Vacina para a arteriosclerose cada vez mais próxima

O anúncio de que falta pouco para se chegar aos testes clínicos da vacina contra arteriosclerose foi feito durante a abertura do IV Encontro Anual da Rede Européia de Genômica Vascular, realizada na Universidade de Bristol, na Inglaterra, de 17 a 20 de setembro. O evento reuniu mais de 400 cientistas para discutir o que há de mais atual na medicina vascular.

A arteriosclerose, uma das principais causa de morte no mundo ocidental, pode deixar de ser uma ameaça tão terrível em breve: uma vacina contra a doença está próxima de ser encaminhada para os testes clínicos. O anúncio foi feito durante a abertura do IV Encontro Anual da Rede Européia de Genômica Vascular (EVGN), realizada na Universidade de Bristol, na Inglaterra, de 17 a 20 de setembro. O evento reuniu mais de 400 cientistas para quatro dias de fóruns, debates e palestras sobre o que há de mais atual na medicina vascular.

A promessa de uma vacina contra a arteriosclerose traria esperança para milhões de pessoas que sofrem com a doença em todo o mundo. Segundo dados da EVGN, as doenças cardiovasculares são responsáveis por aproximadamente 12 milhões de mortes por ano no mundo inteiro. Só na Europa, são responsáveis por mais de 50% da mortalidade das pessoas com mais de 65 anos, sendo 80% desse total causado pela arteriosclerose. “Hoje, nós sabemos que a arteriosclerose é uma doença inflamatória com um desenvolvimento sistêmico e também genético”, declarou o professor Goran K. Hansson do Centro de Medicina Molecular do Karolinska Hospital, em Estocolmo, na Suécia. O pesquisador afirmou que o desenvolvimento de uma vacina contra a doença está muito próximo: “Estamos a apenas alguns passos de testar a vacina com humanos”.

De acordo com o pesquisador, ainda há três fatores a serem resolvidos: primeiro, é preciso encontrar o antígeno correto para a imunização, ou seja, uma partícula ou molécula capaz de iniciar a produção de um anticorpo específico – um bom candidato é a partícula Lipoproteína de Baixa Densidade (LDL, na sigla em inglês), também conhecida como mau colesterol; depois, é preciso esclarecer o mecanismo de ação, ou seja, decidir se a vacina reduzirá a má circulação de lipoproteínas ou irá agir sobre as células que criam a inflamação nas artérias; e por fim, é preciso identificar a via de administração da vacina (se oral, intradérmica, subcutânea ou intramuscular). “Quando respondermos esses três questionamentos, nós chegaremos à vacina”, afirma Hansson.

Arteriosclerose

A arteriosclerose é causada por inflamação e acúmulo de gordura na parede da artéria, o que resulta na formação de uma placa que reduz sua espessura, comprometendo a passagem do sangue e prejudicando a circulação e a conseqüente irrigação dos órgãos. Ela é uma doença sistêmica, ou seja, acomete simultaneamente diversas artérias, e pode levar a enfartes, derrames ou gangrena – se a obstrução ocorrer nas artérias do coração, do pescoço ou das pernas, respectivamente. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), no país, a arteriosclerose é responsável por 95% das doenças cardiovasculares e 75% dos acidentes vasculares cerebrais, conhecidos como derrames.

Um dos grandes perigos é que a doença se desenvolve progressiva e silenciosamente, ou seja, os primeiros sintomas geralmente são sentidos quando as artérias já estão com cerca de 75% de obstrução – por isso é elevado o número de mortes antes da doença ser diagnosticada. Ela se manifesta em 10% da população acima de 50 anos, em sua maioria homens. Além do fator genético, o sedentarismo, tabagismo, hipertensão, diabetes, colesterol alto e obesidade são considerados fatores de risco para desenvolver a doença, por isso recomenda-se alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e não fumar para diminuir o risco de aparecimento da doença.