O estado de São Paulo contará, a partir de dezembro, com um mapa de suas reservas subterrâneas. Através de uma parceria entre o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Instituto Geológico (IG) e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o Mapa dos Aqüíferos Paulistas, que visa apontar áreas para uma exploração mais racional e segura das águas subterrâneas do estado, já está em fase de edição e terá versão impressa e em CD-ROM. A tiragem inicial será de seis mil cópias com distribuição gratuita para os comitês de bacias hidrográficas, órgãos públicos e instituições de ensino e pesquisa.
O mapeamento é importante visto que várias cidades do estado de São Paulo estão localizadas sobre o aqüífero Guarani, um dos maiores do mundo. Segundo uma pesquisa da Embrapa, é no estado que esse aqüífero corre maior risco de contaminação. Em vários municípios paulistas, a reserva é utilizada preferencialmente para abastecimento público.
Hidrossolidariedade
A cidade de São Carlos é uma das áreas de maior vulnerabilidade do Guarani, devido à sua natureza de recarga do sistema: ela está localizada diretamente acima do aqüífero, podendo contaminar facilmente suas águas, devido, entre outros fatores, à ocupação urbana desordenada, queimadas e ao uso de agrotóxicos. Para gerenciar as águas do Guarani e conscientizar a população sobre seu uso sustentável, é realizado, no município, o projeto Guarani Hidrossolidariedade.
O projeto é coordenado pelo Núcleo Integrado de Bacias Hidrográficas (NIBH), do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia da USP de São Carlos (EESC) e pela Associação Civil TEIA – Casa de Criação, uma organização não-governamental local. A iniciativa foi reconhecida pela Organização dos Estados Americanos (OEA), em dezembro de 2004, através do Fundo da Cidadania que visa à divulgação e educação ambiental do uso racional da água.
“Hidrossolidariedade reúne as obrigações solidárias do Novo Código Civil Brasileiro e a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal 9.433/97), em torno da área denominada bacia hidrográfica, que é a unidade, por lei, para o planejamento e gestão dos recursos hídricos”, explica Eduardo Mario Mendiondo, coordenador do NIBH.
O objetivo do projeto é criar uma rede de informação e uma base de dados sobre o sistema hídrico. De acordo com Mendiondo, as atividades do NIBH são o monitoramento em bacias experimentais; e propostas de gerenciamento in loco através de pesquisas, artigos científicos, palestras e mini-cursos, incluindo material didático.
Os coordenadores também desenvolvem um processo de educação ambiental em algumas escolas públicas da cidade, para capacitar professores e outros cidadãos sobre a importância do aqüífero e sua preservação através de técnicas de reaproveitamento e reuso da água. Eles também elaboram materiais didáticos (maquetes) e informativos (folders, site na Internet) divulgando o papel do aqüífero na região, além de realizar fóruns e palestras. A idéia é incentivar o uso racional da água do Guarani, fomentando a participação da população na criação de associações de usuários de bacias.
O treinamento de agentes comunitários para a formação de novas associações acontecerá ainda este ano. “O curso terá três etapas: a conscientização do uso racional da água, do custo ambiental de seu desperdício e de sua má utilização. As turmas terão entre 40 e 50 participantes”, conta o educador Carlos César Mascio, coordenador do curso e associado da ONG Teia.