Mini-hidrelétricas levam luz a lugares longínquos

Um projeto de mini-hidrelétrica que está sendo desenvolvido por cientistas da Universidade de Brasília (UnB) e pode ajudar a levar luz aos confins do Brasil. Mesmo estando entre os países que possuem boas condições naturais para a produção de energia elétrica, a falta de energia é um problema para muitas regiões brasileiras.

O Brasil está entre os países que possuem boas condições naturais para a produção de energia elétrica, no entanto, a falta de energia é um problema para muitas regiões. Em muitos casos, como ocorre em algumas áreas rurais ou florestais, a ausência de infra-estrutura adequada para receber a eletricidade é o principal problema. Um projeto de mini-hidrelétrica que está sendo desenvolvido por cientistas da Universidade de Brasília (UnB) pode ajudar a levar luz aos confins do Brasil.

Desenvolvida por professores e alunos do Departamento de Engenharia Mecânica, a mini-hidrelétrica é composta de uma turbina que é ancorada na margem de um rio. Segundo o coordenador do projeto, o engenheiro e professor da UnB, Antônio Manoel Dias Henrique, o equipamento é simples e a instalação é rápida. “Não é necessário fazer barragem e por isso não é preciso nenhum tipo de obra”, diz. Henrique ressalta ainda que não existe impacto ambiental, já que a máquina dispensa as inundações.

De acordo com Henrique, o rio onde a turbina será instalada precisa ter alguns pré-requisitos: profundidade mínima de um metro e velocidade mínima de um metro por segundo. Assim, a turbina pode utilizar a energia cinética da água para produzir eletricidade. O processo é parecido com o de uma hidrelétrica de grande porte, só que em escala bem menor. Para se ter uma idéia, a energia gerada pode abastecer de duas a três casas de padrão urbano por mês.

A idéia da mini-hidrelétrica surgiu em 1993 por solicitação de um médico francês radicado no Brasil. Edgard Van den Beusch mudou-se para Correntina, no interior da Bahia, e começou a fazer atendimentos em um posto médico que não tinha energia elétrica. Beusch procurou a UnB e pediu uma solução para o problema.

Em 1995, foi instalado o primeiro protótipo para atender o posto médico. O projeto deu certo e outras turbinas foram colocadas em locais próximos. Até 2001, o empreendimento funcionava em caráter experimental, mas após a ameaça de apagão apareceram muitos interessados no projeto e a situação mudou. A Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) financiou um estudo de aperfeiçoamento da máquina e formou uma equipe para fazer a prospecção comercial da turbina.

Há dois anos surgiu a idéia da empresa Hidrocinética Engenharia (ligada à incubadora de empresas sa UnB) que vai produzir e comercializar as turbinas. De acordo com Henrique, o preço das máquinas pode variar entre R$ 7 mil e R$ 15 mil, dependendo da potência. “A idéia é vender para prefeituras de pequenos municípios e comunidades. Pode ser caro para uma pessoa, mas não para uma prefeitura”, diz. Além disso, mesmo que o investimento inicial seja alto, é vantajoso em longo prazo porque não haverá conta de energia para pagar todo mês.

A patente da tecnologia criada pertence à UnB e parte do dinheiro que será arrecadado com a comercialização das turbinas será repassado para a instituição, como pagamento de royalties. A manutenção do equipamento pode ser feita por qualquer pessoa, segundo Henrique, então o custo de manutenção é baixíssimo. “A máquina é bastante robusta, dificilmente quebra”, afirma.

A Eletronorte também interessou-se pelo projeto e financia um protótipo para implantação nos rios da Amazônia. “Mesmo quando não há condições para fixar a turbina na margem, é possível colocá-la em balsas. Poderemos fazer isso nos rios da Amazônia”, diz Henrique.