordenação executiva e por quatro subcomitês: vigilância em saúde e assistência, saúde animal e ambiental, laboratório e comunicação social e educação em saúde.

O diagnóstico da doença em países da Ásia e Europa já fez a produção da indústria avícola gaúcha ter uma diminuição de 10 a 15%, segundo a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). Salle, da UFRGS, ressalta que os países importadores não devem temer a carne que vem do Brasil, porque o processo de criação e comercialização de aves é bastante diferente daquele dos países asiáticos, onde foram encontrados casos da gripe aviária. “Aqui, ao contrário de lá, as aves industriais, frangos de corte e poedeiras comerciais são criados com o menor contato possível com os seres humanos, e a população brasileira adquire o produto já industrializado e não in natura. A carne de frango e os ovos são submetidos à inspeção veterinária federal, estadual e municipal antes de serem oferecidos ao mercado”, explica o professor da UFRGS.

Vacina O Instituto Butantan, em São Paulo, já começou as pesquisas para produzir as vacinas contra o vírus H5N1. Até o final do ano, a estimativa é que o país conte com 20 mil doses. Entre julho e agosto, ela começará a ser testada em humanos.

Os sintomas da gripe aviária são: mal-estar, tosse, garganta inflamada e febre. O vírus é mortal para as aves. Até agora, foram registrados casos de contaminação entre animais e de animais para humanos, mas ainda não foi diagnosticada nenhuma mutação do vírus que permita sua transmissão entre humanos. Segundo a OMS, 184 pessoas já foram contaminadas pela doença desde 2003, sendo que 103 dessas morreram.